Prólogo

4.7K 159 6
                                    

Atena

Mais um dia acordando com o som do galo do senhor Giuseppe, me pego pensando o que estaria fazendo se naquela noite não tivesse ido aquele maldito bar e encontrado aquele monstro... TRIM!!!!TRIM!!!!!

- Droga!! - bato a cabeça na cabeceira ao ouvir o som de meu despertador significando que estava na hora de levantar. Levanto e vou em direção ao meu guarda roupa, agarro a primeira roupa que vejo na frente, coloco a correntinha que papai me deu, ele disse que foi da minha mãe. Minha rotina basicamente é acordar às seis da manhã todos os dias para ir trabalhar com meu pai, Tito. Arrumo-me correndo para ir a nossa padaria, Os Santini, não querendo ser esnobe, mas entre nós é a melhor padaria do mundo, temos pães, muffins e incríveis cupcakes da vovó que são a melhor coisa que eu já provei, papai que não me escute dizer isso, pois para o mesmo só existe o seu famoso pão, Santininho, em homenagem a nossa família.

Confesso que a melhor parte do meu dia é quando recebo os clientes e posso lhes oferecer sua felicidade matinal, um belo café. Quando vejo um casal de velhinhos entrando na padaria já fico entusiasmada, adoro casais, deve ser porque meu sonho é um dia ser como um desses casais; e outra felicidade são as crianças, algumas são anjinhos e outras... mas acredito que mesmo os amando, minha real vocação seja os animais, porque desde pequena adoro todos os tipos de bichos, dos mais comuns até os mais exóticos.

Sempre fui uma criança curiosa e como moramos em uma parte afastada na Itália - temos um vasto campo para a diversão e as festividades da pequena cidade, Bellagio. A paisagem é de invejar e temos o melhor ponto da cidade que é o lago. Adoro esse lugar, mas as pessoas que o rodeiam digamos que, muitas vezes, são desagradáveis.

Corro para a cozinha e não encontro ninguém, devem ter ido trabalhar, pego uma maçã, fecho a porta e me apresso para ir à padaria, que fica a duas quadras de casa. Chegando, coloco um avental, vou para trás do balcão e começo a contar o dinheiro.

Saio do meu transe quando ouço o sininho da porta de entrada soar e, ao olhar para frente, deparo com dona Matilde, mas conhecida como minha vizinha.

- Buongiorno, dona Matilde! Como está? E o seu Giuseppe e seu galo estão bem? - recebo-a com meu sorriso marcante pelas covinhas.

- Oh, mia cara ragazza, estou muito bem e aquele velho está melhor do que nunca, não larga aquele maldito galo, já lhe falei que dá próxima vez que aquele chicken little comer alguma flor minha, irei assá-lo para o jantar - disse dona Matilde, com uma carranca.

A senhora era muito bela apesar da idade avançada, tinha cabelos loiros com uns punhados de fios brancos que eram pouco notados graças ao coque mal feito, possuía os olhos azuis mais puros que já vi, como se fossem duas lindas safiras. E o senhor Giuseppe, seu marido, amava mostrá-la, pois a considerava a mais bonita da pequena cidade e do mundo.

- Matilde!!! Que honra tê-la aqui neste maravilhoso dia, deixei separado uns muffins de mirtilo que o velho Giuseppe ama! - meu pai disse atrás de mim com uma embalagem em suas mãos. O velho me deu um beijo na cabeça e riu.

- Pare de ser bobo, Tito, venho aqui todos os dias para vê-lo e ver essa linda raposinha - disse a senhora mencionando meu apelido favorito, mas mesmo assim fico com um rubor em minhas bochechas, que agora se parecem com a cor de meus cabelos ondulados, herdados de minha mãe.

- Bom, meus queridos, preciso ir embora, nos vemos amanhã - diz a senhora ao sair.

E esse é meu dia, ele se baseia em atender os clientes, viajar na maionese e ajudar a nonna na cozinha.

Nunca vou te deixarOnde histórias criam vida. Descubra agora