Capítulo XI

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                                                Hades

Eu sou o cara mais burro do planeta, sem exceções. Joguei cocô do Dante na Atena e no Daniel por simplesmente estar com CIÚMES, mas eu e Atena não temos nada! Querem me bater? Ela fez isso por vocês e não lhe tiro a razão. Depois do que aconteceu Daniel veio me explicar que ele não gosta da Atena, pelo menos não romanticamente e o filha da puta me disse que está apaixonado pela minha irmãzinha, isso não pode ser real, eu vou ser cunhado do meu melhor amigo! Urgh, quero vomitar.

Flashback on:

Sento em minha cadeira e logo em seguida vejo Daniel entrar em meu escritório com raiva.

- Você pirou? Por que nos jogou cocô? – pergunta batendo em minha mesa e na mesma hora tampo meu nariz pelo horrível cheiro.

- Eu joguei porque você e Atena ficam namorando toda hora e não trabalham, tenha a santa paciência Daniel! – falo revoltado.

- Porra Hades, eu não tenho nada com a Atena, você é uma anta, eu estava indo falar para ela que eu gosto da Perséfone!!!! – travo na mesma hora, meu melhor amigo está apaixonado pela minha irmã, eu mereço. – Eu a amo e, você gostando ou não, vou ficar com ela.

- Sai daqui, Daniel. – falo sem pensar em nada, só em como minha menininha cresceu.

Flashback off.

Desde esse dia que Daniel confessou gostar de Perséfone, ele não desgrudou mais dela e no fundo sei como ele faz bem para minha irmã, mas meu instinto protetor me trava.

E para piorar tenho que resolver o assunto do meu irmão, Ares, que está para chegar entre hoje e amanhã. Preciso me preparar psicologicamente para olhar em seus olhos novamente e não me sentir culpado. Depois que nosso pai faleceu, todos nós tivemos problemas, eu me afundei na bebida, Ares nas drogas e Perséfone na ansiedade. Eu, como o novo homem da casa, tive que assumir o que papai deixou e com isso vieram meus irmãos e minha mãe. Não dei atenção para ninguém, acabei me afundando cada vez mais e entrando numa bolha.

Quando meu pai morreu, Ares tinha apenas dezessete anos e se não tratássemos seu problema com as drogas, ele poderia morrer. Não nos falamos desde que nosso pai faleceu e isso foi há nove longos anos. Perséfone me perdoou pela falta de atenção e comprometimento, mas Ares é outro assunto, ele é minha mini versão. Para fazê-lo largar as drogas o mandei para a França, longe de tudo que lembrasse o papai. E para o tratamento ser mais eficaz tivemos que nos afastar e deixá-lo se recuperar.

Sofremos muito, mas sempre que podia a clínica nos mandava fotos e notícias sobre ele. Agora faz quatro meses que estamos sem notícia, pois é o processo final da cura.

Flashback on:

- Bom dia, ele está no quarto, podem pegá-lo? -digo olhando para o chão, sem acreditar que tive que chegar nesse ponto.

Os enfermeiros sobem as escadas em passos firmes, posso ver na sala Perséfone no colo de minha mãe aos prantos, ela é apenas uma menina, mas um dia irá entender. Minha mãe me olha como se compreendesse meu lado e é graças a isso que estou de pé, porém posso ver suas fundas olheiras, ela foi quem mais sofreu nessa situação, tendo que esconder seus medos para nos proteger.

- NÃO!!!!! - escuto o grito de Ares e meu coração se quebra ao vê-lo descer com seu pijama de bolinhas, que mamãe nos deu de presente. Segundo ela, seus meninos ficariam lindos com a mesma roupa e lógico que papai tinha um igual. Ares descia a escada gritando nos braços dos homens.

- Hades, por que estão me levando????? Mamma, por favor me ajuda, eu não fiz nada, eu juro. -confessa chorando como um bebê.

- Ares, meu pequeno menino, vai ficar tudo bem, mas você não pode mais permanecer aqui, querido, só está se machucando e a nós também. Eu juro que vou falar com você todos os dias. -diz minha mãe com os olhos encharcados pelas lágrimas, eu e Perséfone não estamos diferentes.

- Mamãe, eu quero o papai. - fala Ares desolado.

- Eu também, querido. Mas isso é o melhor a se fazer no momento. - diz olhando em seus olhos.

Ares parece aceitar e Perséfone corre para abraçá-lo sendo recebida de braços abertos. Já eu me mantenho em meu lugar, pois sei que agora ele está com raiva de mim, mas um dia irá entender meu lado. Era colocá-lo na reabilitação ou vê-lo morrer aos poucos pelas drogas. A decisão era certeira.

Vejo-o saindo da casa com os olhos vermelhos e, prestes a entrar no carro, ele me olha e em seguida é sedado. Desmorono ali mesmo e sou recolhido por mamãe e Perséfone que choram junto a mim. Foi para seu bem Ares, eu juro...

Flashback off.


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