Capítulo 60

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Assim que desligo o telefone já vou direto nas mensagens de Fael.

Fael: Graças a Deus ela está bem!

Fael: O que eu faço com a menina?

Fael: Porra Lyon... Os meninos estão apavorados com o coração de Saimon, colocaram em um pote de vidro com álcool mais ninguém quer levar o troço pra casa! Resolve logo!

Assim que resolvo ligar para ele a campainha toca. Desço as escadas e sigo até o portão para vê quem é.

— Pow cara, te mandei um monte de mensagens... Diz Fael já entrando. — Sei que você tinha que dar atenção para Majú mais temos uns b.o pra resolver.

— Vi suas mensagens só agora, já ia te ligar.

— O que eu faço com aquele coração, doido! Ele diz rindo.

— Deixa na minha sala, que quando eu tiver um tempo vou dá de presente para “sadan”.

— E a menina?

— Mata!! E depois envia os pedaços para o irmão!

—Ok, tú que manda.

Quando Fael ia virando as costa para sair ouvimos a voz de Majú.

— Sério mesmo? Ele para e nós dois olhamos para ela descendo as escadas. — Sério mesmo que você seria capaz de fazer tal atrocidade com uma criança de 14 anos? Ela está com os olhos lacrimejando.

— Ele não ia te poupar Majú! Por que tenho que poupar a irmã dele?

— Por que ela não tem culpa do irmão que tem! Por que você é melhor que ele!

— Não sou melhor que ele Majú, eu sou pior que ele! Meu olhar pra ela é escuro tenho certeza, tenho ódio só de lembrar dele tocando nas partes íntimas da minha mulher!

— Não! Você não é... Se fosse eu não teria me apaixonado por você! Solta ela Lyon! Solta ela por mim!

— Ele te ameaçou caso não soltássemos ela? Pergunto desconfiado.

— Sim! Não vou mentir, mais não quero que solte ela por medo, quero que a solte por que ela é tão vítima dele quanto eu... Solta ela Lyon, por mim... Ela implora.

Respiro fundo e coçando a cabeça vou até ela abraçando-a, olho para Fael e digo:

— Deixe ela próxima a casa dela, avisa a ele... Não deixe nada de ruim acontecer com ela e deixe claro pra ela que quem tah salvando a vida dela e a mulher que o irmão dela quase estuprou! Fael confirma com a cabeça e saí da minha casa.

**

Essa semana foi muito complicada, Majú teve pesadelo todas as noites e eu estou me desdobrando para conseguir dar conta de tudo, as coisas do morro consome muito tempo e acabo ficando pouco tempo ao lado da minha eterna pirralha.

Tive que me virar em três, cobranças pra fazer, brigas entre moradores pra resolver, carregamento de arma chegando, treinamento de pessoal, Camila pra colocar pra correr, tudo de uma vez só. Venho pra boca de manhã e Lorena vai ficar com Majú em casa, pedi ela para sair do seu emprego de babá e se dedicar exclusivamente a Majú e pago um dinheiro pra ela.

Minha casa é repleta de câmeras e vez ou outra dou uma olhada nelas só pra saber como Majú está e é de cortar o coração vê-la chorar o tempo todo, Lorena tenta de todas as formas anima-la mais não está conseguindo, até a amiga doida dela tem vindo... Ela também não anda muito bem, Fael disse que tem vez que ela tem crise de choro do nada.

Elas são patricinhas, são meninas do asfalto, não estão acostumadas com isso e passar por essa situação mexeu demais com as duas.

Fico na boca até às 22:00 e já morto volto pra casa, Lorena fica até às 20 hora e depois disso Majú fica sozinha mais eu sempre estou acompanhando ela pelas câmeras então acabo ficando despreocupado já que ela sempre vai pro quarto dormir.

— Notícias ruim Lyon! Entra Fael em minha sala igual um desesperado.

— Se é notícia ruim volta outro dia, não aguento mais notícias ruins.

— Vamos precisar viajar!

— Oi? Como assim? Fico sem entender.

— Teremos que ir para o Paraguai negociar algumas munições, as daqui cada dia está mais difícil de conseguir e também não podemos ficar na dependência só de uma fonte.

— E por que só você não vai? Não tenho como deixar Majú sozinha, não agora!

— Deixa ela com seu irmão! Os caras do Paraguai só conhecem você, não querem fazer negócio comigo, eles são chatos! Fael resmunga.

— Fael não tem como!! Não vou deixar ela sozinha, não mesmo!

— Tú pensa que é fácil pra mim? Deixar Marina aqui também, não vai ser fácil Lyon, mais deveres são deveres, tú sabe!

— Sua mina tem a família dela, Majú não tem ninguém!

— Majú tem kadu, Lorena e Marina... Ela não está mais sozinha cara, nós somos a família dela agora! Vai ser bate e volta, rápido. Estamos com pouca munição e se tiver outra invasão estamos fodidos, você sabe!

— Ahhhhhh... Droga! Resmungo. — Ok!

Ter que viajar agora não estava em meus planos, viajar era sempre um risco e antes da Majú eu amava esse risco, hoje não sinto mais prazer naquela adrenalina.

Chego em casa e ela está deitada na cama toda encolhida, vou até ela dá um beijo e ela se mexe. Se vira em minha direção e me olha com aqueles olhos lindos.

— Pensei que estava dormindo. Digo me deitando um pouco ao lado dela.

— Estava te esperando. Ela encaixa a cabeça no meu pescoço.

— Você se alimentou direito? Pergunto por que esses dias ela tem comido pouco e por conta do diabetes temos que está sempre de olho.

— Ando sem fome, mais Lorena tem me obrigado...

— uhh, que bom... Precisamos conversar. Vou soltar logo a bomba.

Ela tira a cabeça de meu pescoço e me olha com aquele olhar questionador.

— O que foi?

— Vou precisar viajar! Ela fica me encarando mais não diz nada. — Coisa do trabalho, vai ser coisa rápida.

— Outra pessoa não pode ir no seu lugar não?

— Infelizmente não!

— Ok! É só o que ela diz e me dá as costa e vai dormir.

— Majú... Não fica chateada, eu não queria ir mas infelizmente não tenho a segunda opção.

Ela não me responde nada e continua na mesma posição... A madrugada foi difícil de dormir, ouvi ela chorar a noite toda, era baixinho, quase que não dava pra ouvir mais eu sempre estou atento, não fui falar com ela, até por que não tinha o que falar.

Dois dias, dois dias se passaram e a viagem foi produtiva. Tudo correu como o planejado e na volta pra casa resolvi que tiraria uns dias de folga com a Majú, só eu e ela.

Assim que coloco os pés em casa já vejo minha pirralha deitada no sofá dormindo, são 1 da manhã e ela não foi pra cama ainda.

— Ei... Por que está dormindo aqui? Acordo ela com um beijo no pescoço.

— Você chegou! Ela se vira me olhando com os olhinhos brilhando.

—Cheguei, não disse que ia ser rápido?

— Pra mim demorou! Ela faz biquinho e eu rio.

— Tenho uma surpresa pra você. Digo e já vejo ela se animando. — Amanhã vamos viajar só eu e você, não vai ser pra longe mais vamos ter um tempo so pra gente.

Eu poderia ter trazido jóias, roupas de grife, bolsas, sapatos... Qualquer coisa de valor pra ela, mais acho que nada faria minha pirralha soltar esse sorriso lindo, sorriso esse que estava sumido nos últimos dias.

Complexo de Israel ( Morro)Onde histórias criam vida. Descubra agora