💜Capítulo 31💜

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Meu celular não para de tocar, nas primeiras duas chamadas ignorei, pensando que a pessoa desistiria e me deixaria em paz, mas na quinta ligação bufo de ódio e atendo sem a mínima vontade. 

— Alô? — Nem sei que horas são, mas com certeza eu não deveria estar acordada a esse horário, não quando enchi a cara na madrugada e o álcool ainda passeia pelo meu corpo e cérebro. 

— Mirae, é você? — Nunca esqueceria a voz da minha ex-professora assistente, Joohyun, mas nada me impede de revirar os olhos. 

— Você ligou para o meu celular, quem mais seria? — Nem queria ser tão grossa com ela, mas é cedo e ainda nem tomei um café. Não estou em meu melhor momento. 

— Onde você está? 

— Como assim “onde estou”? Estou em casa, pronta para dormir assim que acabar esse telefonema. — Ouço um gemido de dor vindo dela. — Está tudo bem, Joohyun? 

— Sua mãe falou que você viria hoje, estou contando com você, Mirae. — Ignora minha pergunta completamente e continua falando. — Eu preciso de você aqui. 

— Sinto muito, Joohyun, mas minha mãe mentiu, eu recusei a oferta, não quero mais saber de balé. — Outro gemido, dessa vez um pouco mais alto, me deixando em alerta. — Mas que merda está acontecendo, Joohyun? Você está bem? 

— Estou, é só que comecei a sentir umas dores, como se fosse cólica, só que mais forte e não estou conseguindo mais controlar meus gemidos de dor. 

— E por que diabos você não foi para o hospital? — Uma mulher grávida não pode ficar sentindo dores na barriga e achar normal, não é? Tem a porra de um bebê no ventre dela e Joohyun decidiu me ligar ao invés de ir para o médico. 

— Achei que fosse passar então vim para o estúdio, mas estão aumentando, ao invés. — Seguro a vontade de revirar os olhos pelo pensamento estúpido dela, mas não faço em respeito a sua dor. — Por isso preciso de você aqui, precisa dar aula no meu lugar. 

— Não posso, Joohyun. Eu... Eu não consigo. — É tão frustrante assumir em voz alta que sou um fracasso. — Não tem mais ninguém que possa ajudá-la ou cancelar as aulas? 

— Não tenho tempo de avisar aos pais sobre as aulas e não tem mais ninguém, por favor, Mirae... — Dessa vez além do gemido ouço algo cair no chão, me sento assustada, será que aconteceu alguma coisa com ela? — Derrubei o porta-lápis. Mas, por favor, Mirae, venha.

— Eu... — Esfrego a mãos na têmporas ponderando a ideia. 

É lógico que não quero voltar àquele estúdio ou voltar a praticar balé, deixei essa vida há muito tempo, desisti dos meus sonhos no dia que ouvi o médico dizendo que meu joelho poderia demorar de seis meses a um ano para ficar bom, o que me fez perder a apresentação mais importante da minha vida. 

Não quero ter que viver ensinando meninas a se tornarem perfeitas bailarinas, nunca quis ser professora, meu sonho sempre foi ficar em cima dos palcos, roubando suspiros e expressões de surpresa da plateia ao me verem dançar. 

Mas também não posso deixar Joohyun na mão, não nesse estado, ela está implorando a minha ajuda, sofrendo de dor enquanto espera uma resposta minha.

Seria muito cruel se eu desligasse o celular e voltasse a dormir, deixando ela a Deus dará, mas não vou mentir e negar que essa opção não passou pela minha cabeça, várias vezes, por sinal. 

Porém, minha mãe boca é traiçoeira e escolhe a pior opção de todas. 

— Que horas a aula começa? — Mordo a língua com força depois que faço a pergunta. Com certeza irei me arrepender dessa decisão. 

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