💜Capítulo 28💜

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Toco a campainha da casa da minha mãe, necessariamente eu não precisaria já que morei aqui minha vida quase toda, mas não sinto mais familiaridade com ninguém para entrar sem ser avisada.

O único motivo que me tirou da cama as cinco da tarde foi a ligação da minha mãe, dessa vez eu atendi só para exigir meu dinheiro e tudo o ela falou foi que viesse até sua casa.

Morei aqui até dois anos atrás quando não aguentava mais as falsas preocupações e as reclamações da senhora Kang, e ficou ainda mais difícil ficar nessa casa quando ela se casou com o senhor Hwan, tudo já era estranho, ficou ainda pior com chegada dele.

Nunca me senti tão desconfortável nessa casa, era tudo mais fácil quando papai era vivo, minha vida era linda e poderia ser considerada perfeita, mas de um dia para o outro o inferno se instalou aqui.

Quando a porta é aberta mamãe está do outro lado, vestindo um conjunto de top e legging lilás, o cabelo perfeitamente amarrado em um rabo de cavalo, sem um fio fora do lugar. Deve ter voltado há pouco tempo do yoga que começou a fazer para envelhecer mais devagar, viu isso em um artigo na Internet de providencia duvidosa, mas não a avisei, ela não me ouviria mesmo.

Ela está linda como era há oito anos, ou em sua juventude, a única coisa que entrega sua idade são as poucas rugas ao redor de seus olhos.

Alguém deve pensar que quando você tem uma péssima relação com a sua mãe e sofre alguma coisa, a relação de vocês, magicamente, melhoram. Mas no meu caso é diferente, estamos ainda mais distantes.

Com seu jeito indiferente e fria é meio difícil se aproximar, e eu também não estou fã de muito contato hoje em dia, até prefiro como estamos agora.

— Oi, mãe. — Não escondo meu desgosto em estar aqui.

— Não achei que viria. Deve estar precisando muito de dinheiro. — Como eu posso ser próxima de alguém com esse senso de humor? Antes ela era só indiferente, agora é ácida também.

— Isso não estava no acordo. — Dá um passo para o lado.

— Entre, Mirae. Não vamos fazer cena na frente de casa, os vizinhos podem ouvir.

— E descobrir que somos uma péssima família, acho que não seria novidade. — Mesmo a contragosto passo por ela e entro na casa que antes chamei de lar, mas que agora parece mais um museu.

Com o casamento as coisas do Senhor Hwan vieram para cá, e ele é um grande fã de artes, então temos quadros de artistas que nunca ouvimos falar, porque ele apoia pequenos artistas e os mais famosos também.

No hall de entrada tem um porta-chaves, uma pequeno sapateiro e um quadro enorme do Salvador Dali, não conheço a arte e nem fiz questão de saber qual é.

Eu não sei muito sobre obras de artes ou seus autores e hoje em dia odeio ainda mais qualquer coisa relacionada.

Vou seguindo-a para a cozinha, o único lugar que continua igual desde o casamento, não tinha como senhor Hwan mudar esse cômodo da casa já que mal vem aqui. Ele não sabe ferver nem água para o próprio café.

Me sento na cadeira alta enquanto ela vai para perto do fogão, estranhamente depois que me mudei minha mãe passou a usar mais a cozinha, agora ela costuma fazer o próprio chá e algum lanche rápido antes das aulas de yoga. Maneia a cabeça para a chaleira, perguntando silenciosamente se vou querer uma xícara também, nego.

Ela se vira para frente, pegando uma xícara e um saquinho de chá, meus dedos tampolizam no mármore da bancada, não gosto de ficar aqui, sinto um desconforto enorme e por mais que meu apartamento não seja realmente um lar para mim, prefiro ficar lá do que dentro dessa casa.

Sempre ao seu ladoOnde histórias criam vida. Descubra agora