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Melissa

Cheguei em casa com um sorriso no rosto, eu não conseguia tirar Carlos da minha cabeça, mas fico me perguntando até onde teríamos chegado, se aquele maldito sinal não tivesse tocado.
Entrei no chuveiro, e coloquei a água mais quente que podia, não suportava tomar banho no frio, ainda mais com corpo tão quente.

O que me deixava contente, é que Carlos simplesmente me ajudou com um problema horrível, eu sabia que Carlos seria a única pessoa que poderia me ajudar.
Eu já tinha todas as falas perfeitas para convencer minha mãe, a não me levar para longe. Apesar de não gostar muito daqui, qualquer lugar, se torna automaticamente um paraíso quando se não tem que conviver com Suzane Silva.

Eu sai do banho e vou ver o que tem de bom na geladeira. Vi que tinha uma panela com um pouco de macarrão, eu a peguei para poder esquentar.
Enquanto eu mexia no macarrão, minha mente viajou mais uma vez para o belo rosto de Carlos. Eu senti que eu estava sorrindo. Agora eu sei que Carlos também me quer, pelo jeito que me beijava e me tocava, se o sinal não tivesse tocado, sinto que teríamos feito sexo, bem ali, na mesa.

"O que é esse sorrisinho em seu rosto?"
"Ai tia, que susto, não é nada não"
"Hum, vou fingir que acredito."
Se ela soubesse... Bianca, se sentou na cadeira, e suspiros de alívio. Olhei para ela sorrindo."Dia difícil?"
"Mais ou menos, a patroa estava muito agitada hoje."
"Eu pensei que sua patroa fosse um anjo."
"E ela é, mas as vezes ela é uma pouco exigente. A ex-nora dela que é um demônio. Estava de la de visita, agia como se a casa fosse dela, affs." eu dei risada do sofrimento dela. Tirei a panela do fogo, peguei um prato para minha tia e a servi.

"Meu amor, você agora entrou de férias, neh?" olhei para ela sorrindo, e assenti com entusiasmo.
"Bom, minha patroa vai receber os filhos dela, e vai dar um jantar de comemoração... Você sabe"
"Esta tudo bem, é claro que vou te ajudara servi-los, para quando será o jantar?"
"Semana que vem."
"Perfeito, agora tia se me der licença, eu preciso sair."
"A essa hora?" eu sorri para ela.
"Oras tia, ainda são quatro da tarde."
Bianca me olhou desconfiada.
"E aonde você vai?"

"Eu vou no mercadinho, comprar alguns doces, quero ficar bem tranquila hoje"
E então eu vou ao meu quanto, pego uma calça jeans, uma blusa de frio, uma bota, e sai. Meia hora depois, eu estava diante de uma casa abandonada, reuni toda a coragem que pude, e entrei.
E lá dentro, eu pude ver a mulher que pós no mundo, sentada em uma sofá imundo, me esperando. Ao me ver, ela me deu um daqueles sorrisos, de gelar a alma.

"Ola, doce Mel."
Bom, mesmo naquele momento tenso, eu me lembrei que Carlos também me chama assim eu acho tão fofo quando ele me chama assim, mas na boca de Suzane era asqueroso.
"Olá, Suzane." digo com frieza.
"Imagino que você já tenha uma resposta para mim."
Eu respiro fundo, reunindo toda a coragem que possa haver dentro de mim.
"Eu não posso ir com você"

Suzane não demonstrou nenhuma expressão, ela simplesmente se levantou a disse. "Esta bem" e foi em direção ao que parecia ser a cozinha.
"Vou matar a sua titia, e você não terá escolha ao não ser ir comigo, quer vinho?'
Eu ignorei sua última pergunta, e falei tudo que eu ensaiei.
"Ei não falei que não queria ir, eu só te peço para esperar eu completar ter 18 anos"
Suzane me olhou em confusão.
"E por que você quer isso?"

"Por que se eu sair da cidade assim do nada, a escola pode estranhar, e minha tia sabe que você esta viva, só não sabe que esta em contato comigo. E eu quero terminar os meus estudos aqui, você não pode me negar isso" ela me deu aquele olhar macabro outra vez, aquele olhar que eu odeio.
E estão ela tomou um outro gole de vinho, pensativa.

"Esta bem, você tem até o seu a aniversário de 18 anos, e você vai comigo, entendeu? Nem pense em fazer alguma gracinha"
Eu a olhei com raiva.
"Por que?" pergunto com calma, por dentro eu estava fervendo.
"Por que, o que?"
"Por que você quer tanto que eu vá com você? Isso não faz nenhum sentido."

"Porque você é minha filha, eu te amo por isso" ela me ama? Todo o meu alto controle foi para o ralo, naquele momento.
"Você matou um homem!"
"Por sua causa, se você não tivesse me traído, estaria tudo bem."
"Eu era uma criança, eu não tive culpa!"
"Não fale assim com sua mãe! Pedro me amava, foi você que o tirou de mim!"
Pelo visto, os anos que minha passou no hospício, nao a ajudou muito, continua maluca, ou pior. Ela ainda me culpava por matar Pedro. Eu apenas me despedir dela, e fui embora, aquela discussão seria inútil.

Passei no mercadinho, para enfim comprar meus doces. Eu realmente estava precisando. Ao entra no estabelecimento, eu já percebo os caixas estão me observando. Eu os ignoro, e vou pegando minhas coisas. Eu faço tudo com a maior calma, mas fica difícil me concentrar com esse tanto de gente me olhando. Meu Deus, não da nem para ir ao mercado em paz!
A caixa que me atende, era uma loira que me olhava de cara azeda.
"Boa tarde" digo sorrindo, enquanto eu vou passando as compras. Essa baca nem teve a decência de me responder.
"Me ajudem! Alguém roubou o meu anel!"

A mulher que gritou estava na casa dos 40 anos, assim que colocou os olhos em mim, eu me arrepiei. Puta merda!
"Será que não caiu em algum lugar?" pergunto.
"Não negra! Foi você que roubou, mulata!"
Aquilo não era uma acusação, e sim uma afirmação, como ela pode achar que foi eu?
"Eu não..."
"Senhorita, vamos precisar te revistar"
Era a mulher de cara azeda, que disse com calma.
"O que? Mais eu não fiz nada!"
"Claro que foi você, quem mais seria?!"

Um dos outros caixas já estavam vindo até mim, com a mão na cintura. Eu já estava me preparando para correr, quando uma abençoada, disse.
"Aqui senhora, eu achei perto do açougue"
Meu corpo todo se aliviou. A mulher que disse isso, era uma senhora loira e magra, que provavelmente estava na casa dos 50 anos, ela vestida com muita elegância. Nao parecia que ela morava por aqui.
"Obrigada, senhora"
Ué, não vai acusar ela também? Affs que ódio, a velhaca saiu andando, como se nada tivesse acontecido.

"Qual o seu nome, menina?"
Eu olhei a mulher que acabara de me salvar, com desconfiança.
"Melissa, e seu?"
"Prazer, meu nome é Raquel"
"Deu 35,45 moça."
Eu dei o dinheiro, e disse a Raquel.
"Obrigada"
"Pelo o que?"
"Por ter me ajudado naquela hora"
"Não fiz mais que minha obrigação"
"Algumas pessoas não fariam nem isso" ao dizer isso, pego minha sacolas, e me despeço dela. Gostei dessa mulher, muito simpática.





Nadando Contra A EscuridãoOnde histórias criam vida. Descubra agora