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Melissa

Eu ainda estava sem acreditar naquilo, então quer dizer que meu professor vai me ensinar e vai passar avaliação só para mim?
Ai que ódio, todos os dias eu amaldiçoou meu antigo professor de matemática, se ele não tivesse queimando no fogo do inferno.

Agora eu teria que convencer minha tia a me deixar a ir nesse maldito acampamento. Affs. Ela estava muito estranha nesses últimos meses.

Na hora do lanche eu contei tudo a Miranda, e ela parecia chocada, e sem acreditar.
"Meu Deus do céu, amiga, que peninha de você, vai ter que ficar grudada naquele gostoso, durante sete dias."
Eu odiei aquele sarcasmo dela, Miranda iria viajar no dia do acampamento, ou seja, eu só teria o senhor estressadinho como companhia.

"Não ria de mim Miranda, ele é um chato." Eu disse indignada.
"Mas te trata melhor do que a maioria dos outros professores"
Aquilo era verdade, Carlos se comportava na maioria das vezes como um velho rabugento, mas ele pelo menos era justo, e parecia interessado em ensinar.

"Ah pelo amor de Deus, não nega, você tá explodindo de alegria por dentro, porque vai ficar perto daquele Deus, pode falar a verdade. Você vive corando quando ta perto dele"

O pior é que aquela filha da puta tava certa, eu realmente ficava sem jeito perto dele, mas o que eu poderia fazer se aquele homem ocupava quase todo o espaço na minha mente.
Eu não admitiria em voz alta, mas todas aa vezes que ele explicava algo, eu ficava só o admirando, olhando para ele feito uma idiota.

"Isso não vem ao caso, eu pensei que iria ficar com uma semana de folga e ele sem nem mais nem menos, resolve me arrastar para um acampamento? Lá tem mosquito, sujeira... "
"Amiga, fica calma, meu Deus, não é o fim do mundo, se eu pudesse eu ia com você, mas infelizmente eu não posso.

"Affs... "

〰〰〰〰〰〰

Já em casa, eu fui direto para Bianca em contei tudo.
"NÃO!!!"
"Mais tia, é necessário"
"Você sempre foi boa aluna"
"Mas não em matemática"
Ela revirou os olhos, ela sabia que eu faria a maior birra caso ela não me deixasse ir.
"Esta bem, mas cuidado, aquela mulher pode aparecer a qualquer momento.
Minha vez de reviravolta olhos.

"Nem a polícia tem informações dela tia, faz seis meses, e ela nunca veio nos procurar."
Aquele assunto me deixava melancólica, e triste, será que minha mãe realmente não sente minha falta?
"Mesmo assim, todo o cuidado é pouco, não sabemos se ela não vai cometer nenhum crime."

"Mas tia, ela fez para me proteger e..."
"Não importa, se vê ela na rua, você vai denunciar, entendeu?
Eu abaixo a cabeça e vou pro meu quarto sem responder. E claro que não denunciaria, ela é minha mãe.
Eu dormi aquela oitenta com raiva, as coisas não tinham como piorar.

O resto da semana foi surpreendentemente tranquila, claro, as pessoas continuavam a me incomodar por nada, mas já deu tempo de eu me acostumar.

Até que chegou segunda feira, e eu estava completamente desanimada para esse passeio, que iria durar um semana.
E eu já começo errado, pois eu acordo completamente atrasada, ou seja, tive que arrumar tudo correndo.
Eu fui a última a chegar no ponto de ônibus.

"O ônibus esta lotado, não tem espaço para você aqui."disse o motorista.
" Como assim não tem espaço?! Eu preciso ir nesse acampamento!
"Sinto muito moça"

"Haaam!!! Isso é um absurdo, como pode?! Eu estou vendo um acento ali no fundo... "
Eu estava pronta pra continuar o barraco até que...
"O que esta acontecendo? Eu consigo ouvir os gritos lá de fora."
Era a voz de Carlos, e ele não parecia nada feliz. Eu rapidamente me virei, e dei de cara com aquele rosto perfeito.

"Não há lugar no ônibus para essa moça."
Disse o motorista desanimado. Eu não o julgo, afinal ainda eram sete e meia da manhã. Mas ele ainda estava mentindo, tinha um lugar naquele ônibus para mim sim.

"Claro que há..."
"Nao Há não." insistiu o motorista, e eu senti o meu sangue subir. Ai que ódio! Como pode? Eu olhei o motorista, e ele pareceu não ligar para aquilo, eu respirei fundo, e controlei para não ter uma crise de choro dentro daquele ônibus.

" Ta bom... " eu disse com tom irônico "Já que é assim, então eu não preciso ir nesse acampamento, já que não tem lugar para mim..."
"Eu estou de carro, voce pode ir comigo Melissa.
"O que?
"O que?
Disse eu eu o motorista ao mesmo tempo.

Eu fiz bico para ele, e ele sorriu debochado,
"Se não há lugar para você, pode ir comigo, afinal, não me custa nada."
"Eu acho justo" disse o motorista, e eu quis arrancar a cabeça dele.

"Esta bem! "
E me esquivei do professor , e sai do ônibus pisando duro, ele veio logo atrás, eu olhei ao redor e estava uma caminhonete super chique estacionada do lado de fora. Aquele não poderia ser o carro dele.

E então ele passou por mim, e foi até a caminhonete. Ele me olhou confuso. "Você não vem?"
Eu fui atrás, e eu não pude deixar de notar que ele tinha uma linda bunda, e a pergunta imprópria de como seria se eu apertasse ela por cima daquele short jeans apertado, passou pela minha cabeça.

Ele abriu a porta do carro para mim, como um cavalheiro, e eu entrei, e joguei a minha mochila lá pro banco de trás com raiva. E ele entrou, ligou o carro, e eu cruzei os braços e as pernas e bufei.

"Eu posso saber o porquê você está tão chateada?" Ele perguntou debochado. Será que eu já falei o quanto ele é insuportável hoje?
"Aaaahhh, eu não sei, sera que é porque um certo professor me obrigou a vir em um acampamento que eu não gostaria de estar?"

Ele parece ter ficado bravo com minhas palavras, ÓTIMO, assim pelo menos ele sente um pedaço da raiva que eu estou sentindo.
"Talvez esse professor esteja preocupado com suas notas?"
"Ele poderia me passar um simples trabalho e pronto." disse com raiva.
"Como passar um trabalho sendo que você não sabe nada do conteúdo?"

Eu fiquei calada, eu tinha argumento, ele literalmente estava me arrastando para me dar nota.
"A propósito, não que esta usando uma roupa muito curta, não?

Eu respiro fundo. Eu deixo ele sem resposta, eu já tinha discutido de mais por hoje.

Nadando Contra A EscuridãoOnde histórias criam vida. Descubra agora