Olho fixo para a porta fechada do quarto, me sentindo a mulher mais burra do mundo. Como pude ser tão idiota? Eu a assustei.
Merda.
Definitivamente não tenho chances com ela.
Ela apareceu no meu sonho, uma visão azul. Mesmo com aquele uniforme medonho,e eu lhe dei as boas-vindas.
Esfrego o rosto, frustrada. Saí da Cornualha às onze da noite,e o trajeto de cinco horas foi exaustivo. Foi uma estupidez sair de lá tão tarde. Quase cair no sono várias vezes. Tive que abrir as janelas do carro, embora estivesse congelando, e cantar com o rádio para me manter acordada. E a Ironia, na verdade, é que voltei dirigindo até em casa só para vê-la. A previsão do tempo havia mencionado uma ameaça de nevasca, e eu não queria ficar presa na Cornualha por uma semana.... então voltei para casa mais cedo.
PORRA.
ESTRAGUEI TUDO.Mas ela se ajoelhou aos meus pés, desamarrou meus sapatos e me levou para a cama como se eu fosse uma criança. Me levou para a cama para dormir. Rio. Para dormir!
Quando foi a última vez que alguém fez isso por mim?
Não me lembro de nenhuma mulher me colocando na cama sem se deitar também.E eu assustei.
Sentindo nojo de mim nesma, tiro as roupas e as jogo no chão. Estou cansada demais para fazer qualquer coisa além de me arrastar para a cama. Ao fechar os olhos, me pego desejando que ela tivesse me despida inteira e se juntado a mim....ali. Solto um gemido ao me lembrar do perfume doce e intenso dela,rosas e lavanda, e da maciez do seu corpo em meus braços. Me sentindo ao mesmo tempo melancólica e excitada, caio no sono e me rendo a ela nos meus sonhos.
Acordo com um susto. Meu celular vibra na mesa de cabeceira. Não fui eu que coloquei ele ali. Atendo, mas é tarde demais.
Uma chamada perdida de Samantha. Coloco o aparelho de volta na mesinha, notando que minha bolsa de lado está ali também junto com meu dinheiro trocado. Levo alguns segundos, e então me lembro.AI,MEU DEUS. KARA.
Eu a agarrei.
Idiota.
Fecho os olhos com força para fugir da vergonha que toma conta de mim.
PORRA. QUE. MERDA.Eu me sento na cama,e claro minhas roupas sumiram. Ela deve ter esvaziado os bolsos do sobretudo. Parece algo tão íntimo, vasculhar meus pertences, os dedos dela passando pelas minhas roupas, pelas minhas coisas.
Queria os dedos dela em mim.
ISSO NÃO VAI ACONTECER, SUA IDIOTA. VOCÊ ASSUSTOU A POBRE MOÇA.Quantas casas ela limpa,aliás? Quantos bolsos vasculha ? A ideia não me agrada. Talvez eu devesse contratá-la em tempo integral. Mas aí a dor chata no meu estômago nunca iria passar... A menos que...A menos que... só há uma maneira de me livrar dessa dor.
Merda. Isso não vai acontecer.
Que horas são? Não há nenhum brilho no teto. Olhando pela janela, encontro apenas uma parede branca.
Neve.
A nevasca prevista chegou. Olho para o despertador e confirmo que são quinze para as duas da tarde. Ela ainda deve está aqui. Pulo da cama e visto um moletom e um blusão de manga comprida que pego no closet.
Kara está na sala,limpando as janelas. Todos os sinais do meu passeio enlameado pelo apartamento desaparecem.
__Oi.— digo, e espero para ver sua reação.
Meu coração está saltando pela boca. Parece que tenho quinze anos de novo.__ Oi. Dormiu bem?
Ela me lança um olhar breve, mas indecifrável, então foca no pano que está segurando.
__ Sim obrigada. E me desculpe pelo que aconteceu mais cedo.
Sentindo-me ridícula e constrangida, aceno na direção do sofá onde ocorreu meu delito. Ela assente e me recompensa com um sorrisinho tímido, e seu rosto ganha um tom rosado encantador.
Olho pelas janelas atrás dela,a nevasca está forte e lá fora há uma torrente turbulenta de neves.
__ Não costuma nevar assim em Londres. — digo,indo para o lado dela perto da janela.
ESTAMOS FALANDO DO TEMPO?
Ela se afasta de mim,mas olha fixamente pelas janelas. A neve está tão densa que mal dá para ver o rio lá embaixo.
Ela estremece e passa os braços ao redor do corpo.
__ Você mora muito longe?—Pergunto, preocupada em como ela vai voltar para casa com aquela tempestade.
__ No oeste de Londres.
__ Como costuma ir para casa?
Ela pisca algumas vezes enquanto processa o que eu disse.
__ Trem.— responde.
__ Trem ? De onde?
__ Hum...Queenstown Road.
__Vou ficar surpresa se os trens ainda estiverem saindo.
Vou até minha mesa no canto da sala,mexo no mouse, e meu iMac ganha vida. Uma foto de Lex,Samantha, Lyra e eu com os dois setters irlandeses de Lex aparece na tela, e imediatamente sinto uma onda de nostalgia e tristeza. Balançando a cabeça, pesquiso as últimas notícias sobre transporte local.
__ Hum... South Western Trains?
Ela faz que sim com a cabeça.__ Todos os serviços foram suspensos.
__Sus-pen-sos?
Ela franze a testa.
Ah,não entendeu.__Os trens não estão funcionando.
__ Ah.
Kara permanece com uma expressão confusa, e acho que a escuto repetir "suspensos" várias vezes baixinho.__ Você pode ficar aqui.— ofereço, tentando não focar em sua boca e sabendo perfeitamente que ela não vai aceitar, ainda mais depois do modo com que me comportei mais cedo. Recuo e acrescento:
__ Prometo manter as mãos longe de você.
Ela balança a cabeça um pouco rápido demais para o meu gosto.__ Não. Preciso ir.
Ela torce o pano nas mãos.__ Como?
Ela dá de ombros.__ Posso ir andando.
__ Não seja ridícula. Vai ter hipotermia.
AINDA MAIS USANDO AQUELAS BOTAS E AQUELE CASACO DEPRIMENTE. PENSO.__Preciso voltar para casa.
Ela é durona e teimosa.__Eu levo você.
COMO ASSIM ? AQUILO SIMPLESMENTE SAIU DA MINHA BOCA?__Não. — diz ela com outro aceno enfático da cabeça, arregalando os olhos.
__ Não vou aceitar não como resposta. Como sua... hum, patroa, eu insisto.
Ela fica pálida.__ Isso. Vou só me arrumar e saímos. — Falo, e faço um gesto na direção do piano.
__ Se quiser pode tocar.
Então me viro e volto para o quarto, me perguntando por que me ofereci para levá-la até em casa.
POR QUE É A COISA CERTA A FAZER?
PORQUE QUERO PASSAR MAIS UM TEMPO COM ELA.
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LADY-LUTHOR -KARLENA
FanfictionKara não é o que Lena esperava, mas agora é tudo que ela mais deseja. Prepare-se para uma nova história de amor! Uma trama repleta de romance, ação e suspense. . . Uma jornada que vai do coração de Londres até a sombria e ameaçadora beleza dos Balc...