Parece que carrego dez quilos em minhas pálpebras, se eu fechar meus olhos por alguns segundos que for provavelmente dormirei por uns dois dias, meu corpo está completamente dolorido e os tênis irão piorar minhas bolhas.
Ao invés de aproveitar o meu último domingo de folga, eu treinei, e não só porque minha mãe mandou, mas porque eu precisava esvaziar minha mente, não queria pensar mais em nada, principalmente nas palavras que ouvi sábado.
Assim que cheguei no restaurante nenhuma de nós três trocamos alguma palavra, minha mãe foi para seu quarto e eu praticamente corri para o fundo da casa, a moradia que fica um pouco depois do jardim deveria ser o quarto da empregada, mas meu pai o transformou em um pequeno estúdio para que eu pudesse praticar quando quisesse.
O espaço foi pintado de dois tons de creme para deixá-lo bem claro, tem um enorme espelho em uma das paredes onde consigo visualizar qualquer erro que posso cometer e perto da porta está as barras para alongamento.
Papai também colocou luzes amareladas no teto e na ponta uma grande caixa de som, para me motivar tenho algumas fotografias minhas em apresentações e outras com minha família, além de dois quadros com frases motivacionais que ele gostava colados na parede.
Sou muito agradecida pelo esforço que fez para que eu ficasse feliz, mas, por mais que eu ame dançar, trocaria tudo o que tenho para ter mais um dia ao lado do meu pai.
Normalmente eu evito bastante pensar nele, porque isso me deixa triste, então quando começo a ficar aflita logo procuro algo para distrair minha mente, na maioria das vezes pratico balé.
Não sei como minha mãe ou Mi-suk faz para não se afogar na tristeza quando pensa em meu pai, não conversamos sobre ele. Eu e minha irmã podemos ser bastante próximas, mas, aparentemente e silenciosamente, entramos em um consenso em não perguntar sobre o papai.
Entro na escola com Mi-suk ao meu lado, ela está animada, sua boca não para de se mexer e até tento fingir que estou prestando atenção concordando com a cabeça de vez em quando, rezando para que não faça nenhuma pergunta.
Quase dois meses fora já me faz sentir uma deslocada no prédio, por mais que eu estude aqui há mais de três anos. Sinto-me um pouco sufocada por causa da gravata, odeio a regra de que é obrigatório o uso completo do uniforme.
Ele é dividido entre azul marinho e branco. A saia rodada acima do joelho, o blazer e a gravata são da mesma cor, assim como a camisa e as meias sete oitavos extremamente brancas. Os sapatos sociais também obrigatórios são a única coisa preta.
Mesmo estando igual qualquer outra aluna da escola Mi-suk ainda consegue irradiar uma beleza única, o que irrita alguma das nossas colegas, mas ela não liga, porque nem está se esforçando para ficar tão bonita assim, ela apenas é assim.
Já eu, só estou conseguindo ficar apresentável porque acordei mais cedo que minha irmã para poder me preparar, esconder minhas olheiras e meu cansaço com maquiagem. Como de costume prendi meu cabelo em um rabo de cavalo bem arrumado, sem nenhum fio fora do lugar, diferente de Mi-suk que adora usar seu cabelo solto.
— Então o Hobi... e você não está me ouvindo. — Minha irmã conclui após perceber meus olhos distraído. — O que foi?
— Nada, só estou com sono.
— Treinou mais do que deveria, não é? — Pergunta ao mesmo tempo me repreendendo, os braços cruzados.
— Preciso me aperfeiçoar, unnie.
Mi-suk não consegue entender que balé virou uma parte de mim, que preciso da dança para fugir do mundo real e não acredito que eu seja boa em outra coisa além do balé.
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Sempre ao seu lado
Storie d'amoreKang Mirae é uma bailarina incrível, que se esforça bastante para sempre conseguir melhorar e com uma oportunidade única de estudar balé na França no final do ano, ela decidirá se empenhar mais, mas ainda é uma estudante e precisa frequentar regular...