Capítulo 103

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Estou preso a 20 dias, estou esperando o julgamento, até agora recebi visita só do meu advogado.

Ele me disse que demora um pouco mesmo a liberação para as visitas já que elas tem que fazer a carteirinha de lá e isso demora um pouco. Ele disse também que  Kadu será seu assessor e poderá vir me visitar por mais vezes, como ele ainda é estudante não pode me defender.

Perguntei pela Majú e ele disse que ela está bem, que não responde processo por que poderia processar o estado pela agressão que sofreu, fiquei aliviadão.

As coisas aqui na prisão é foda, você dorme com um olho fechado e o outro aberto, por que podem te matar a qualquer momento, eu estou em uma ala que a maioria são da mesma facção que a minha, a facção rival fica em outra ala.


**


Estou deitado em minha cama quando um carcereiro aparece falando o nome dos que tem visita hoje, ele diz o meu nome e eu dou um pulo da cama correndo, quem será que veio me visitar?

Depois que as celas são abertas, todos são levados para a área de visita e porra, quando vejo quem é minha visita meu coração erra algumas batida, ela estava ali parada no meio do pátio olhando para todos os lados com uma bolsa grande na mão me procurando, me aproximo dela e assim que ela me vê abre o sorriso mais lindo que já vi, Majú estava ali, mais magra, abatida mas mesmo assim linda.

Abraço ela forte e enquanto sinto seu cheiro ouço seus soluços, somos advertidos por um dos agentes penitenciário, o contato aqui tem que ser o mínimo possível.

— Que saudade! Digo deixando de cheirar o pescoço dela. — Não chora! Peço.

— Graças a Deus você está bem. Ela diz.

Sentamos em uma mesa que havia ali, seus olhos estavam cheios de lágrimas já e a minha vontade era de abraça-la forte e acalma-la.

— Como você está? Pergunto.

— Indo!

— E o bebê? Pergunto encarando ela, ainda era difícil acreditar que eu seria pai.

— Ele é forte que nem o pai, está bem!

— Hum! E as coisas na comunidade?

— Eu tenho ficado na casa do seu irmão, mais pelo que sei está tudo bem... Fael voltou pra lá e já assumiu tudo, eu pretendo voltar pra minha casa no fim do mês, eu me sinto muito sozinha na casa do Kadu, mesmo Lorena morando lá, também não quero tirar a privacidade dos dois.

— Por que não volta pro morro, fica na minha casa. Fael vai cuidar de você, lá tem segurança e eu vou ficar mais tranquilo.

— Não sei Lyon, lá sem você não tem mais sentido pra mim. Sem contar que ainda tem a Camila,  nesse momento preciso de paz, nosso bebê precisa de paz.

Toda vez que ela fala do nosso bebê eu me sinto constrangido, não sei como lidar com isso ainda, mas sei que uma hora eu me acostumo.

Ficamos conversando e uma hora passou rápido demais, ela toca em um assunto delicado, algo que eu queria fazer já a um tempo de uma forma especial e não assim, aqui!

— Kadu disse que vou precisar dar entrada em um pedido de casamento? Ela pergunta meio que sem graça.

— É! Aqui para termos direito a visita intima tem que ser casado... Não é bem assim que eu planejava te pedir em casamento mais... Claro que se você quiser neh.

— Você sabe que te amo, que casaria com você em qualquer lugar e em qualquer circunstância.

A pior hora foi quando tivemos que nos despedir, estar aqui é uma merda, ficar longe dela é pior ainda.
Eu volto pra minha cela e geral já está lá sentado me esperando, geral que eu falo é o pessoal que divide cela comigo, xaropinho, orelha, pão com ovo e olho de vidro, somos no total cinco dividindo uma cela de 4x4, aqui temos que revezar sempre por que não tem cama pra todo mundo, tem dia que somos obrigados a dormir no chão.

Xaropinho tah aqui porque matou um cinegrafista de uma emissora de tv aí.

Pão com ovo é chefe de uma favela de Niterói, foi preso depois de mandar matar o ex chefe administrativo de uma penitenciária.

Orelha sequestrou um jogador de futebol e ainda apalpou os seios da mulher, o cara é surtadinho.

Olho de vidro é especializado em roubo de carro e dizem as más línguas que ele já roubou mais de 20 carros em um único dia, o cara é uma lenda.

— Quem era? Pergunta orelha.

— Minha mulher! Já tava surtando longe dela.

— E aí, ela falou alguma coisa sobre você sair daqui? Algum plano?

— Não vou envolver ela nisso cara, minha mulher tá grávida e quanto menos souber melhor pra ela, sem contar que ela tem uma tal de diabetes e não pode se estressar. Vou deixar ela fora dessa!

Já estávamos planejando uma fuga, aqui é assim, se tú não mantiver a mente ocupada você surta e mente ocupada de presidiário é plano de fuga.

Eu tinha algumas coisas em mente, coisas que não passava pra ninguém, questão de segurança. Eu só passava o essencial, pedi meu advogado para me enviar livros, pra geral aqui eu apena estava ocupando a mente, mas na verdade cada livro que ele mandava tinha partes de um mapa, adivinhem que mapa era esse? Quem disse que era o mapa da prisão acertou.

Eu precisava da planta de construção desse presídio, alguma fraqueza ele tinha e se realmente tivesse eu iria descobrir. Eu ainda não tinha a planta toda, meu advogado conseguiu me entregar três livros e no total são 20, então ainda tenho um bom tempo pra passar aqui. Depois de estudar a planta do local vou planejar a fuga e podem ter certeza que ela vai ficar pra história, meu nome estará nos livros como o cara que fugiu de uma penitenciária de segurança máxima sem dar um tiro, sem rebelião sem se quer eles perceberem!



Eta poha!! Lyon é Lyon neh?

Complexo de Israel ( Morro)Onde histórias criam vida. Descubra agora