Capítulo 39

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Lídice Duarte tivera uma vida plena. Fora casada e tivera dois filhos e recebera de presente suas duas netas. As mortes do seu filho e da esposa e logo depois do marido a marcaram indelevelmente, mas criar Alexandra a ajudara a vivenciar o luto.
Fora professora por muitos e muitos anos e se orgulhava por incentivar muitos adolescentes a procurarem por um futuro melhor.
Sentia-se realizada como cidadã por sempre dedicar parte de sua vida à assistência aos necessitados. E um dos resultados estava bem ali à sua frente, sem conseguir esconder sua felicidade. Marcos a ouvia explicar como se sentia melhor em silêncio, mas seus olhos mostravam uma alegria que ela não via há muitos anos. Lídice tinha a certeza que tinha a ver com Alexandra.
- E logo estarei em casa. - terminou seu relato sobre o dia no hospital.
- Graças a Deus, dona Lídice. A cidade inteira se preocupou pela senhora.
- Ah, são todos muito queridos. - ela apertou a mão de Marcos. - E você, meu filho, como está?
- Eu? - ele deu um sorriso. - Estou muito bem.
- E eu estou sempre torcendo por você.
- Eu sei. - Marcos ficou um instante olhando-a, como se tomasse uma decisão. - Tenho estado com Alexandra.
Lídice deu um amplo sorriso.
- Nota-se no seu olhar.
- Ela... falou de mim?
- Hoje, não. - ele abaixou a cabeça, pensativo e Lídice pensou no quanto Marcos vivera. Não era mais um rapazinho com as roupas curtas demais, era um homem adulto, um pai e cidadão respeitável. - Precisa ter calma, Marcos.

- Vou tentar.

Leandra entrou no quarto e Lídice percebeu que ela se retesou toda ao ver Marcos. Confessava que tinha pouca paciência para a filha, achava que Leandra não aprendera o que ensinara sobre o amor ao próximo.

- Ah, ainda tem visita, mãe?

- Tenho. Meu querido Marcos veio me ver. - apertou novamente a mão dele. - E eu estou muito feliz com isso.

Leandra franziu os lábios, desgostosa e Lídice desejou que ela ainda fosse criança para dar-lhe algumas palmadas. Marcos cumprimentou Leandra.

- Boa tarde, dona Leandra.

A mulher apenas o olhou. Lídice balançou a cabeça.

- Marcos falou com você, Leandra.

- Boa tarde. - falou de má vontade.

Marcos ignorou o tom do cumprimento e olhou para o relógio.

- Já deu minha hora. Preciso voltar para a delegacia.

- Foi muito bom te ver, Marcos.

- Eu espero que a senhora receba alta logo, mas se não receber eu virei visitá-la.

Leandra estalou a língua.

- Pensei que a vida de um delegado fosse muito ocupada.

Marcos ergueu as sobrancelhas.

- E é. Mas até os delegados almoçam.

- Marcos, veio me ver no seu horário de almoço? - Lídice perguntou.

- Ainda dá tempo de eu comer alguma coisa.

- Ah, filho... Você é muito especial.

Marcos segurou sua mão e a beijou.

- Até logo, dona Lídice.

- Até logo, Marcos.

- Até logo, dona Leandra.

Leandra fez um ruído com a boca e Marcos saiu. Lídice encarou a filha.

- Você é muito mal educada. E não é por minha causa.

- Eu não tenho que aturar esse rapaz!

- Esse rapaz, como você diz, pode ser seu sobrinho.

- O quê? Nunca, mãe! Alexandra nunca faria uma idiotice dessas!

Lembranças de uma paixão  ( concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora