Prólogo

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... "O simples bater de asas duma borboleta, pousada na muralha da China, pode interferir no curso natural das coisas, a ponto de ocasionar uma tempestade em Nova York"? Segundo a Teoria do Caos, sim!

É claro que o chamado 'efeito borboleta' é uma hipérbole, objetivando dar ênfase à imprevisibilidade das coisas, senão, poderíamos afirmar que a indecisão pela escolha da cor de uma cueca, numa manhã qualquer, poderia resultar numa guerra mundial. Mesmo assim, parece lógico afirmar, pequenas mudanças de planos podem sim determinar, em frações de segundos, caminhos totalmente diversos.

Os deterministas clássicos, contudo, dizem que todos os eventos remontam à origem do Universo, alguns até considerando a ação de um ente superior. "É o Destino", pronunciam, reverberando a palavra "maktub", isto é, "já estava escrito". Mas, nesse caso, como ficaria o livre arbítrio? É mera ilusão achar que somos livres?

Tais elucubrações me ocorriam enquanto escrevia essa história e, vez ou outra, parava e divagava sobre a minha ida à Antártida, tentando entender as razões pelas quais eu fora parar lá...

... Se, naquela noite em Punta Arenas, eu tivesse subido diretamente ao meu quarto em vez de primeiro ir ao bar do hotel, será que eu teria conhecido o almirante H. Nunes, o responsável direto pela minha ida ao continente gelado?

Fosse o que fosse, os incríveis acontecimentos que vivi na estação antártica Comandante Ferraz — sob um frio dos diabos, diga-se, seduziram-me ao ponto de empreender estas laudas, não só por se tratarem de fatos policiais, dentro de minha especialidade, mas sobretudo pelo cunho fantástico e inusitado do ocorrido. E os leitores poderão dizer se tenho razão ou não.

Inicio, contudo, não pelo fim, tampouco pelo começo, mas pelo assassinato...

Assassinato no Continente GeladoOnde histórias criam vida. Descubra agora