Nunca vou te deixar

Capítulo XVI

Atena

Depois de alguns "séculos" chegamos ao hospital, minha primeira reação é descer do carro correndo atrás de alguma informação sobre a Nonna. Mas já na porta vejo meu pai aos prantos sendo consolado por uma mulher que até então não sei quem é.

Falta-me o ar, falta ar... sem aguentar meu peso, que parece ser do mundo, despenco no chão sem dar a mínima importância para o que está ao redor. Ela morreu, minha nonna morreu sem eu me despedir, agora só quero ir com ela. Por favor, nonna, me leve junto.

Ela se foi, a pessoa que me ajudou nos piores momentos, a pessoa que me criou e ensinou a ser quem sou, agora está morta e um pedaço de mim foi junto com ela.

Hades

Chegamos tarde. Atena está nos meus braços, estamos os dois no chão do hospital público, eu não a sinto, sua alma não está ali, só consigo ver sua dor e eu não posso fazer nada para ajudá-la, nada.

-Atena... - escuto o pai chamá-la. Ela levanta com sua ajuda e vai para seus braços e lá desaba em lágrimas.

- Olá, sou Anna, amiga do Tito. Obrigada por trazê-la. - com os olhos escuros marcados pelo cansaço e choro, a mulher ao meu lado agradece.

- O que aconteceu com a dona Margarida? - digo olhando-a.

- Bom, ela estava com um tumor nos pulmões em estado avançado, foi ao dr. Roberto há algumas semanas, descobriu e decidiu esconder de todos. A velhinha não queria que ninguém sofresse antes, principalmente, Atena. Falou que se ela não contasse não deixaria ninguém preocupado e, segundo a nonna, a idade já tinha chegado e que sua missão na terra já havia se cumprido-diz com lágrimas nos olhos. E mesmo não a conhecendo percebo que é uma boa mulher.

Depois de uma hora, a funerária vem pegar o corpo e Atena está mais calma ao lado de seu pai, então vou em sua direção.

- Meu bem, pode ficar tranquila, garanto que vou fazer um velório digno para sua vó, sei que isso não vai melhorar o que você está sentindo agora, mas poderá vê-la uma última vez... - digo um pouco atrapalhado abaixado ao lado da cadeira de Atena.

- Obrigada, menino. – fala senhor Tito com a mão em meu ombro e em resposta lhe dou um aceno de cabeça.

Decido deixar Atena com seu pai, pois ali ela se sentirá mais segura e vou até a recepção.

- Olá, quero os documentos da senhora Margarida Santini para entregar à funerária. –explico para a recepcionista que me entrega uns papéis. Retiro-me e vou em direção ao meu carro para resolver os trâmites para o velório.