LADY-LUTHOR -KARLENA

CAPÍTULO DEZESSETE

Quando ela sai da sala,é como se uma tempestade tivesse passado no céu para provocar caos em outro lugar... no corredor, talvez. Kara suspira aliviada, grata por sua patroa ter saído. Escuta sua voz grave,mas melodiosa, falando ao telefone. Talvez ela nunca tenha prestado tanto atenção em outra pessoa.

Precisa parar de pensar em sua patroa e se concentrar na faxina! Termina de espanar o piano, mas não consegue se livrar da sensação estranha de que ela a observava durante a faxina.

NÃO É POSSÍVEL.
POR QUE ELA ESTARIA ME OBSERVANDO?

Talvez estivesse avaliando suas habilidades de faxineira tal como a Sra.Grant.  kara sorri diante da ideia boba e percebe que está bem mais aquecida do que quando chegou. Não sabe se o calor vem do cômodo ou de dentro dela.

Enquanto ela não está na sala, Kara aproveita a oportunidade para correr e pegar o aspirador de pó. A Lady está no fim do corredor, apoiada contra a parede, suas pernas compridas em destaque enquanto bate o pé no chão, agitada. Ela fala baixo, mas a observa entrar na cozinha. Kara leva o aspirador até a sala e a encontra de novo à escrivaninha, ainda falando no celular. Ela fica de pé ao vê-la.

— Só um minuto Jack. Pode continuar. — diz para ela, e acena na direção da sala,dando permissão a Kara para passar o aspirador enquanto sai de novo dali.

Ela abriu o sobretudo. Por baixo, ela vê uma blusa de cetim vermelha,e está de saia preta. Ela cora ao notar os seios um pouco exposto pela blusa. Ouve a voz da mãe em sua mente, lhe dando uma bronca com aquele seu tom de voz particular. Kara! O que está fazendo?

ESTOU ADMIRANDO UMA MULHER,MAMÃE.
UMA MULHER QUE ACHO BONITA.
UMA MULHER QUE DEIXA MEU SANGUE MAIS QUENTE.

Ela imagina a expressão escandalizada da mãe, e isso a faz sorri.
AH,MAMÃE, É TÃO DIFERENTE AQUI NA INGLATERRA. HOMENS. MULHERES. COMO SE COMPORTAM. AS INTERAÇÕES.

A mente de kara vai para um lugar mais  sombrio. Para ele.

NÃO. NÃO PENSE NAQUELE MONSTRO.

Ela está segura agora,ali em Londres com a Lady. E precisa se concentrar em manter o emprego.

Quinze minutos depois, kara termina. A Lady não está no corredor quando ela devolve o aspirador no armário da lavanderia e entra na cozinha.

— Oi.— Diz a Lady, entrando na cozinha também.
— Preciso sair. Seu dinheiro está na mesinha do hall. Pode trancar tudo e ligar o alarme?

Ela assente,tão impressionada com o sorriso amplo dela que se obriga a olhar para o chão. Dentro dela, porém, uma alegria desabrocha feito uma flor por Lady estar saindo e ela poder finalmente tocar piano.

Ela hesita por um instante antes de lhe estender um grande guarda-chuva preto.

— Fique à vontade para usar isso. Ainda está chovendo canivete lá fora.
CANIVETE?

Kara fica chocada. Olha depressa para o rosto da patroa, e seu coração acelera diante do sorriso caloroso e da generosidade. Ela aceita o guarda-chuva.

— Obrigada. — Sussurra
— De nada. Até quarta, Kara.— Diz a Lady, deixando-a na cozinha.

Alguns instantes depois, ela ouve a porta da frente se fechar. Impressionada com o gesto da Lady, ela observa o guarda-chuva. É bem do que ela precisava. E então ela vai até a sala e se senta diante do piano. Apoia o guarda-chuva na extremidade do teclado e, em homenagem ao clima horroroso, começa a tocar o Prelúdio "GOTA D'ÁGUA ", de Chopin.

LENA POV

Eu me deleito com a lembrança do sussurro de Kara: " Obrigada ". Estou ridiculamente satisfeita comigo mesma. Pude enfim ajudá-la, com aquele gesto simples. Não estou acostumada com boas ações, embora seja grande a probabilidade de minha gentileza ser movida por segundas intenções, as quais não quero analisar muito afundo agora, já que podem confirmar que sou a  babaca superficial que acho que sou. Ainda sim estou satisfeita com o gesto, e essa é uma sensação nova.

Com energia renovada,passo pelo elevador até o térreo. Não quero sair, mas tenho uma reunião com Jack e os funcionários da construtora da obra em Mayfair.
Do lado de fora,desvio das gotas de chuva e chamo um táxi.

— Acho que a reunião correu bem. — disse Jack.
Assinto enquanto atravessamos o saguão novo de calcário de um dos edifícios reformados. A poeira no ar faz minha garganta arder. Preciso beber alguma coisa.

— Você leva jeito para isso,  Luthor. Acho que a construtora gostou das suas sugestões.

— Lena. Por favor, use meu nome, Jack. Você usava antes.

— Está certo, Lady.
— Puta merda.
— Lena.
Jack me lança um breve sorriso.

— Vamos precisar de um designer de interiores para adquirir tudo para o apartamento-modelo, provavelmente no mês que vem. Criei uma lista com três profissionais que Lex costumava usar.

— Samantha pode ser uma boa ideia.— arrisco
— Ah,é ?
— Minha mãe que sugeriu.
Jack se retesa.
Ah,é ? O que Jack tem contra Samantha? Ou será que foi a menção a Lillian que o fez se retesar ? Ela costuma causar esse efeito nas pessoas.

— Vou falar com ela, mas me mande o nome dos outros e o portfólio deles.—digo.
Jack faz que sim.

— Até amanhã. — diz ele,e empurra a porta frágil entre os painéis de madeira que ocultam a fachada do prédio.

Dando a volta no piano de cauda, penso em kara debruçada sobre ele enquanto polia a madeira até deixá-la lustrosa. Está brilhando. Quem poderia imaginar que eu ficaria tão atraída por uma mulher vestindo um uniforme horroroso e uma calcinha cor-de-rosa imensa?

Como ela pode ter se infiltrado em meus pensamentos em tão pouco tempo?
Não sei nada sobre ela,só que é diferente de todas as mulheres que já conheci. As que fazem parte da minha vida são ousadas,seguras,sabem o que querem e como conseguir. Ela não é assim. Acanhada e totalmente concentrada no trabalho, kara parece ter medo de falar comigo.... quase como se  quisesse ser invisível.

Ela me intriga. Sua aceitação tímida do guarda-chuva me vem à mente e me faz sorrir. Ficou tão surpresa e grata, e eu me pergunto como deve ser sua vida, se um gesto tão simples significou tanto para ela.

Sento-me ao piano e leio meu rascunho, recordando a expressão dela enquanto observava minha composição. Talvez saiba ler música. Vai ver até toca. Fico curiosa para saber o que achou, mas percebo que só estou especulando. Minha única certeza agora é o desejo sofrido que vem do meio das minhas pernas.

FODA-SE. SAIA DE CASA E TREPE COM ALGUÉM.

Mas eu fico diante do piano, tocando uma música atrás da outra.

★ Amanhã voltarei com mais capítulos. Bjinhos ★💋💋💋💋🦁