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Melissa

Quando eu voltei para sala, depois de falar com o professor Carlos, a sala toda começou a fazer piada.
"Olha só, lá vem o cachorrinho com os rabo entre as pernas depois de levar bronca"
"O prof deve ter comido o fígado dela."
"Que isso gente, ele fez o trabalho de veterinário, e foi educar a primata."

Eu sinceramente não sabia o que tinha feito para eles, mas resolvi ignorar, minha tia sempre fala que o melhor remédio para agressão verbal, e o silêncio.
"Não vai responder não, macaca?!"

"Cala a boca Rebeca, deixa ela em paz, o que foi que ela te fez?!"
"Não se mete Miranda!."
"Não se mete o que vadia, todos os dias desde que Melissa entrou na escola, você faz questão de atormentar-la, sem porcaria de motivo nenhum, agora me fala qual é a porra do teu problema?
" oooooohhhhhh"
"Ih, chamou ela de vadia"
"Vai deixar Rebeca? "
Rebeca olhava para Miranda com puro ódio, e eu sabia o que nada de bom poderia sair daquilo.

Eu já estava me sentindo muito desconfortável com aquela situação, era melhor aquilo parar, se não vai da uma grande merda.
"Miranda, para não vale a pena." Tento acalmar a situação.

"Como assim não vale a pena Melissa, essa putinha te incomoda a anos e nunca....
De repente entra a professora e a sala inteira se acalma, todos fingem que nada aconteceu.
A professora que entrou, era de literatura, o nome dela era Andreia, essa era minha matéria favorita, e aquela era a melhor professora, não que ela demonstrasse gostar de mim, mas era uma das poucas professoras que não me atacava verbalmente.
Sem contar que era uma das poucas professoras negras da escola. Ela tratava os alunos por igual, por isso todos me deixavam em paz na aula dela, ninguém era privilegiado por ela.

"Bom dia, alunos" E também tinha o detalhe de que era a uma das únicas professoras educadas, que não começava a gritar por qualquer motivo"
Todos educadamente deram bom dia.
"Peço a todos que peguem seus livros e abram na página 24...

Na hora do almoço, Miranda me enchia de perguntas sobre o que o Carlos disse para mim.
"Então me conta, o que ele disse, ele brigou com você? Te deu advertência? Anda conta."
Um flete de memórias vieram na minha mente, do jeito que eu falei com ele.

"Eu contei minha situação, e ele me deu mais um prazo para terminar os exércitos. "
"Sério? Eu achei que ele tava puto com você.
"E ele tava, mas antes que ele começasse a berrar para a escola toda escutar, ele me ouviu e entendeu minha situação.

Apesar de ser um professor bem rígido, ele se preocupava com as notas de seus alunos, e parecia não ter nada contra mim, o que era ótimo.

"Você quer ajuda com os exércitos?" Miranda me perguntou aquilo com insegurança, ela sabia que eu era orgulhosa, principalmente com problemas. Então eu sorriu para ela, e digo com confiança.

"Não se preocupe, eu posso fazer isso sozinha, afinal a internet nunca me deixa na mão.
Ela começou a rir e a falar de sua vida, que diga-se de passagem, é bem sem graça. Eu não estava prestando a menor atenção no Miranda falava.
Eis que eu vejo o professor Carlos me observando do seu carro, ele me olhava de um jeito esquisito, era como se me avaliasse. Ele não parava de me encarar, e eu estava me sentindo desconfortável, mas não era de um jeito ruim, e sim eu gostava de ser observada por ele. Mas ao mesmo tempo, eu me sentia intimidada.
...
Quando eu chego em casa, não escuto nada, o que indicava que Bianca não havia chegado do trabalho, então eu fui tarde um banho, e surpreendentemente, aquele rosto lindo não sai da minha cabeça, o jeito que me olhava, eu nunca senti atração por ninguém na minha vida, nem pelos garotos mais bonitos do colégios. Bom eles são uns verdadeiros babacas filhinhos de papai.

Nunca pensei que o primeiro que eu fosse me atrair fosse um professor com mais de dez anos a mais que eu.
Mas não era para menos, ele era um gato, lindo de mais. E não era só eu que achava isso, era as meninas e as professoras da escola que achavam também.

Eu sai do banho ainda com aquele olhar gelado na minha cabeça.
Coloquei um short muito curto e uma blusa super larga.
Eu escutei o portão abrir, o que queria dizer que Bianca já havia retornado, eu fui correndo para cozinha, e la estava ela.

"Olá tia" a cumprimentei, mas tinha alguma coisa errada, Bianca estava muito séria, parecia preocupada, mas ela tentou disfarçar com forçando um sorriso.
"Ela Melissa, como foi seu dia? "
Ok tinha algo muito, maa muito errado, Bianca nunca me chamava pelo meu nome, só quando estava brava, e eu não me lembro de nada que eu tenha feito de errado.

"Foi bom, aconteceu alguma coisa? "
"Ótimo, eu vou tomar banho e fazer a janta. Enquanto isso você pode já ir fazendo o arroz minha querida. "
Ela me pediu aqui com um ar tão cansado, fico me perguntando o que a deixou assim.
"Mas é claro"
Quarenta minutos depois, o arroz já estava pronto, e minha tia já havia saído do banheiro.

"Obrigado filha, agora pode ir, eu faço o resto." eu estava sentindo que havia algo de errado, e eu como odeio ficar de fora de qualquer coisa que seja decidi confronta-la.

"Ok tia, você tá muito estranha, então me fala o que aconteceu?"
"Melissa por favor, vá pro seu quarto"
"Não sem você me dizer o que houve."
Ela me olhou no fundo dos olhos, e disse algo que me deixou completamente desolada.
"Sua mãe conseguiu sair do sanatório"

Continua...

Nadando Contra A EscuridãoOnde histórias criam vida. Descubra agora