4 - Gigolô

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São Paulo, 27 de dezembro de 2010, 13h30 (14 dias e 9 horas antes)

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São Paulo, 27 de dezembro de 2010, 13h30 (14 dias e 9 horas antes)...

... De São Paulo para o Rio de Janeiro, onde embarcou num Hércules C-130, quadrimotor da Força Aérea Brasileira, Carlos Eduardo voou mais três horas até Pelotas, de onde seguiu, por terra, até a Estação de Apoio Antártico, a Esantar, município de Rio Grande. Após uma semana de preparação e treinamento, partiu no mesmo avião para Punta Arenas, Chile.

Antes do embarque para o Chile, recebeu um kit de equipamentos polares. O checklist indicava vários itens para proteção contra o frio: botas forradas, cachecol, casaco e máscara corta-vento, macacão térmico, gorros e luvas de vários tipos, além de uma veste impermeável.

Sua mente, porém, estivera o tempo todo em Patrícia. Desde o fugidio encontro no restaurante paulistano, não tinham mais se visto. Ela sumira, conforme prometido.

Patrícia... Admirava-a não só pelo corpo, mas também pela inteligência. Não era dado à leitura, mas conseguira ler alguma coisa de seus livros. Expressava-se muito bem, com clareza e veracidade. Porém, não sabia quase nada sobre ela. Conhecera-a há pouco mais de um mês. Ele tinha o hábito de se relacionar com outras mulheres, mesmo estando casado com Ema. Em geral, procurava prostitutas, para não criar vínculos ou alimentar expectativas. Foi quando surgiu Patrícia e tudo se eclipsou. "Sou projetista de interiores", era tudo o que sabia dela, mas desconfiava de algo mais promíscuo. Para ele, era garota de programa. Devia ter uns trinta e cinco anos e não havia homem que não quisesse estar com ela. E gostava de escrever aqueles livros... Talvez, entre um cliente e outro, ela encontrasse tempo.

Ele mal podia esperar para vê-la novamente e fazer amor mais uma vez — uma vez não, muitas vezes, de forma louca e desvairada, entre aquelas coxas torneadas e deliciosas. Esquecia-se aos poucos de Ema. Quase nem mais pensava nela. Ema ia desaparecendo de seus pensamentos tanto quanto o navio Professor Besnard sumira no horizonte, levando-a para longe dele.

Ema... Tola! Acreditara nele, ao menos no começo. Casara-se com ela por interesse, mas ela nunca percebera. Nunca percebera, também, suas diversas traições. Eram fugas rápidas e passageiras, difíceis de descobrir. E Ema, sexualmente, era apetitosa, tornando fácil sua tarefa de michê que se faz presente. Patrícia, no entanto, abalara suas estruturas e a fachada que ele criara para ludibriar, começava a desfazer-se. Patrícia não era um caso passageiro, ele sabia.

E assim uma faceta de Ema, até então desconhecida, surgiu. Um ciúme terrível, um controle autoritário, uma desconfiança — não sem razão, mas quase doentia. E todo aquele cenário o empurrava cada vez mais para Patrícia, levando-o a querer separar-se da mulher. Mas havia o dinheiro, como ia fazer? Patrícia era uma 'caída'. Todavia, Ema estava ficando intransigente e talvez ele estivesse correndo perigo. Lembrava-se ainda das últimas palavras dela, na última briga: "Tu não sabe do que sou capaz".

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Carlos Eduardo é casado com Ema, mas só pensa em Patrícia. No que dará esse triângulo amoroso? Só seguindo para conferir. Por gentileza, vote e comente. Obrigado.

Assassinato no Continente GeladoOnde histórias criam vida. Descubra agora