Capítulo XVIII

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Atena

Paro em frente a Nonna, mas ela está em um caixão e não me envolvendo com seu grande abraço de urso. Está linda com um conjunto rosa e os cabelos bem penteados, vovó sempre foi muito linda, arrasando corações quando jovem e vovô teve sorte em tê-la. Olho para frente e posso ver a maioria das pessoas da cidade, até mesmo o imprestável do prefeito e sua mulher sonsa, pois apesar de tudo vovó era uma cidadã de respeito.

Vejo a família Salvatore chegando, sempre impondo respeito e a primeira a vir em minha direção é Perséfone.

- Ah amiga, eu sinto muito!! Dona Margarida era a melhor senhora desse mundo, lembro quando ela nos abraçava porque estávamos com medo da chuva. - diz Perséfone com lágrimas nos olhos e me abraçando. Logo atrás vem dona Luísa.

- Meu bem, meus pêsames por tudo que você está passando, estamos aqui para o que precisar, não hesite em nos pedir. - diz dona Luísa.

- Meus sentimentos, Atena. - dizem Ares e Daniel, abraçando-me e logo indo em direção ao meu pai, que está nos braços de uma mulher que descobri ser Anna, sua amiga. Ele pensa que me engana ao falar que é sua amiga, mas no fundo sei muito bem que não se trata disso e sim de uma namorada. Sinto-me normal em relação a isso, porque em todos esses anos meu pai só se dedicou a mim e agora ele merece alguém para compartilhar uma vida.

E lá vem ele com seu terno sob medida abraçando todos os seus músculos... ao seu lado alguém que eu não esperava ver tão cedo.

- Filipo?? - digo chorando e o pequeno vem correndo para meus braços. – Obrigada! - falo sem fazer barulho para Hades.

Ele apenas acena com a cabeça e depois disso me concentro apenas no meu pequeno que agora está em meus braços.

Mais tarde, estou sentada em um banco embaixo de uma árvore mais afastada da igreja - deixei Filipo com meu pai, pois o menino passou o velório inteiro em meus braços – e escuto:

- Precisava pensar? – era a voz de Hades atrás de mim.

- Pois é, e precisava respirar... Obrigada por trazê-lo, ele me ajudou muito. - afirmo triste e agradecida ao mesmo tempo.

- Seu pai me perguntou quem era ele. - fala agora sentado ao meu lado.

- E o que você respondeu? - pergunto curiosa.

- Que era um menino que vivia na minha fazenda e que você possuía um grande carinho, acertei?.

- É, acho que sim, não passa disso. - digo triste. – Hades, obrigada pelo velório e pelo tempo que ficou comigo no hospital. - agradeço fixando-me em seus olhos.

- Eu faria tudo novamente, contanto que te ajudasse. - diz sincero.

- Foi um bom... amigo. - afirmo olhando para o chão, pois queria dizer outra coisa, mas não posso.

- Claro, um amigo. - diz com raiva e decepção ao mesmo tempo. - Bom, já vou, tenho uma fazenda para gerenciar. Meus pêsames, Atena, até logo. -diz saindo sem ao menos me olhar, me quebrando-me mais ainda.

Voltando, peço um papel para papá. Decidi pedir demissão mesmo amando o que faço, porque preciso cuidar agora da única pessoa que me resta. Ah Filipo, eu juro que vou encontrar uma família para você, talvez em outra vida possa até ser meu filho... Escrevo uma carta para Hades e... bom, acho que é isso.

Não posso continuar naquela fazenda, me apaixonei por Hades, mas sei que para ele não passo de uma funcionária e ele merece alguém melhor que eu, com modos, mais fina e com maior classe. Agora devo me preocupar apenas em cuidar do meu pai e arrumar um lar para Filipo, pois não conseguirei mais manter contato com o mesmo. Choro por não poder me despedir de Dante, na verdade choro por tudo e me pergunto quando minha vida tomou esse rumo.

Nunca vou te deixarOnde histórias criam vida. Descubra agora