Desconfiança

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No caminho pra sala de cirurgia os médicos me faziam várias perguntas. Se eu sou usuário de drogas, se tenho alguma doença no sangue, quando foi a última vez que comi. Eu respondi tudo abracei o enfermeiro que levantou da cadeira para tirar minha blusa e colocar um roupão cirúrgico. Colocaram uma touca do mesmo material do cabelo. Eu não reclamei de nada, nem pelo álcool que passaram insistentemente no meu braço. Me colocaram em uma maca. Eu tentava aparentar serenidade, mesmo que estava completando agitado e ansioso. Eu quero ver Jimin.

Finalmente entraram numa sala de cirurgia comigo. Eu ouvia o aparelho que monitorava o coração de Jimin apitar constantemente, mostrando sua estabilidade. Fiquei contente em ouvir o coração dele batendo, mas quando me puseram deitado na maca ao lado dele, quando finalmente tive a visão do seu corpo, me intristeci novamente. Como puderam machucar tanto ele? A agulha entrava no meu braço.

_Desculpe, é um pouco grossa.

Ela comentou, acho que porque comecei a chorar. Sem tirar os olhos de Jimin eu respondia.

_Não faz mal, vai passar, a dor passa.

Eu estava falando dele. Eu estava com um misto de sentimentos. Preocupado por ele está cheio de arranhões, por estar sendo operado, por estar tão magro. Eu também estou com raiva por terem sido covardes com ele, por serem cruéis com ele. Eu também estou emotivo, eu quero muito cuidar dele, abraçar, esconder ele, não deixar mais sair da minha proteção. Também estou tentando manter as aparências, fazer o papel de professor dele, quando o que eu mais queria era fazer o papel de quem o ama…é esse que sou de verdade. 

Eu comecei a ficar sonolento, eu não queria adormecer, queria observar ele por mais tempo, ter certeza que estão cuidando bem dele, mas chegou num ponto que eu não consegui mais segurar, deixei minha visão escurecer. De olhos já fechados, acordei com um estrondo na porta, pessoas gritando.

_Não pode entrar aqui assim!

_Estamos em cirurgia!

Eu ouvia as frases serem deixadas no ar. Olhei pra porta e vi dois policiais sendo expulsos por enfermeiros da sala de cirurgia. A polícia está aí então. Ao menos vou adormecer tendo a certeza que Jimin está bem.

………………………..

_Eu já falei, eu não sequestrei o garoto, eu apenas o encontrei vagando na rua próximo a escola! Se realmente eu tivesse feito esse sequestro eu não ligaria pra vocês, não é?! 

Eu fui levado para um quarto no hospital afastado da sala de cirurgia para ser interrogado pela polícia. Eu estou aqui a pelo menos uma hora jurando que não sou culpado e repetindo diversas vezes o que aconteceu, mesmo assim não parecem acreditar em mim.

O interrogatório só acabou quando um policial chegou na sala dizendo para me liberarem, que tentou entrar na cirurgia pra falar com Park, mas os médicos não deixaram. Eu revirei os olhos. O garoto está sendo operado, um pouco de empatia seria bom. O que pensaram que ia acontecer? Jimin dar o depoimento dele enquanto lhe cortavam a pele? É óbvio que não iam deixar ele entrar.

Finalmente fui liberado. Mal saí da salinha e já fui abraçado por Yoongi. Minhas costas bateram na porta atrás de mim.

_Tae! Namjoon contou pro Hoseok que me ligou. Eu vim correndo. Você achou ele, achou Jimin, obrigado, obrigado!

Yoongi me abraçou forte e com tanto amor que até estranhei. Mas claro, não reclamei, apenas abracei ele de volta. Porque ele está tão preocupado com Jimin assim? Ele disse que não faz muito tempo que o conheceu e o empregou. Talvez seja hora de aprofundar um pouco mais nos questionamentos.

Poucos segundos depois a porta do quarto se abriu e os policiais saíram conversando baixo. Eu peguei Yoongi no colo e entrei no quarto. Sentei  recostado na cama com ele no meu colo, eu colocava o cabelo dele pra trás da orelha. Ele desviou o olhar. Eu segurei seu queixo com a ponta dos dedos e o fiz me olhar.

Ou me ensina ou me excita Onde histórias criam vida. Descubra agora