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Carlos

Depois que Sebastian leva as mulheres para descansar, eu vou a cozinha e como um dos restos de bolo que ficou na geladeira.
"Da próxima, você seja mais discreto."
Olho para Juliano, e vejo ele com cara de bravo, fico sem entender.
"Como assim?"
A cara de deboche dele me irrita num nível, mas nada poderia me assustar mais do que ele disse a seguir."

"Sera que é um certo banheiro, pode fazer você entender?"
Vou até a porta da cozinha e vejo se tem alguém do lado de fora, e depois eu a fecho.
"Ta bom, o que você quer?"
Se a cara de deboche dele já  estava me irritando antes, a de ofendido é pior ainda. Na verdade, só de olhar na cara de Juliano me irrita.

"Só uma coisinha de nada."
"Dinheiro?"
"Sabe que eu não preciso disso Carlos"
Eu estava ficando sem paciência.
"Então fala logo, o que você quer?"
"Seu perdão."
Nada poderia ter me preparado para isso. Perdão? Depois de ter me apunhalado pelas costas? Jamais.

"Não, isso nunca."
"Pelo amor de Deus carlos, já faz tanto tempo. Será que não dá para você esquecer isso?"
Minha vez de fazer cara de deboche, olho para ele com raiva, e ele se encolhe.
"Você comeu minha ex-esposa quando eu e ela ainda estávamos casados. Eu esperava isso de qualquer um menos de você. Você era a pessoa que eu mais confiava.

"Mas..."
"Como se não bastasse, você teve coragem de dizer que o filho que ela estava esperando era seu, até hoje eu não faço ideia se se o bebê que ela esperava era seu, ou do padrasto dela."
"Carlos..."
"Faça o que quiser, mas eu nunca vou te perdoar."

Saio da cozinha indignado, mas junto com meu bolo, e vou até a porta do quarto de Fernanda, e escuto uns barulhos estranhos vindo de la de dentro, eis que  sai uma Fernanda muito corada e descabelada de lá dentro do quarto.

"O que você quer Carlos?"
Nossa, quanta hospitalidade. Engulo o pedaço de bolo, e digo.
"Você tem pílulas anticoncepcional?" pergunto simplesmente, e vejo o rosto de Fernanda ficar vermelho.
"O que?"

"Pílulas..."
"Essa parte eu ouvi, mas para que você quer?"
"É simples, eu transei e agora preciso de uma ajudinha."
"Com quem você transou?"
"Isso não é da sua conta, tem o anticoncepcional, ou não?

Ela bufa, e fecha a porta, eu espero, se ela demorar demais eu vou bater de novo. Dois minutos depois, ela sai, com uma caixa cheia.
"Aqui, toma."
Dou um sorriso simpático para ela.
"Você é a melhor irmãzinha.
Ela teve a coragem de de fechar na minha cara, e volto a escutar vozes lá dentro.

Com um sorriso, vou em direção ao quarto da minha perdição, que ficava um pouquinho distante do quanto de Fernanda.
Ao chegar lá, bato na porta logo ela pergunta quem é. Sem rodeio digo que sou eu, demora um pouco, mas escuto os passos dela vindo em direção a porta. Perdi o fôlego ao ver o que Melissa estava vestida, aquela camisola não era muito chamativa, mas ficava perfeito nela.

A carinha de brava dela, a deixava ainda mais irresistível.
"O que você quer?"
Fico surpreso com seu tom de escárnio.
"Trouxe o remédio, para evitar algumas consequências desnecessárias."

Ela o pega da minha e depois, tenta fechar a porta. Pra evitar isso, eu seguro a porta, e entro no quarto, e fecho a porta.
"O que mais você quer?"
"Conversar."
"Não temos nada mais nada pra falar."
Ela pega a água que esta na mesinha do lado da cama e toma um comprimido.

"Temos sim, eu queria que você entendesse que..."
"Eu não tenho que entender nada, cometemos um erro, nada de mais, as pessoas fazem isso o tempo todo. Pode ficar tranquilo que eu não vou contar a ninguém?"

Fico irritado com o jeito que ela fala essas palavras.
"Esta certo que foi um erro, mas não sei se posso garantir não vai voltar a acontecer."
Melissa quase se engasga com a água  quando escuta o que eu digo, mas é a verdade.
"Como assim, não garante qua não vai voltar a acontecer?"

Eu vou até a cama e me sento.
"Você sabe, nos..."
"Por favor não me lembre o que aconteceu entre nos."
"Eu não preciso, essas marcas no seu pescoço já diz tudo.
Ela passa a mão em seu pescoço e me olha com cara de brava.
"A culpa é sua!"

Como se uma formiga tivesse picado meu rabo, eu me levanto da cama em um pulo.
"Só minha? Minhas costas ainda estão ardendo dos arranhões de suas unhas."
"Mas nas costas, ninguém vai ver nada, já no meu pescoço."
Nessa eu perdi no argumento.
"É você não deveria ter me provocado, deu no que deu."

Ela fica vermelha de repente, eu só não sabia se era de raiva ou de tesão, se ela começar a gritar vou seu obrigado a amordaça-la na cama.
"Você é um babaca!"
"Eu é que sou babaca? O que eu posso fazer? Sou homem, e infelizmente, minha moral não foi mais forte que meu instinto."

Eu devo ta falando um monte de besteira, misericórdia, eu pareço um adolescente birrento.
Melissa respira fundo e parece contar até dez na sua mente, enquanto me xinga de todos o nomes possíveis e existentes.
"Então você não é culpado de nada por ser homem?"

"Na verdade, eu seria culpado se eu sentisse alguma culpa, como você também não se sente culpada, só sinto alívio."
"Como ter tanta certeza que eu não me sinto culpada?"
"É só um palpite, e como eu sempre acerto em meus palpites..."

Melissa é realmente linda quando esta brava.
"Carlos, sai daqui."
Eu já ia sair, mas ai eu me lembro que estou na minha casa, então eu volto a me sentar na cama.
"Vem me tirar."

Eu já estava olhando ao redor, para ver se tinha algo de muito pesado para Melissa jogar em mim, pelo jeito dela, eu só vou sair desse quarto morto.

Nadando Contra A EscuridãoOnde histórias criam vida. Descubra agora