10) DECISÕES

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Aquilo continuou na minha mente, mas caminhei até a biblioteca, andei por entre as prateleiras e até que acho o pedaço de papel caído. Peguei a bilhete, dobrei e coloquei no bolso, mas pra disfarçar, peguei um livro qualquer e levei junto.
Saí dali e caminhei de volta ao meu quarto, reli o bilhete e não pude deixar de sentir as lágrimas de novo, eu sentia saudades de Lucas, sentia saudades de viver uma vida normal, de viver uma vida com as pessoas que eu amava... Uma vida que me fizesse feliz, junto com minha mãe, meu pai, Lucas, Chloe...

— Chloe... - murmurei, minha melhor amiga, por onde será que ela andava?

Olhei para o diário da minha mãe

— Talvez ver alguém da minha vida de antes ajude a facilitar isso tudo.

Peguei meu celular e procurei o número dela, mas achei estranho quando não achei, ali não havia nem o dela, nem o de Lucas, nem o do meu pai ou das pessoas do meu antigo bairro, não sabia quem havia modificado tudo, mas agora eu teria que pedir para Dylan para me deixar ver Chloe.

Suspirei, eu teria mesmo que fazer aquilo?

Olhei para a porta do meu quarto, e após pensar muito, decidi ir.

Cada passo era um calafrio, eu estava casada com o assassino de Lucas e agora iria falar com ele diretamente. A casa estava em um silêncio absoluto, não havia ninguém com exceção dos criados que passavam pelo local.

— É a esposa do Dylan? Ela saiu para dar uma volta na mansão mesmo? - escutei uma criada cochichar para outra

— Achei que ela só ia para a biblioteca - a outra diz

Ignorei as duas e olhei de quarto em quarto procurando qual seria o do meu "esposo", porém, sem sucesso.

— Mas Dylaaan! - escutei enquanto cruzava o jardim, me escondi atrás de uma cerca viva e olhei por entre uma fresta.

— Já falei pra largar do meu pé Jess! Você não tem mais utilidade para mim, seu serviço terminou - a voz inconfundível dele ecoou

Pude ver os dois discutindo logo a frente.

— Mas... Mas... Tínhamos uma conexão... Você disse que me amava! - Jess choramingou

— Eu nunca disse isso, só transamos uma vez garota, e nem era pra ter acontecido, para de ser emocionada.

— Você cuidou tão bem da minha ferida, se não me amasse teria me largado em qualquer canto!

— E eu deveria ter feito isso mesmo, só fiz o favor de ajudar porque não podia ter você espalhando boatos sobre os Wharton.

— Dylaaan, por favor

— Saia, antes que eu peça para te tirarem a força.

— Se me tirarem daqui, eu volto, não existe fronteiras para o amor

— Você não sabe o que é amor, criatura nojenta.

"Criatura?" pensei "Quem ele pensa que é? Mesmo que não queira ela, falar assim é demais!"

— Você nunca mais vai voltar aqui, está me ouvindo? - escutei Dylan dizer com uma voz séria.

— Claro, meu senhor. - Jess respondeu e saiu.

Achei muito estranho, já que há alguns segundos ela está implorando para ficar. Fiquei uns segundos apenas raciocinando aquilo e observando do meu esconderijo, até que...

— O que você quer, Noelly? Veio sentir repulsa de perto? Tenho mais o que fazer do que lidar com sua birra por defunto - Dylan diz, pude senti-lo olhando para onde eu estava escondida.

Lentamente saí do meu esconderijo, ele me encarava com a mesma cara fechada de sempre.

— Dylan... - falei com ódio, mas me aproximei

Ele arqueou uma sombrancelha

— Onde está a Sophie? - pergunto

— Saiu - ele falou simplesmente se virando e saindo.

Eu o segui

— E o Matt? - perguntei

Ele parou e me encarou por cima do ombro

— Por que quer saber? - diz sério

— Queria perguntar uma coisa pra ele.

— Ele ficou com raiva e foi pegar umas garotas por aí - Dylan falou e voltou a andar.

Eu continuei o seguindo.

— Vai tentar me apunhalar pelas costas? - ele falou sem se virar

— Não sou você para fazer essas coisas...

— Porra, o que você quer? - ele desistiu e se virou

Engoli em seco.

— Eu quero ver uma pessoa... - falei por fim

Ele não disse nada.

— Uma amiga, minha melhor amiga de infância... Chloe... - continuo

Ele continua calado, eu o encarei.

— Você não desiste nunca de tentar se matar não é? - diz e voltou a se afastar

— Eu te imploro, DYLAN! - gritei — Me deixe ver pelo menos ela! E eu juro que nunca mais tento fugir! Também serve trazer ela aqui!

Dylan parou mais uma vez, me enchi de esperança.

— Um trato - ele falou se virando e andando na minha direção

— Trato?

— Você se comporta amanhã na reunião e eu deixo ver sua amiga - diz me encarando nos olhos

Pisquei duas vezes, foi tão fácil mesmo? O que estava acontecendo? Por que aquela reunião era tão importante?

— Feito! - falei

Dylan me olhou por uns segundos e saiu.

— Foi mais fácil do que eu pensei - murmurei, me virei e voltei por onde havia vindo.

Decidi dar uma volta pelo jardim, já que já estava ali mesmo, havia todo tipo de flores, flores de várias partes do mundo e umas que eu nunca havia visto, senti o perfume delas. De repente, vi um botão que ainda não havia desabrochado, pensei um pouco e uni as mãos em volta do botão, fechei os olhos e respirei fundo, imaginei a flor se abrindo, senti aquela energia de antes percorrer meu corpo e ir em direção às mãos, abri os olhos lentamente e os arregalei ao ver um pó dourado envolver a flor fazendo a crescer e desabrochar, era uma tulipa branca, assim que o pó sumiu, a tulipa ganhou uma cor azul-vivo, respirei fundo e toquei a tulipa, ela era real... Com algumas folhas meio deformadas, mas ainda assim era real...

— Eu... Fiz isso? - falei sorrindo sem acreditar, me levantei feliz.

Se eu treinasse bem aquela suposta magia, eu poderia entender todos os segredos por trás de tudo o que vivi até aquele momento.

— Hmmm, por que será que essa reunião é tão importante? - digo enquanto tocava as pétalas da flor que havia acabado de fazer desabrochar.

Me deitei na grama e encarei o céu, fiquei olhando as nuvens passando.
O que mais faltava acontecer?

PROMETIDA A UM VAMPIRO (Versão Atualizada)Onde histórias criam vida. Descubra agora