CAPITULO OITO

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MONTE CARLO, MÔNACO || TERÇA-FEIRA, 05.04.2022

CHARLES LECLERC

Ainda consigo sentir a textura dos lábios pequenos e finos, meus dedos dentro dos fios de cabelo, a pele morna e macia... o cheiro de morango que irradia de sua pele. Quando ela suspira em meio ao selar eu quero puxá-la para perto, para o meu colo, quero apertar o corpo pequeno, continuar sentindo seus lábios a noite toda.

Abro os olhos de supetão ao ouvir o som do despertador tocar, encaro o cômodo ao meu redor e suspiro quando reconheço as paredes do meu quarto em casa. As imagens do sonho ainda vívidas em minha mente, parecia real demais pra ser um sonho... parecia até mesmo uma lembrança, uma lembrança daquela noite...

Deito de barriga pra cima por alguns minutos e encaro o teto, perdido em nas sensações que pareço sentir novamente na ponta dos meus dedos. Quando o despertador toca mais uma vez eu volto a realidade, preciso levantar, me arrumar e dirigir por uma hora e meia em direção a Bolonha, onde Carlos e Amélie estarão me esperando para irmos juntos até a Austrália. Sento na cama e desligo o som alto que reverbera pelo quarto, estico os braços me espreguiçando e observo a paisagem do lado de fora do apartamento, um sorriso pequeno surge em meu rosto.

"—Você ainda não viu a da minha sacada. —os olhos caramelados são desviados em minha direção e ela sorri, sinto o coração falhar uma batida— Quem sabe um dia..."

Um suspiro deixa meus lábios, não consigo esquecer... não consigo tirar ela da minha mente, aquela dança no jardim, o brilho no olhar, nossos lábios tão próximos.... eu nunca quis tanto beijar alguém quanto quis beija-la naquela noite, nunca quis tanto que não houvesse empecilhos ou outras pessoas em nossas vidas... queria ela, toca-la, beija-la, senti-la a noite toda em meus braços, dizer o quão é bonita e que não consigo ficar longe.

Mas não posso... não devo. E isso é errado! Se eu digo aos quatro ventos que não sinto nada por ela, porque não consigo ficar longe ou esquecer essa morena de sorriso fácil e que me faz perder batidas do coração.

Eu gosto da Stella, do sorriso, da sensação de tranquilidade que ela me passa, gosto de estar com ela, de ouvir ela falar sobre os desfiles que vai, sobre os países que já visitou, sobre os famosos que já conheceu, mas... não sei mais se o que sentia antes por ela é o que eu sinto agora, não sei se Stella é quem domina o meu coração, os meus pensamentos... não sei se é com ela que eu quero estar daqui alguns anos, morando em uma casa beira-mar em Mônaco e viajando todos os fins de semana para lugares diferentes.

Preciso me concentrar, me concentrar na corrida, no fim de semana, em ganhar mais uma vez... os sentimentos e relacionamentos posso deixar pra depois.

Levanto da cama e encaro as duas malas prateadas no canto do quarto, a viagem seria longa até o país Oceânico, caminho em direção ao banheiro e ali fico pelos próximos 40 minutos, faço minhas higienes matinais, um banho longo e me seguro para não estourar algumas espinhas que nascem em meu rosto.

Nos últimos dias, me dividi entre Maranello e Mônaco, sessões no simulador e minha rotina de exercícios com Andrea, em reuniões com a equipe e jantares com a minha família. Estamos focados em um resultado positivo na corrida do próximo fim de semana, a Austrália é mais favorável a Red Bull —assim como grande maioria das pistas—, mas parece que conseguimos encontrar um acerto no carro que nos deixa com uma vantagem na pista de Melbourne, só espero que isso se comprove no autódromo.

Depois de pronto, arrumo meu cabelo e passo um perfume, então arrumo a mochila com algumas coisas que não poderiam ir na mala, pego celular, carteira e meus fones, coloco tudo nos bolsos e sigo para fora do apartamento.

Happiness || Charles LeclercOnde histórias criam vida. Descubra agora