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Melissa

Eu estava em choque, um misto de sentimentos tomando conta de mim. Primeiro eu sentia ainda mais raiva de Samantha e por quase toda a família dela. Segundo que eu fiquei com um pouquinho de pena da família de Carlos.
"Meu Deus, eu nunca imaginaria isso tudo. Mas o seu casamento só teve desgraça, ou teve alguma coisa boa?"
Carlos de repente da um sorriso.

"Como eu disse, no começo era só flores. Ela dizia que amava todos os dias, na época não sabia que ela era o demônio em forma de gente, então eu respondia que amava também. Mas quem começou com as traições foi ela, eu apenas segui na onda."

"E as crianças, como estão hoje?"
"Bom, eu nunca mais tive contato com elas, e nem com suas famílias, mas sei que foi um alívio ver o homem horrível daqueles pagando pelos seus crimes na prisão."

Eu me encolho, com medo da resposta da minha pergunta a seguir.
"Você... Se sente culpado por alguma coisa?"
Ele fica muito sério agora. Eu sabia que ele estava pensando sobre o que responder.
"Por Samantha, eu sinto apenas um pouco, eu não deveria nem ter começado um casamento que estava na cara que estava fadado ao fracasso. Quanto a Cláudio, eu não queria que ele morresse tão rápido, eu queria que ele sofresse um pouco lá dentro antes. Quanto ao meu pai, não sinto culpa nenhuma, apesar de querer estar de bem com ele, mas não foi eu comecei uma briga desnecessária.

Olhei fundo nos olhos de Carlos, e então a seguinte pergunta saiu da minha boca.
"É por conta desse caso das crianças que você sempre se afasta de mim?"
Ele pareceu assustado com minha pergunta, mas então veio o seu olhar de culpa.
"Melissa, você também é uma criança, é de menor, sei que é tarde para pensar nisso, mas o que eu fiz foi muito errado. Não sou muito diferente daquele monstro."

"Eu não sou exatamente uma criança, eu sei o que é certo ou errado. Eu quis você desde o momento que te vi Carlos. E eu não parei até conseguir, ou seja, nos dois escolhemos errado. Mas se quer saber, eu não me arrependo, teria feito tudo de novo mil vezes."

O rosto dele se iluminou.
"Incrivelmente, eu também não me arrependo, mas já pensou se alguém descobre? Esse tipo de coisa não é muito bem visto."
Ele tinha razão. Eu ele éramos muito diferentes. Ele é um branco rico e eu sou sua aluna preta e pobre. Ele era 13 anos mais velho do que eu. Minha tia me mataria se descobrisse, e eu até sei o que pensariam de mim: que sou só uma aluna que trapa com o professor por nota... Ou por dinheiro, já que a família de Carlos é rica.

"Carlos, o que eu sou para você? Uma aluna na qual você sentiu pena? Uma garota aleatória que você se interessou?"
Ele pensou um e respondeu.
"Melissa, não sei definir exatamente o que você é para mim, mas estaria mentindo se eu dissesse que não é nada. Me diz você, por que se interessou por um professor carrancudo como eu?"

"Eu também penso mais um pouco, e depois eu respondo timidamente.
"Primeiramente, eu te achei muito bonito."
Ele fez um mini sorriso, mas logo voltou a ficar sério. E pediu para que eu continuasse.
"E depois, no acampamento, eu ta conheci melhor, e isso também contribuiu..."
"Carlos, tem uma mulher no telefone querendo falar com você!"

Era Sebastian, ele estava correndo desesperadamente até nós. Carlos e eu, nos levantamos rapidamente. Quando finalmente Sebastian chegou até nós, Carlos lhe perguntou.
"Quem é?"
Ele parecia irritado.
"Ela não se identificou." respondeu Sebastian.
"Alô!" credo, precisa gritar dessa maneira?

Ele esperou um pouco, mas não obteve resposta, depois de perguntar quem era, a pessoa respondeu, e Carlos fez uma careta assustada.
"Quem é?"
"Deixe-a em paz..."
Sem esperar mais eu peguei o telefone da mão dele e atendi.
"Alô? Quem é?"

"Olá minha princesa! Como vai?!"
Era a maluca da minha mãe, olhei furiosa para Carlos e disse.
"Oi mãe, eu vou bem, eu arrumei um emprego."
Digo simplesmente.
"Um emprego? Mas esse grosseirão ai não era seu professor?"
"Foi tudo uma grande coincidência, mãe. Minha tia também trabalhar aqui entende, por isso eu consegui."

"Esta bem então, mamãe te ama viu."
E ela desliga. Por que eu sinto que não esta nada bem? Uma sensação horrível me tomou conta, e eu sai correndo largando no telefone na mão de Carlos.
Quando eu esperei eu estava no meu quarto, olhei no calendário que tinha grudado em uma das paredes, e vi o quanto faltava para o meu aniversário.

De repente Carlos entra no meu quarto, ele parecia muito bravo.
"Mas que mulher mais chata! Quanto tempo falta para o seu aniversário?"
"5 meses."
Ele andou de um lado para o outro, então ele parou um pouco e me olhou como se acabasse de achar a solução para os problemas do mundo inteiro.

"Melissa... E se você se casar comigo assim que completar 18 anos."
Esse com certeza foi o pedido de casamento mais esquisito que já ouvi na minha vida.
"O que? Você ficou maluco!? Eu sou muito nova para casar!"
"Eu sei, mas casada comigo sua mãe não poderia chegar nem perto de você, eu poderia te proteger."

"Essa sem sombra de dúvida é a pior idéia que eu já ouvi."
Carlos volta a andar por todo o quarto, parecia desesperado.
"Quais eram as ameaças que minha mãe te fez?"
Pergunto, e Carlos para, me olha como se eu acabasse de falar um absurdo.
"Para começar, ela me ameaçou de morte, e disse que sabia do nossa caso e era para para mim ficar longe de você, ou então ela mataria minha família."

Eu entro em pânico.
"E o que você respondeu?"
"Para ela me deixar em paz, e disse que ela era um maluca desequilibrada."
"Minha mãe odeia ser chamada louca!"
"Tecnicamente eu não a chamei louca."
Eu bufo de raiva, aquilo não era hora dele ficar de gracinha.

"Carlos pelo amor de Deus, o tempo ta passando, e..."
"Case-se comigo, e todos os problemas resolvidos."
"Por que esse desejo em se casar comigo de repente? Com história como a sua, eu não iria querer me casar nunca mais  com ninguém."
"Não é de repente, eu teria te digo isso lá no jardim, então a conversa foi para outro patamar e..."

"Esta me dizendo que queria me pedir em casamento?!"
Ele sorri, eu fico ainda mais brava com seu sarcasmo.
"Por que o espanto?"
"Você nem sequer me conhece!"
"Você me contou quase tudo sobre você. E eu fiz o mesmo."

"Você é doente! É impossível isso dar certo!"
"Melissa, você me provocou desde o momento em que nos ficamos a sós no acampamento, me contou um monte de coisas sobre a sua vida..."
"Você pode me conhecer, mas e sua família? E o todo mundo vai pensar? Eu não preciso me casar para me salvar da minha mãe!"

"Tem razão, não precisa. Foi uma idéia estúpida. Eu e você estamos em etapas diferentes e blá blá blá."
"O que?"
"É o discurso quando somos rejeitados, mas enfim. O jeito seria denunciar a sua mãe, mas como eu sei que você não quer isso, então temos que pensar em outra coisa, mas depois, agora é hora do jantar. Vá ao meu quarto as 10 horas."

Nadando Contra A EscuridãoOnde histórias criam vida. Descubra agora