Sophie
Desde menina sonho em me tornar médica e nunca consegui deixar de sonhar com isso.
Cresci em uma família unida, com pais amorosos e dois irmãos mais velhos e muitos parentes. Meus pais sempre me apoiaram a exercer a melhor profissão, a que eu me encaixasse e só podia pensar em medicina, era a minha vocação, sempre foi...
Era uma aluna dedicada e passei na faculdade com 17 anos. Com isso tive maiores responsabilidades, sendo uma delas a saída de casa. Antes morava no interior da França, mas minha faculdade se localizava no centro e tive que me mudar para melhor locomoção, meu novo apartamento ficava a 10 minutos da faculdade, sendo que a casa ficava a 1 hora. Consegui uma ótima bolsa de estudos e não pagava quase nada de mensalidade. Estudava noite e dia para ter o melhor desempenho que conseguisse, sempre dando o meu melhor para poder alcançar meu sonho.
Em relação aos meus relacionamentos, bom... não tive vários namorados, sempre fui muito focada e digamos que os homens só queriam diversão e eu definitivamente não largaria um livro por uma balada, jamais. Por ser focada, consegui um estágio em uma clínica de reabilitação depois de 4 anos de faculdade, recebi essa oportunidade de uma professora que me era muito querida e sempre me incentivava, por isso fui muito grata a mesma.
Intercalava meu tempo entre trabalho e estudo, dividindo o trabalho para o dia e os estudos para a noite. Acordava cedo, me arrumava e ia para a clínica, que no começo não era nada divertido, só ficava vendo papeladas referentes a exames e em algumas ocasiões ajudava alguma enfermeira na locomoção de alguns pacientes. Depois das 17h ia embora, corria para casa e me arrumava para ir à faculdade às 19h e saía somente às 22h para ir para casa e dormir, e assim me preparar para o outro dia.
Passados alguns meses de trabalho, recebi uma proposta do dono da clínica. Ele me pediu para cuidar de um paciente com histórico de drogas, pois seu médico havia se aposentado e todos os outros médicos já estavam com pacientes.
Depois de uma semana pensando na proposta, resolvi aceitar. Pegaria a ficha do paciente na semana seguinte e a única coisa que sabia do mesmo é que se tratava de um homem.
Depois de alguns dias...
Clínica Martini
Nome: Ares Salvatore
Idade: 19 anos
Vício: Drogas
O paciente tem uma grande compulsão e pode se tornar agressivo senão receber o que deseja.
Suas refeições devem ser feitas no quarto e é necessário remédios para o sono.
O jovem viciou em drogas depois que o pai faleceu. Sua família o enviou para a clínica a fim de realizar um tratamento, senão ele poderia morrer ou envolver-se em outros tipos de tragédias.
Obs: Sophie, eu sei que é nova nesse cargo e espero que se encaixe, só peço que cuide bem do Ares, ele é um bom menino, marrento, mas um bom menino. Por trás da sua máscara de mal existe uma ótima pessoa e ele merece se curar, é muito novo para ter um final tão triste. Imploro que cuide dele.
Doutor Almeida.
Pude sentir que, mesmo que a ficha fosse totalmente objetiva, o recado do Doutor Almeida carrega algum sentimento, talvez carinho por ter ficado um bom tempo com Ares.
Confesso que fiquei curiosa, esse homem me deixou intrigada... vou ver o quarto do paciente e finalmente conhecê-lo.
Paro em frente a porta número 40, retiro a chave do bolso, coloco na fechadura e giro-a. Logo em seguida, vejo um menino - mais para homem - olhando pela janela que dava para o jardim da clínica.
- Bom dia! Eu sou a nova médica responsável pelo seu caso, espero que possamos nos dar bem. –fecho a porta, fico olhando e analisando seu quarto, mas não recebo nenhum olhar em troca.
- Não faz diferença, estou nessa cadeia e pouco importa quem será o carcereiro, estou condenado a ser lembrado como a ovelha negra de uma família quase perfeita, graças a mim mesmo.
- Não acho que esteja em uma cadeia, todos temos a chance de recomeçar e essa deve ser a sua. E acredite, estou aqui para ajudar. – me aproximo aos poucos, puxo uma cadeira e sento a seu lado. Ele não me responde, somente vira em minha direção e simplesmente travo... nunca em toda a minha vida tinha visto um homem tão lindo como ele, simplesmente perfeito, e olha que sempre fui muito observadora, mas igual a ele jamais vi.
Seus olhos azuis traziam o ar de um dia nublado, mas por trás havia um arco-íris. O cabelo com um corte médio tinha um estilo despojado na cor de carvão. E os lábios, a parte que mais chamou a minha atenção, eram rosados e bem marcados. O corpo estava em transição, pois algumas partes se mostravam de um adolescente e outras de um homem, além disso o seu olhar era marcante, olhava para mim como um gavião olhava sua presa.
Depois de analisá-lo, afasto esses pensamentos, pois jamais seria correspondida e outra: ele é meu paciente, não posso fazer isso, jamais. Digamos que tenho curvas demais e ele não tem cara de quem irá suportar...
- Só vim aqui para me apresentar e realmente espero que possamos nos dar bem, tchau Ares. –digo fechando a porta, mas antes, escuto o mesmo dizer...
-Tchau doutora. – sorrio ao ouvir sua voz baixa.
Depois do nosso começo, fomos nos conhecendo melhor... nos tornamos amigos ou muito mais que isso, talvez... Sempre gostei dele, o seu olhar foi fatal e meu pobre coração se iludiu, pegamos intimidade para conversarmos sobre tudo, pois ele só tinha contato comigo, sua mãe e algumas enfermeiras.
Nunca nos envolvemos amorosamente, o máximo eram abraços. Ele confessou gostar de estar comigo e eu sentia o mesmo, ele era minha escapatória do mundo.
Terminei minha faculdade depois de quatro anos que comecei a trabalhar na clínica e me especializei em psiquiatria.
Depois de ótimos sete anos ao lado de Ares, ele se recuperou e foi embora, porém me prometendo voltar. Desde sua ida, me sinto sozinha, mas o trabalho me conforta. Chego na clínica e paro na recepção.
- Olá, dona Catarina, como está? – pergunto feliz ao chegar cedo e pegar a ficha do meu próximo paciente, Matheus, um lindo garotinho.
-Olá, meu anjo, ando muito bem e você? – diz animada logo cedo, na verdade, nunca vi essa mulher triste.
- Estou bem, algum recado para mim? Logo vou até o quarto de Matheus, ele falou que hoje queria jogar bola. – sorrio para a mesma que ri e nega com a cabeça. Matheus se viciou em bebidas e drogas, pois sua mãe era viciada e consumiu durante a gravidez... certamente isso o afetou.
- Esse menino é uma figura! E não tem nada para você, querida. – diz olhando para baixo, desconfio por um momento, mas relevo.
Logo depois, começo meu dia animada.
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Nunca vou te deixar
Romance**NÃO ACEITO CÓPIAS, PLÁGIO É CRIME** Atena é uma jovem veterinária, porém não consegue emprego em lugar algum, então acaba tendo que trabalhar na padaria da família.Mas e se uma oportunidade caísse do céu, ela aceitaria? Hades é um homem desiludido...