CAPÍTULO QUATORZE

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É com ansiedade que kara destranca a porta do apartamento com piano. Ela fica desapontada ao ser recebida pelo silêncio do alarme, o que significa que a Lady de olhos verdes que a deixa atordoada está em casa. Ela invadiu seus sonhos desde que ela a viu esparramada e nua na cama. No fim de semana, em momentos tranquilos, ela só conseguia pensar nela. Não entende por quê, mas talvez seja por causa do olhar breve e penetrante que ela lhe lançou no corredor, ou porque é bonita, alta e com o corpo toda em forma, e aquele traseiro que dá inveja.
PARE!
Seus pensamentos estão rebeldes e descontrolados.
Ela tira as botas e as meias molhadas em silêncio, então atravessa o corredor descalça até a cozinha. A bancada está cheia de garrafas de cerveja e caixas de comida de restaurante, mas kara se esconde na segurança da lavanderia. Coloca as botas e as meias em cima do radiador, na esperança de que sequem antes dela ir embora.

Tirando o gorro e as luvas molhadas,ela os pendura no gancho ao lado do boiler, então tira a parca que Nia-Nal lhe deu. Pendura-a no mesmo gancho e franze a testa ao ver a água pingando no azulejo. Sua calça jeans também está encharcada por causa do temporal. Ela treme de frio ao tirá-la e veste o uniforme, grata  pelo saco plástico que o manteve seco. A barra bate baixo dos joelhos, portanto não fica indecente sem a  calça jeans. Dá uma espiada na cozinha e verifica que ela não está lá. Ainda deve está dormindo. Então ela enfia a calça molhada na secadora e liga a máquina. Pelo menos vai estar seca na hora de voltar para casa.

Ela pega uma toalha seca na pilha de roupas limpas e esfrega com força os pés vermelho por causa do frio,massageando os dedos para tentar reanimá-los. Quando voltam a ficar aquecidos, ela calça os tênis.

— Kara?
Zot!
A Lady acordou! O que ela quer?
Com a rapidez que seus dedos gelados permitem, ela pega o lenço no saco plástico e amarra em torno da cabeça,ciente de que seu cabelo trançado também está molhado. Inspira fundo, ela sai da lavanderia e a encontra de pé na cozinha. Passa os braços ao redor do corpo para se aquecer.

— Oi.— Diz ela com um sorriso.
Kara olha para ela. Seu sorriso é radiante, ilumina o rosto bonito e os olhos cor de esmeralda. Ela desvia o olhar, atordoada pela beleza e constrangida pelo rubor em seu rosto.
Mas é verdade que se sente um pouco mais aquecida.
Ela ficou tão brava da última vez que a viu... O que causou essa mudança de atitude?

— kara?— repete.

— Sim Lady. — responde ela,mantendo os olhos baixos.
Pelo menos dessa vez ela está vestida.

— Eu só queria dizer oi.
Ela volta a olhar para ela,mas não entende o que quer. Seu sorriso é discreto, e a testa está franzida.

— Oi.— Diz, sem saber o que é esperado dela.
Ela acena com a cabeça e troca o peso do corpo de um pé para o outro, hesitante. Ela acha que a Lady vai dizer mais alguma coisa, mas ela dá meia-volta e sai da cozinha.


☆ LENA POV☆

Como sou imbecil! Só consegui pensar nessa garota o fim de semana todo, e o melhor que consigo falar é  " EU SÓ QUERIA DIZER OI"?
Qual o meu problema, porra?
Volto para o quarto e vejo pegadas molhadas no corredor.
ELA ANDOU DESCALÇA NA CHUVA? CLARO QUE NAO !

Meu quarto está escuro, e a vista do Tâmisa é monótona e nada inspiradora. A chuva lá fora é torrencial. Batia com força na janela está manhã, e o barulho me acordou. Ela deve ter andado debaixo dessa tempestade. Mas uma vez,eu me pergunto onde ela mora e se vem de longe. Tinha a esperança de conversar com ela mais cedo para conseguir esses detalhes, mas sei que não a deixo à vontade.
SOU EU QUE NÃO A DEIXO À VONTADE OU ELA NÃO CURTE  MULHER? SERÁ QUE É DESSAS QUE TEM PRECONCEITO? NÃO SEJA IDIOTA LENA,ELA NEM SABE QUE VOCÊ É LÉSBICA.

O pensamento me pertuba. Talvez eu é que não fique à vontade. Afinal, ela me fez sair do apartamento na semana passada, e pensar que eu fugi para evita-lá é desconcertante. Decido que isso não vai se repetir.

O fato é que ela me inspirou. Passei o fim de semana todo imersa na minha música. Uma distração de todas as minhas novas e indesejadas responsabilidades e um alívio para a dor....ou talvez eu tenha encontrado uma forma de canalizar essa dor,não sei.
Ignorei celular, e-mail, todo mundo e, pelo menos uma vez na vida, encontrei consolo em minha própria companhia. Foi uma revelação. Quem diria que posso ser tão produtiva ? O que não entendo é por que ela me afetou dessa forma se só trocamos algumas palavras. Não faz sentido, mas também não quero pensar demais no assunto.

Pego o celular na mesa de cabeceira e olho para a cama. Os lençóis estão uma bagunça.
CARAMBA, EU SOU UMA PIG. UMA LADY PIG QUE VERGONHA LENA. O QUE ELA VAI PENSAR DE VOCÊ?

Arrumo a cama depressa. Da pilha de roupas largadas no sofá, pego um sobretudo e o visto por cima da blusa. Está frio. Se está com os pés molhados, ela também deve está com frio. Paro no corredor e aumento a temperatura do termostato. Não gosto de pensar que ela está com frio. Não sou tão insensível assim com as mulheres.

Ela sai da cozinha carregando um cesto de roupas vazio e um balde de plástico cheio de produtos de limpeza e panos. Com a cabeça baixa, passa por mim e vai até o quarto. Observo seu corpo se afastar dentro do uniforme desproporcional: Pernas compridas e pálidas, um leve rebolado no quadril estreito.... É uma calcinha cor-de-rosa que estou vendo por baixo do náilon? Debaixo do lenço na cabeça, uma trança grossa desce pelas costas até logo acima da calcinha rosa,e balança de um lado para o outro enquanto anda. Sei que eu  devia parar olhar, mas a calcinha que me distrai. Ela cobre a bunda e vai até a cintura. Deve ser a maior calcinha que já vi na vida. E meu corpo fica quente como se eu fosse uma garota de treze anos.
Gemo mentalmente, me sentindo uma tarada,e resisto à tentação de segui-la. Em vez disso, vou até a sala e me sento em frente ao computador para trabalhar, respondendo aos e-mails de Jack e ignorando meu desejo e minha diarista, Kara Danvers.

LADY-LUTHOR -KARLENA Onde histórias criam vida. Descubra agora