Naquela manhã Marcos fora forçado a se despedir de Alexandra. Ela voltaria para São Paulo para organizar sua vida com a editora. Eles não passaram aquela última noite juntos, mas conseguiram algumas horas na tarde anterior.
Marcos não sabia como passaria os próximos dias sem ela. Não poderia visitá-la no final de semana, pois Pedro ficaria com ele. Ao menos sabia que seu final de semana seria bom, porque sempre era divertido estar com o filho. Gostava de conversar com o menino, saber do seu dia a dia. Só se aborrecia quando ele comentava algo que a mãe dissera.
Voltando para a delegacia seu celular tocou. Olhou rapidamente o visor e viu que era Maria Eduarda. No dia anterior ela enviara diversas mensagens; ela sempre estava insatisfeita com ele por algum motivo e ele sabia que o comportamento de Maria Eduarda tinha a ver com a presença de Alexandra. Suspirou, pensando em quando a mãe do seu filho decidiria deixar toda a mágoa que sentia por ele e prosseguir com sua vida.
Estacionou a viatura e atendeu o telefone.
- Alô.
- Estou tentando falar com você há dois dias!
Ele suprimiu um suspiro de cansaço.
- Aconteceu algo com o Pedro?
- Eu é quem pergunto. Ele vai passar o final de semana com você?
- Claro. Sabe que só não fico com ele quando estou de plantão.
- Estou perguntando, porque soube que você tem outras distrações.
Marcos preferiu ignorar a insinuação.
- Vou pegar o Pedro nove horas, como sempre.
- Não quero meu filho com nenhuma mulherzinha sua.
A paciência de Marcos nunca fora boa com Maria Eduarda e dessa vez não estava sendo diferente.
- Quando meu filho estiver comigo, conviverá com minha família e amigos.
- Com Alexandra também?
- Com qualquer pessoa ligada à mim.
- Eu não aceito isso!
- Não delira, Maria Eduarda. Eu nunca deixarei meu filho perto de alguém que não seja bom.
- Ah, é, porque a Alexandra é uma santa!
- Maria Eduarda, por favor... - ele apertou a ponte do nariz. - Olha, eu agi mal com você... Fui um canalha, está bem? Mas você precisa superar isso.
- Você se acha muito, não, é, Marcos?
- Não, não me acho. Só quero que você me deixe em paz.
- Você é um idiota! - ela gritou. - Pensa que eu não sei que você está trepando com a Alexandra? Não quero que envolva meu filho nas suas aventuras!
- Chega, Maria Eduarda! Me ligue se tiver algum assunto sério pra me dizer, ok?
Encerrou a chamada pensando que tivera pouquíssimas conversas tranquilas com Maria Eduarda no correr dos anos. O telefone tornou a tocar e ele deixou o aparelho de lado. Morreria de raiva se desse atenção a todas as loucuras da mãe do seu filho.
Voltou para o trabalho aborrecido, mas quando estacionava o carro recebeu uma mensagem de Alexandra.
Já estou com saudades.
Ele sorriu para o aparelho e digitou uma resposta.
Eu também. Te amo muito.
Ela mandou uma figurinha de coração e ele guardou o celular, ainda sorrindo. Depois daquilo seu dia correu muito bem. Separou até uma hora para visitar dona Martinha.
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Lembranças de uma paixão ( concluída)
RomanceEle era fruto da escória da cidade, ela fora criada para ser uma princesa. Juntos, mostraram a todos que o amor sempre constrói. Até ele a trair... Mas a mágoa e o tempo seriam capazes de apagar uma paixão ardente?