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Carlos

Ao deixar Melissa em casa, fui direto para meu apartamento. Eu estava realmente puto. Melissa tinha mesmo que fazer aquilo? Mas que coisa, se alguém visse, nos estaríamos fodidos. Bom não importa, amanhã sera o último dia de escola, e depois será férias, acho que ficarei esses poucos dias na casa de minha mãe. Ela vive me pedindo para ficar com ela, acho que chegou a hora, e eu verei de novo minha irmã Fernanda, que volta hoje da Europa. Será ótimo, toda a família reunida.

Ao chegar em meu apartamento, eu fui direto para o chuveiro, eu ainda estava pensando em Melissa. Era impressionante o quanto ela era diferente, pensei realmente que Melissa era só uma garotinha tímida precisando de ajuda na minha matéria, em vez disso, descobri que era uma pessoa respondona e atrevida.

É difícil saber da personalidade das pessoas quando elas simplesmente não falam quase nenhuma palavra a quase ninguém.
Bom, eu estou cansado de mentir para mim mesmo, eu gosto dela, mas não como um professor deveria gostar de uma aluna, isso é bom, isso realmente pode dar um problemão daqueles . Ela também deve sentir alguma coisa por mim, afinal, foi ela que me beijou primeiro. Ou ela queria só me irritar mesmo.

Eu não queria te-la afastado de mim no carro, mas eu estava tão surpreso, que na hora não pude pensar em outra coisa. A verdade crua e verdadeira é que eu desejo Melissa, nunca desejei tanto uma mulher na vida, nem mesmo as putas aleatórias que eu pegava quando era casado ou atualmente.
Chega de pensar em Melissa, e no meu maldito passado.


Terminei o meu banho, me sequei, coloquei uma bermuda e fui até a cozinha preparar alguma coisa para comer, decidido a tirar aquela pirralha insolente da minha cabeça.
Fiz um sanduíche e liguei a tv.
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Melissa estava quase 20 minutos atrasa, o que era estranho, pois Melissa nunca se atrasava, eu já estava pensando que Melissa não vinha mais.
"Bom dia professor!"
Olhei para porta da sala de aula assustado, mas logo me acalmei ao ver que era Melissa. Ela estava ofegante,e descabelada. Me incomodou o fato de que ela estava com os olhos vermelhos, parecia que ela tinha chorado a noite toda.

"Melissa, esta atrasada!" disse com severidade. E ela abaixou a cabeça.
"Desculpe" sua voz era tão baixa e rouca, que eu mal escutei. Me levantei da cadeira e fui até ela, e peguei o queixo dela, fazendo Melissa olhar para mim. Ela estava muito abatida, seu olhar era ta tristonho, que chegava a me dar pena.
"Por que você está com os olhos vermelhos, doce Mel?" perguntei com suavidade. As lágrimas encheram seus olhos, mas seu rosto permaneceu neutro.
"Nada, professor"

Respiro fundo, e solto o queixo de Melissa, e peço para que ela me acompanhe até uma das messas.
"Melissa, pode falar comigo, talvez eu possa ajudar."
"Como você pode me ajudar?"
"Me conte o que aconteceu, e talvez possamos encontrar uma solução"
Ela abaixou a cabeça, e começou a chorar mais ainda. Eu fui até minha mochila, e peguei minha garrafa de água dei a ela, ela tomou, e olhou para mim com súplica. Eu estou preocupada, nunca vi Melissa naquele estado, tao triste e chorona.
"Você promete que não vai contar para ninguém?"

Eu assenti, mesmo nao sabendo se eu cumpriria, ela começou a falar, chorando.
"Minha mãe é usuária de drogas e quando eu tinha 7 anos, minha ela se casou com o namorado dela, Pedro, ele era traficante,
eu não me lembro muito dele, só que eu o odiava."

Ela respirou fundo, e continuou, e eu fiquei calado, apenas escutando, o que tinha a dizer.
"Minha mãe já me espancava antes de se casar, então ela não ligava muito quando Pedro me batia. Isso durou por 2 anos. Eles me batiam por qualquer coisa, por qualquer coisinha mesmo, seja por quebrar um copo, ou por por pegar um biscoito a mais no pote."

Ela parou de falar para chorar, e eu espero ela continuar. Eu já estava puto, que tipo de família é essa? Esse tipo de coisa deveria ser um crime, uma coisa é educar, outra bem diferente é espancar. Mas infelizmente, era uma coisa muito comum, espancar os filhos quando bem quisesse, só por querem fazer isso.

"Quando eu tinha tinha 9 anos, meu padrasto, começou a fazer coisas muitos estranhas, ele começou a me dar banho, ele queria que eu sentasse no colo dele, começou a me tocar em lugares, que ele não deveria estar tocando. Ela mandava eu pegar em seu penis, eu como era uma burra retardada, fazia tudo que ele mandava. E minha mae nunca desconfiou, ou fingiu nao desconfiar."
Meu estômago embrulhou ao escutar tudo aquilo, que cara nojento! E a mae era tal culpada quanto o mostro.
"Foi indo assim, até um dia, em que minha mãe Suzane foi ao salão de beleza, e eu e Pedro ficamos sozinhos em casa."

Não sei se estava preparado para ouvir o que viria a seguir, meu Deus, Melissa era só uma criança. Que horror!
"Eu estava lavando louça na cozinha, quando de repente... Ele... Ele chegou por trás, e apertou minha cintura e então ele me puxou, me levou pro quanto, e me jogou na cama. Eu gritava desesperada, mas nossa casa era muito afastada, então ninguém poderia ouvir."

Ela chorava e chorava, e eu me aproximei dela, e apertei sua mão, e dei incentivo para continuar. Mas por dentro, eu estava furioso ao sabe que minha doce Mel tinha passado por tudo aquilo.
"Ele me forçou a beijar aquela boca nojenta dele, e eu o mordi, mas ele me deu um tapa no rosto, e tampou minha boca, e começou a tirar suas calças, a erguer meu vestido."

Ela chorou mais ainda, e eu fiquei calado, eu tinha medo do que eu poderia falar.
"Mas por alguma sorte do destino, antes que ele pudesse fazer qualquer coisa, minha mãe bateu na cabeça dele com a frigideira. E ele caiu desmaiado em cima se mim."
Graças a Deus, pelo uma coisa de bom essa mulher fez para a filha.

"Depois minha mãe me bateu, dizendo que aquilo era culpa minha, que eu tinha tentado aquele filho da puta. E depois que Pedro acordou, Suzane fingiu que nada aconteceu. E ela fez a janta, e comemos como uma família normal. Mas de repente, Suzane pegou uma faca e cortou o pescoço de Pedro e... "

Eu me levantei, pensando se aquelas coisas que Melissa estava falando era verdade, não é possível. Melissa continuava chorando, ela parecia estar a beira de síncope nervosa, imediatamente fui até ela, e a abracei, tentando conforta-la, mas a verdade, é que eu nem sabia o que dizer ou fazer.
"Calma Mel, calma, respira, eu estou aqui..."
Eu estava tentando de todos o jeitos acalma-la, quando ela finalmente pareceu se acalmar ela continuou a falar.

"Eu gritei, e sai correndo até a casa do vizinho e gritei que minha mãe tinha matado um homem, e então eles chamaram a polícia, na época, minha tia Bianca, disse que minha mãe ficaria internada numa clínica psiquiátrica, porque o júri declarou que minha mãe era louca."
Ela respirou fundo, e me olhou, mas eu não sabia o que dizer a ela depois daquilo, era muita informação para eu assimilar.

  





Nadando Contra A EscuridãoOnde histórias criam vida. Descubra agora