💜Capítulo 33💜

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— O quê? — Ele pisca algumas vezes, confuso pela pergunta que fiz. 

— Você tem ou não um isqueiro? Eu tenho o cigarro, mas esqueci o isqueiro, então não tenho como acendê-lo. — Levanto braço para mostrar o cigarro e Jeon percebe minhas mãos trêmulas. 

— Mirae... 

— Quer saber, esquece, não precisa mais. Dá pra ver que você não tem, eu peço para outra pessoa. 

— Você não quer um isqueiro, Mirae. 

— Claro que eu quero, senão estaria com um cigarro na mão. — Minha voz vai ficando mais difícil de sair por se misturar com o choro. — Eu só preciso... Preciso de um isqueiro... 

Não consigo mais falar porque sou tomada pelas lágrimas, os soluços sufocam minha garganta e fica ainda mais difícil respirar por estar chorando. 

Ele dá um passo para o lado para que eu entre, mas nego com a cabeça, foi uma loucura bater na porta do seu restaurante e ainda ficar aqui seria muito estranho. Eu e Jungkook não temos mais nada, não tem porque ele se oferecer para me abrigar, tenho uma casa e posso muito bem voltar pra lá. 

Mas eu não quero entrar no meu apartamento, a voz de Mi-suk ecoa pelas quatro paredes me contando que está com câncer, não consigo ainda encarar esse fato. 

— Mirae, olha para mim, por favor. Olha para mim! — Faço o que pede. — Você não precisa de uma isqueiro e nem do cigarro. Vai ficar tudo bem. 

— Não vai... Não vai ficar tudo bem, Jungkook. Nada vai ficar bem. — Está ficando mais difícil respirar. 

Deixo o cigarro cair ao colocar as mãos no peito. Meu Deus! Preciso de ar, preciso respirar. Não posso morrer desse jeito, sem saber o que acontecerá com a minha irmã.

— Mirae, respira fundo. — As mãos de Jungkook agarram meus braços e ele tenta passar confiança para mim, mas não ouço suas palavras direito. 
Falta ar em meu cérebro também. — Vem, entre. Eu vou te ajudar. 

Deixo que me guie para dentro do restaurante e me coloque sentada em umas das cadeiras do salão e sai pelo corredor a dentro, onde fica os banheiros. 

Fecho os olhos e só consigo ver Mi-suk sentada, com aqueles olhos cansados, o rosto pálido, tentando se aproximar de mim, mas eu estava relutante demais, semeando algo de tantos anos que agora nem parece algo grande comparado ao que me contou. 

Poucos segundos depois Jungkook já está de volta com um copo de água na mão e uma cartela de remédios na outra. Ao se aproximar de mim ele se agacha em minha frente e estende as duas mãos. 

— Sempre deixo um calmante aqui, para quando eu me sentir ansioso. — Aceito o que me oferece e nem penso antes de tomar o comprimido com um gole muito longo se água. — Você está bem. 

Não é uma pergunta. Ele está afirmando, sei que é para ajudar, mas não acredito. Não tem como estar bem com tudo que está acontecendo. 

Ficamos em silêncio durante vinte minutos enquanto Jungkook vai me instruindo a inspirar e expirar, e aos poucos meu coração vai se acalmando, ainda dói, mas não está mais machucando minha caixa torácica. Meus pulmões voltam a se encherem de oxigênio e meu cérebro está funcionando normalmente agora. 

Minhas mãos ainda tremem, assim como meu corpo todo, mas não acho que seja pelo ataque de pânico e sim porque estou completamente molhada. 

Mais calma começo a perceber que vim caminhando até aqui debaixo da chuva e estou ensopada, minhas roupas estão grudadas no corpo e vejo o rastro de água que fiz da porta até aqui, e agora tem uma poça debaixo dos meus pés e molhei inteiramente o estofado da cadeira. 

Sempre ao seu ladoOnde histórias criam vida. Descubra agora