Epílogo

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Falando sobre a questão das elucubrações que me ocorriam vez ou outra, enquanto escrevia essa história — e que me forçavam a parar e pensar sobre os motivos pelos quais eu fora parar na Antártida, Regina dizia que fora o destino, que eu não poderia ter evitado. Resolvi, por prudência, ouvir uma segunda opinião, consultando minha filha Daniela, que me respondeu convicta:

— Pai, não acredito em destino. Como matemática estou mais propensa a admitir a Teoria do Caos.

— Teoria do Caos? O que vem a ser?

— Em linhas gerais é uma teoria que diz que tudo sempre é o resultado de situações iniciais aleatórias. Num tempo longo de observação, as coisas passam a ser muito difíceis de prever. Dois eventos podem ter se iniciado iguais, mas devido a muitas variáveis podem chegar totalmente diferentes lá na frente.

— Então, se eu tivesse resistido a uma simples taça de vinho, isso poderia ter sido o suficiente para me desviar do frio antártico?

— Como assim?

— Se naquela noite em Punta Arenas eu tivesse subido diretamente ao meu quarto em vez de primeiro ir ao bar do hotel, será que eu teria conhecido o almirante H. Nunes, o responsável direto pela minha ida ao continente gelado?

— Quem sabe... Ou melhor, ninguém sabe! Mas no teu caso há uma certeza: o frio atrapalhou seu juízo!

Demos risada. Seja como for, se eu tivesse que atribuir tudo a situações aleatórias, a primeira delas tinha se dado ainda em São Paulo, em meu apartamento, no bairro do Ibirapuera, quando não pude me esquivar de uma bendita viagem inventada por minha mulher... Acho que foi ali, na verdade, o exato momento em que a borboleta bateu asas e voou! 

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Fim? Ou apenas o começo?

Assassinato no Continente GeladoOnde histórias criam vida. Descubra agora