LADY-LUTHOR -KARLENA

CAPÍTULO 12

Kara está na lavanderia, colocando as roupas molhadas na secadora, quando ouve a porta da frente bater outra vez.
NÃO! ELA VOLTOU.

Feliz por estar escondida no menor cômodo do apartamento, ela abre a tábua de passar e começa com as poucas roupas recém-lavadas. Ela certamente não vai entrar ali. Quando termina de passar a quinta camisa social, ouve a porta bater outra vez e sabe que ela saiu. Fica irritada por ela não ter gritado "tchau " comi antes,quando achava que ela era Ania,mas deixa o sentimento de lado e termina de passar as roupas o mais rápido possível.

Ao acabar, vai até o quarto para ver se ela deixou alguma bagunça. As roupas de ginástica estão espalhadas pelo chão, claro. Com cuidado, ela pega cada peça. Estão úmidas de suor, mas,para sua surpresa, ela não acha aquilo tão repulsivo quanto achava antes de conhecê-la.
Vai conferir o banheiro e o aroma frescor paira no ar. Limpa a pia e termina a faxina com meia hora de antecedência. Corre direto para a sala e senta diante do piano. Enquanto seus dedos acariciam as teclas, a melodia do "Prelúdio em Dó Sustenido Maior",de Bach, preenche o apartamento, as notas dançando em cores vibrantes por todo o cômodo, acalmando sua alma aflita.

☆ LENA POV☆

Entro no restaurante preferido da minha mãe em Aldwych. Cheguei mais cedo, mas não estou nem aí. Preciso de uma bebida, não somente para esquecer meu encontro com a nova diarista, mas porque será necessário um pouco de coragem líquida para lidar com minha mãe.

- Lena!
Dou meia-volta, e atrás de mim está a única mulher no mundo que eu venero. Lyra,minha irmã quatro anos mais nova, cruza o saguão. Seus olhos, da mesma cor que os meus, se acendem quando me viro em sua direção, e ela joga os braços ao redor do meu pescoço, o cabelo ruivo batendo em meu rosto,já que é poucos centímetros mais baixa que eu.

- Oi,Li,eu estava com saudades pirralha. - digo, abraçando-a.

- Lê.
Sua voz falha.
Merda aqui não.

Eu a abraço com mais força, torcendo para que ela não chore,e fico surpresa com a emoção pura fazendo minha garganta arder. Ela funga, e seu olhos estão vermelhos quando a solto. Isso não é do seu feitio. Ela costuma agir como nossa mãe, que mantém as emoções sob rédeas firme.

- Ainda não acredito que ele se foi.- diz ela,pegando um lenço.

- Eu sei, também não. Vamos nos sentar e pedir uma bebida.

- Dois Bloody Mary.- peço a recepcionista quando ela nos entrega dois cardápios, me lançando um olhar malicioso que não retribuo.
Pode até ter uma bela bunda e um sorriso charmoso, mas não estou no clima. O encontro com a diarista é a lembrança daqueles olhos profundos parecendo um oceano me deixaram apreensiva. Fecho a cara, afastando o pensamento, e volto toda atenção para minha irmã quando a recepcionista se afasta com um biquinho decepcionada. Será que está escrito lésbica na minha testa.

- Quando voltou da Cornualha?-Pergunto.

- Ontem.

-Como vai a viúva.?

- Lena! Você sabe que ela odeia esse apelido.
Suspiro de forma exagerada.

- Certo,como vai a Nave mãe?
Lyra me fuzila com o olhar por um instante, mas então sua expressão desmorona.
Merda.

- Desculpe.-Murmuro, culpada.

- Ela está muito mexida, mas é difícil perceber. Você sabe como ela é. - Os olhos de Lyra ficam turvos,e ela parece incomodada. Acho que está escondendo alguma coisa.

- Quando você volta a trabalhar?

- Segunda-feira. - responde Lyra com um muxoxo triste.

De todos os Luthor's, foi Lyra quem se distinguiu academicamente. Da escola Wycombe Abbey,ela foi estudar medicina na Corpus Christi, em Oxford, e agora é médica no hospital Royal Brompto, onde se especializa em medicina cardiotorácica. Seguiu sua vocação no dia que nosso pai sofreu um ataque cardíaco fulminante. Ela tinha quinze anos e queria salvá-lo. A morte dele mexeu com cada um de nós de formas diferentes, e com Lex mais do que a todos,já que ele teve que largar a faculdade e assumir o título de conde. Já eu perdi meu único aliado parental.