No domingo, Lídice foi transferida para um quarto particular. A notícia se espalhara e o horário de visitas mais se parecia a uma romaria. Leandra se plantara no quarto e as pessoas precisavam se revezar de uma em uma para visitar a querida idosa.
Luiza, enfermeira que conhecia as Duarte há muitos anos, controlava o fluxo de pessoas ,ameaçando interromper as visitas se o barulho no andar não diminuísse.
Marcos desceu do elevador e encontrou Luiza praticamente expulsando o pastor Domingues do quarto.
- Tem que dar a vez para outra pessoa, pastor.
- Você sabe que não sou exatamente uma visita, não, enfermeira? Tenho livre acesso aos pacientes.
- Não neste quarto. Agora o senhor vai descer e deixar outra pessoa subir.
- Mas...
A mulher virou o rosto e viu Marcos.
- E a próxima visita já chegou. Pode descer, pastor.
O homem ergueu as sobrancelhas, mas obedeceu. Olhou para Marcos com o olhar ofendido.
- Boa tarde, Marcos.
- Boa tarde, pastor.
- Tenho sentido sua falta.
- Alguns plantões têm caído aos domingos.
- Apareça quando puder.
- Pode deixar.
O pastor Domingues caminhou para o elevador e Marcos olhou para Luiza.
- Eu venho em paz.
Ela sorriu e fez sinal para ele entrar.
Marcos viu Leandra ao lado da cama de Lídice e prendeu um suspiro. Leandra não fazia o mínimo esforço de ser simpática a ele.
- Boa tarde. - cumprimentou as duas.
Lídice sorriu para ele.
- Olá, Marcos. Que bom vê-lo. - falou com a voz muito enfraquecida.
- Também fico feliz em ver a senhora. - Leandra não o cumprimentou. - Como está se sentindo?
- Feliz em ter saído da UTI.
Ele se aproximou da cama e Lídice estendeu a mão.
- A senhora me deu um susto. - Marcos segurou a mão dela.
- Ah, filho, é a idade...
- Nada de idade. A senhora ainda é muito forte.
Lídice sorriu para ele.
- E como você está?
- Eu? - Marcos parou um instante para refletir. Como se sentia? - Estou muito bem. - desejou completar com agora.
- Pensei muito em você nesses dias.
- Pensou?
- Sim. E você tem pensado em você?
- Muito.
Ela sorriu para ele. Marcos teve a impressão que ela sabia algo do que acontecera nos últimos dias.
- É preciso pensar mesmo. A vida é curta, Marcos.
- Eu sei.
- Há situações que são essenciais para a nossa felicidade.
- Sim, senhora.
Leandra estalou a língua e se virou para ele.
- E seu filho, como vai?
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Lembranças de uma paixão ( concluída)
RomanceEle era fruto da escória da cidade, ela fora criada para ser uma princesa. Juntos, mostraram a todos que o amor sempre constrói. Até ele a trair... Mas a mágoa e o tempo seriam capazes de apagar uma paixão ardente?