CAPÍTULO VINTE UM

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Kara corre para o ponto de ônibus, sem saber por que está correndo ou de quem. Como pôde ter sido tão estúpida a ponto de ser flagrada? Lena  disse não se importava que ela tocasse piano, mas será que deve acreditar nela? Pode estar ligando para a amiga de Nia-Nal naquele exato momento para demiti-la! Confusa e com o coração acelerado, senta-se no banco para esperar o ônibus para a estação Queenstown Road. Não tem certeza se o coração está acelerado por causa da corrida enlouquecida ao longo do Chelsea Embankment ou pelo que aconteceu no apartamento da Lady.

  Toca o lábio inferior com as pontas dos dedos. Fechando os olhos, recorda o choque delicioso que sentiu quando Lena a tocou. Seu coração acelera mais uma vez, deixando-a ofegante.

ELA A TOCOU.

Como faz em seus sonhos.
Como faz em sua imaginação.
Tão gentil.
  E suave.
  Não é isso que ela quer?
  Talvez ela goste dela...
   Fica sem ar uma vez mais.
   Não. Ela não pode pensar assim.
  
   É IMPOSSÍVEL.

  Como ela poderia gostar dela? Ela não passa de uma faxineira.
  Mas ela a ajudou a vestir o casaco. Ninguém nunca havia feito isso. Kara olha os próprios pés.
   ZOT!

Percebe que deixou as botas no apartamento. Será que devia voltar para buscá-las? Ela não tem nenhum outro calçado além do que está usando e das botas,um dos poucos bens  que trouxe de casa.

 
  Mas não pode voltar tem outra pessoa na casa. Se a irritou por ter tocado piano,a Lady certamente vai ficar ainda mais brava se ela a interromper. Kara vê o ônibus ao longe e decide recuperar as botas na sexta-feira, se ainda tiver o emprego.
  Roça os dentes no lábio superior. Ela precisa daquele trabalho. Se for demitida, Nia pode colocá-la na rua.

NÃO, NIA É SUA AMIGA NÃO FARIA ISSO COM ELA OU FARIA??

Nia não seria tão cruel,e a kara ainda tem as casas da Sra.kingsbury e da Sra.Goode para limpar,embora nenhuma tenha um piano. No entanto, não é só do piano que kara precisa. Ela precisa de dinheiro. Nia-Nal e o filho vão emigrar em breve para o Canadá. Vão se juntar ao noivo de Nia-Nal. Kara vai ter que encontrar outro lugar para morar. Nia cobra dela  cem libras por semana pelo quarto minúsculo e, pela pesquisa que fez no computador de Nia-Nal, sabe que o valor é uma pechincha. Encontrar outro lugar para morar em Londres por tão pouco será um desafio.

Kara tem  um conhecimento limitado do mundo tecnológico, já que seu pai era muito rígido em relação ao uso do velho computador de casa. Mas Nia-Nal não é, ela é generosa com seu tempo e seu computador. Ela está em todas as redes sociais:Facebook, Instagram, tumblr, snapchat; adora todas. Kara sorri pensando na selfie que nia tirou delas  juntas. Ela gosta de tirar selfies.

O ônibus chega e, ainda se sentindo zonza pelo toque da Lady, kara embarca.




LENA POV

__ Bem, esse é um resumo de toda a equipe. Ficam faltando as informações da diarista para colocá-la na folha de pagamento. — Diz Jack.
Estamos sentados diante da pequena mesa de jantar que tenho na sala,e eu esperava que nossa reunião já estivesse encerrada.

__ Agora eu tenho uma proposta para a Senhorita. — Acrescenta ele.

__ Qual?

__ Acho que seria melhor fazer uma visita cuidadosa e inspecionar as duas propriedades que estão sob seu controle direto. Poderemos ir a Tyok quando o inquilino desocupar.

__ Jack, eu morei nessas propriedades em vários momentos da minha vida. Por que preciso inspecioná-las?

__ Por que agora você é a chefa, Lena. Isso vai mostrar aos funcionários que se importa e está comprometida com eles e com a longevidade das propriedades.

O quê? Minha mãe comeria meu fígado se eu sentisse qualquer coisa menos do que isso. Para ela, o título, a linhagem e a família sempre foram tudo. O que é irônico, considerando que ela jogou tudo para o alto. Mas não antes de passar para Lex a paixão pela história e pelo legado da família. Ela o ensinou muito bem. Ele sabia quais eram seus deveres. E, como o  homem bom que era,fez jus ao desafio.
Assim como Lyra, que também conhece nossa história.
Eu nem tanto.
Lyra aprendeu por osmose. Era uma criança curiosa.
Eu estava sempre muito distraída, perdida no meu mundinho.

__ É claro que estou comprometida com os funcionários e as propriedades. — resmungo.

__ Mas eles não sabem disso, senhorita Luthor. — diz Jack, calmamente.

__ E ..... bem, seu comportamento da última vez em que esteve lá.... — A voz dele falha.

Sei que está se referindo à noite antes do funeral, quando bebi boa parte da adega que Lex mantinha. Eu estava com raiva. Sabia o que a morte dele significava para mim. E não queria a responsabilidade.

E estava em choque.
Com saudades dele.
Ainda sinto saudades dele.

__ Eu estava de luto,porra. — reclamo, na defensiva.

__ Ainda estou. Eu não pedi por nada disso.

Não estou preparada para essa obrigação enorme.
Por que meus pais não previram isso?
Minha mãe nunca me fez sentir como se eu pudesse ser boa em alguma coisa. Sempre se concentrou no meu irmão. Tolerava as duas filhas mais novas. Nos amava, até, à sua maneira.

Mas adorava apenas Lex.
Todo mundo adorava Lex. Meu irmão mais velho,cabelo negros igual o meu,de olhos azuis, inteligente, confiante e exagerado.

O herdeiro.
Jack ergue as mãos em um gesto conciliador.

__ Eu sei. Eu sei. Mas você tem algumas portas para abrir.

__ Bem,talvez a gente possa marcar a viagem para as próximas semanas.

__ O quanto antes melhor.

Não quero sair de Londres. Fiz um pequeno progresso com kara e a ideia de não vê-la por alguns dias é... desagradável.

__ Quando, então? — disparo.

__ Não tem momento melhor do que o presente.

__ Você está brincando.

Jack faz que não com a cabeça.
Porra.

__ Vou pensar um pouco. — resmungo, e sei que estou emburrada feito uma criança mimada.

SOU A PRÓPRIA DEFINIÇÃO DE CRIANÇA MIMADA.

Os dias em que eu podia fazer o que quisesse se foram.
Mas eu não devia descontar minha raiva em Jack.

__ Tudo bem. Liberei minha agenda para os próximos dias para ir com você.
Ah,que ótimo.

__Está bem.— Murmuro.

__ Amanhã, então.

__ Claro.  Por que não? Vamos fazer um progresso real. — digo, cerrando os dentes.

__ Lena,sei que é muita coisa para assimilar, mas ter seus funcionários motivados vai fazer uma diferença enorme. Eles só conhecem um lado seu. — Faz uma pausa, e sei que está se referindo à minha reputação nada imaculada.

__ Conversar com os administradores das propriedades no território deles já vai ter um significado imenso. A reunião que vocês tiveram na semana passada foi muito curta.

__ Está bem,está bem, você me convenceu. Eu já concordei, não foi?

Sei que estou sendo petulante, mas porque, no fundo não quero ir.
Bem, não quero ir e deixar kara.
Minha diarista.

LADY-LUTHOR -KARLENA Onde histórias criam vida. Descubra agora