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Melissa

Eu estava puta. Completamente puta! Como aquele filho da puta pode fazer aquilo? Eu realmente estava muito triste e magoada. E agora ele está lá, naquele mesa cheia de gente esnobe, conversando com uma ruiva com cara de metida.

Para piorar a minha situação, eu ainda estava um pouco dolorida, por conta da minha ótima aventura no banheiro. Sem contar que amanhã mesmo eu vou ter ir a farmácia. Eu não posso ter um filho nessa idade.

Eu estava desligada no mundo, só despertei sentindo minha tia me tucutando.
"Esta surda menina? Me sirva mais vinho!"
Era a ruiva com cara de cu, falando. Vejo Carlos cochichando alguma coisa no ouvido dela, sem esperar levar outra bronca, eu vou lá e sirvo mais um pouco de vinho.

"Então quer dizer que você é aluna do meu Carlos? Não sabia que você dava aula para esse tipo de gente, querido."
Meu Carlos? Querido? Mas Carlos não era divorciado? Lanço um olhar questionador a Carlos, a qual ele olha para a ruiva, com cara de merda.

"Não sei com que tipo de gente você tá falando, e também não sou seu, e não me chame de querido."
Vou chutar que essa mocréia, é a ex-esposa dele. Vamos ver se eu descubro até essa noite acabar.

"Bom, não acho certo pessoas de cor tão escura estudarem junto a pessoas normais."
Minha vontade é de voar na cara dessa vaca.
Sinto o olhar de aviso de minha tia sobre mim, e o jeito que aquela mocréia me olhava, como se ela fosse superior a mim, me deixava ainda mais irritada.

"Tenho certeza que Melissa é tão inteligente quanto todos da classe. Não é meu filho?" pegunta Raquel, e Carlos faz sim com a cabeça. E eu me sinto envergonhada, só de lembrar tudo que tivemos que fazer para mim conseguir nota.
"O que pretende ser quando terminar a escola, minha querida."

Raquel me pergunta aquilo com um olhar cheio de esperança.
"Quero ser médica." simples assim, e então escuto as risadas eufóricas na mesa. Todos debochando.
"Uma mulher ser médica?!"
"Uma mulher negra e pobre ser médica!? Que original!"

Fernanda, o namorado de Fernanda, Raquel, e Carlos não riram de mim. Tive vontade de chorar. Me segurei para sair daqui correndo, olhei para minha tia, ela me deu um olhar de pena. Quando a graça finalmente acabou, eles voltaram a comer.

Eram quase 11:30 da noite quando o último convidado foi embora, eu cantava graças a Deus, eu estava morrendo de sono, e estava muito suja, precisava urgentemente de um banho. Quando e minha tia e eu estávamos indo arrumar nossas coisas para irmos, Raquel nos chamou.

"Para começar, eu queria pedir desculpas pelo o que aconteceu na mesa de jantar."
"Tudo bem. Estou acostumada."
"E também, eu queria que vocês dormissem aqui, esta muito tarde, vocês não acham?"
"Senhora Raquel, não precisa..."
"Eu insisto, tem roupa de sobre aqui, e quartos o suficiente. Ademais, é muito perigoso voces saírem na rua tão tarde assim."

Sem saída, minha tia e aceitamos, realmente era muito perigoso. Como se fosse o capeta em forma de gente, Carlos aparece, e olha diretamente para mim.
"Elas vão dormir aqui hoje?"
"Algum problema?  Pergunto com ignorância. Ele fica surpreso com o meu Tom, e minha tia me da um beliscão to por dizer isso.

"Não tem problema nenhum, eu iria oferecer a carona para vocês, mas é melhor vocês aqui, é muito perigoso a essa hora da noite."
Raquel acena para o mordomo Sebastian, que vem em nossa direção em passos largos.
"Sebastian, por favor de roupa para essas duas, elas vão passar a noite aqui."
"Sim senhora."

Fiquei impressionada com quarto que nos ficamos, ele era enorme, e tinha até um banheiro.
"Esse é o seu, Melissa, é seu Fica do outro lado, Bianca."
Minha tia havia passado a noite fora muitas vezes, mas nunca podia imaginar que era aqui, junto a patroa.

Raquel e Bianca saíram, e eu fechei a porta, eu já estava indo para o banheiro  tirar essa roupa pesada.
Entrei e liguei o chuveiro, que já saiu com água quente, fui tirando a blusa, e de cara já vejo meu sutiã com a alça arrebentada, e as marcas roxas de chupões no meu pescoço, que estavam escondidos pela gola alta da minha blusa.

Tiro toda minha roupa, e entro no chuveiro.
Eu não estava arrependida, eu faria tudo de novo. Mesmo depois da decepção que veio depois. Mas eu tenha que admitir que Carlos estava certo em parte.
Foi só um momento, nada de mais, ele tinha uma carreira, e eu ainda estava só no começo da minha vida. Eu fui mesmo muito emocionada em achar que nos teríamos mais alguma coisa depois de tudo o que houve.

Se bem, que depois de Miranda, ele foi a pessoa que eu mais confiei, meus segredos, meus problemas, minhas magoas... Acho que eu estava realmente estava com minhoca na cabeça.
Terminei o meu banho, e me enrolei na toalha, e começo a me secar. Depois eu enrolo outra toalha no meu cabelo.

Eu saio do banheiro a coloco a camisola, que a Raquel emprestou. Eu achei ela bem comportada, parecia até um vestido decotado, e transparente de cor branca.
Eu estava passando um creme, que achei no banheiro, quando escutei uma batida na porta.

"Quem é?"
"Sou eu, Carlos."
Sinto meu coração bater desesperadamente, e meu corpo gelar. Misericórdia, o que esse homem quer a essa hora da noite?

Nadando Contra A EscuridãoOnde histórias criam vida. Descubra agora