Capítulo XIV

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                                                 Hades

Hoje faz exatamente uma semana que Ares chegou, nos resolvemos e posso dizer que ele está me ajudando muito com as questões da fazenda. Já o apresentei para Daniel, confesso que fiquei aliviado que os dois se deram tão bem, pois Dani é como se fosse meu irmão, esteve comigo em minhas piores fases e sei que Ares entende esse lado.

Mesmo com uma diferença de oito anos, eu e Ares sempre nos demos bem, eu era seu confidente e ele o meu, cuidávamos de Perséfone com todo nosso amor e sempre foi assim. Mas quando ele foi para a França - obviamente -perdemos a conexão e nesse meio tempo conheci Daniel que foi como um irmão para mim, portanto Daniel e Ares terem uma boa relação é muito importante.

Tenho focado mais em minha família essa semana, mas notei que Atena está diferente, não me xingou, não revirou aqueles lindos olhos e posso arriscar a dizer que está acontecendo algo que eu não saiba, entretanto logo chegará em meus ouvidos.

Para saber melhor o que acontece, chamarei um empregado que tem a rotina parecida com a de Atena e investigar o que está acontecendo, mas esses dias ela está como um fantasma.

Escuto uma batida na porta, largo os óculos de leitura e permito a entrada.

-Olá patrão, como está? – Paco entra com o chapéu em mãos.

- Olá Paco, estou bem e você? – levanto e vou em direção à mesinha de bebidas e encho meu copo com um clássico uísque.

- Estamos indo e em que posso ajudar? – indaga sentando na cadeira do escritório.

- Paco, quero que descubra o que está acontecendo com a senhorita Atena. – digo sentando-me ao seu lado e oferecendo a bebida que é negada, pois o mesmo diz que o trabalho é sagrado e bebida é só depois para relaxar.

- Claro patrão, na verdade a vejo todos os dias reunida com as crianças da fazenda perto da cachoeira... ela tem um "carinho" por todas, mas parece que com uma das crianças o afeto é maior. – confessa.

- E quem é essa criança? É filho de algum empregado? - pergunto intrigado e confuso ao mesmo tempo.

- Não patrão, é uma criança que estuda com a minha menina, vem para a fazenda à tarde e à noite volta para a escola, é órfã. O menino vem até aqui para passar um tempo com as crianças, pois ele não tem muitos amigos. Espero que não se importe dele ficar aqui, pois o pequeno não tem ninguém, além dessas poucas crianças daqui.

- Sem problemas, não vejo nenhum mal nisso, mas quem o leva de volta? – pergunto confuso sobre a situação da criança.

- Ele geralmente volta no final da tarde sozinho, pois não temos alguém que vá para a cidade nesse horário. E o caminho não é muito longe. –explica.

- Não Paco, esse menino precisa de proteção, pois se acontece algo no caminho podem dizer que é nossa culpa. A partir de amanhã quero que um funcionário o leve para casa e, se possível, o alimente. Esse menino não pode de jeito nenhum voltar em uma estrada sozinho à noite.

- Pode deixar, patrão, vou providenciar. Até mais. – diz apertando minha mão.

- Bom, obrigado Paco-Digo.

-Disponha, patrão. - diz saindo do meu escritório.

Nunca vou te deixarOnde histórias criam vida. Descubra agora