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Carlos

Eu adorei a resposta de Melissa, como é bom colocar um aluno em seu Devido lugar. Nunca gostei de Rebeca, sempre a achei insuportável, eu sei que eu não devia ter defendido tanto só a Melissa, ainda mais uma agressão, mas eu sabia o quanto Rebeca, era privilegiada no colégio.

"Isso não fica assim" disse Rebeca antes de sair correndo, e todos rindo dela, mas eles voltaram para suas barracas. Eu não gostava de fazer os alunos passarem por isso, mas as vezes era necessário.
Melissa olhou para mim, e sorriu.
"Ela vai querer se vingar"
"Olha minha cara de preocupação" e ela riu mais ainda, mas então ela ela ficou triste novamente.
"Eu nem sei o que vou dizer para minha tia, ela pagou tão caro pela minha barraca."
"Ora, que isso, pode deixar que eu compro outra para você."

Ela me deu um sorriso triste.
"De que adianta? Onde eu vou dormi agora?
Eu olhei ao redor, e todos já tinham terminado, afinal todos eles tinham comprado uma barraca pronta, e eu sabia que ninguém iria querer dividir com Melissa. Mas ai eu tive uma ideia.
"Que tal você dormi na minha barraca?"
Ela me olhou confusa e assustada.
"Com o senhor?"

"Claro que não!" disse espantado, e ela parecia aliviada com minha afirmação. "Eu trouxe uma rede, eu vou dormi nela, e você pode dormi na minha barraca que é bem mais confortável."
"O senhor vai deixar eu ficar na sua barraca?"
"Claro que sim, o ônibus e a minha caminhonete está muito longe daqui, e eu não vou deixar você dormi no frio da noite"
Ou ela poderia se esquentar com meu corpo grudado no dela. Para com isso Carlos, ela é sua aluna e menor de idade, para com isso, velho babão.

"Fico agradecida professor"
"Não me agradeça, esse é o meu dever, deixar todos os alunos confortáveis, mas agora me ajude a montar a barraca, já está quase escuro."
Ela assentiu é em seguiu até o local que escolhi para montar a barraca, ali tinha suas árvores, com espaço bom entre elas, perfeito para minha rede.
Com a ajuda de Melissa, a montagem foi bem mais rápido, em 10 minutos estava tudo pronto, só faltava instalar minha rede.

"Bom tudo pronto." digo quando tudo estava arrumado. 
"Ficou tudo uma maravilha."
Olhei no meu relógio e vi que já eram quase oito horas da noite. Eu estava faminto.
"Está com fome, Mel?
Ela ficou envergonhada.
"Estou, mas eu não me lembrei de trazer comida."
Eu dei risada, Melissa era realmente um amor de pessoa.
"Não se preocupe minha cara, eu trouxe comida."

Tirei na minha enorme mala, dois saquinhos de salgados, e um refrigerante.
Entreguei dois para Melissa, e dois ficaram para mim. Eu comi tudo com rapidez, e Melissa bem devagar.
Eu precisava fumar, então me levantei e peguei uma carteira de cigarro e um esqueiro do meu bolso e acendi, Melissa estava com o senho franzino.
"O que foi?"
"Surpresa que você fuma."

Eu dei risada, e dei uma tragada.
"Você fuma?" perguntei para ela com desinteresse.
"Não, nem bebo e nem uso drogas" ela parecia orgulhosa disso.
"Hum"
"Mas tenho que tomar meus remédios agora, com licença"
"Que remédio?"
Ela pegou sua mochila e procurou o tal remédio.
"Pelo menos isso aquela louca não jogou fora, são meus remédios para depressão"
"Você tem depressão?"
Perguntei espantado, agora tudo fazia sentido.

"Sim, se eu não tomo meus remédios, tenho ataques que nem eu tive agora a pouco"
Eu sorri.
"Eu acho que aquilo não foi uma ataque por falta de remédios, acho que que você queria fazer aquilo faz muito tempo."
Ela deu risada, e pegou o remedio e o refrigerante e e os colocou na boca e engoliu. Eu podia jurar que aquilo não fazia muito bem.

"Pode ser, aquela garota é insuportável, ela me persegue desde que entrei na escola, e você sabe muito bem o motivo"
É, eu sabia, tinha muito poucos alunos negros nas salas de aula, e eu sabia que a  vida de nenhum deles era fácil mas escolas de brancos, eu sou professor faz 8 anos, claro que eu já testemunhei muitos casos, e também como advogado.

"O seu antigo professor de matemática quis se aproveitar de você por que você ser negra?"
Ela não respondeu, ficou lá sentada escorada na árvore com o olhar perdido, ela não precisava responder, estava nítido a resposta.
Na minha sala de aula, eu sempre tratei todos os alunos igualmente, será para elogiar eu elogiava, se era pra dar bronca eu dava bronca, não importava se era Negro, branco, Pardo, asiático, para mim eram todos iguais.

"Me fala professor, por que você quer tanto me ajudar a passar em matemática?"
"Sou seu professor, é meu trabalho"
Ela sorriu, é se aproximou de mim.
"Será mesmo?"
Eu fiquei em alerta, eu terminei o cigarro é o joguei fora, Melissa ficou bem na minha frente, com os olhos fixos na minha boca, eu olhei o acampamento, não havia ninguém do lado de fora, só havia algas barracas iluminas.

"Melissa... "
"Eu vejo o jeito que você me olha."
Eu não respondi, porque era verdade, a proximidade dela estava me deixando incomodado, e meus olhos foram para seus lábios e decote.
"Você não olha para mim como um professor deveria olhar para uma aluna comum"

Ela colocou dois braços de cada lado de mim, e seu rosto se aproximou mais de mim, eu vi que ela realmente iria me beijar."
"Beija-me, professor"
Eu estava quase sedendo, eu queria muito beija-la, mas minha racionalidade falou mais alto, então apertei os ombros dela, e e a afastei de mim. O rosto dela era a imagem da própria confusão, estava vermelho, é lindo me faz querer voltar atrás e beija-la até esquecer do mundo ao nosso redor.

Eu não podia fazer isso.
"Boa noite Senhorita Silva"
E me levantei e me deitei na rede, Melissa se levantou rapidamente e correu para a barraca.
Eu sou um nojento mesmo, querer beijar minha própria aluna, não importa que seja ela que tenha se oferecido. Eu não posso cometer esse tipo de erro, mas acho que já é tarde, porque Melissa já está tomando um lugar na minha mente.

Agora eu vou dormi pensando nos lábios de Melissa, pensando em seu corpo, sua pele, seu cabelo...







Nadando Contra A EscuridãoOnde histórias criam vida. Descubra agora