Lídice Duarte tivera uma vida plena. Fora casada e tivera dois filhos e recebera de presente suas duas netas. As mortes do seu filho e da esposa e logo depois do marido a marcaram indelevelmente, mas criar Alexandra a ajudara a vivenciar o luto.
Fora professora por muitos e muitos anos e se orgulhava por incentivar muitos adolescentes a procurarem por um futuro melhor.
Sentia-se realizada como cidadã por sempre dedicar parte de sua vida à assistência aos necessitados. E um dos resultados estava bem ali à sua frente, sem conseguir esconder sua felicidade. Marcos a ouvia explicar como se sentia melhor em silêncio, mas seus olhos mostravam uma alegria que ela não via há muitos anos. Lídice tinha a certeza que tinha a ver com Alexandra.
- E logo estarei em casa. - terminou seu relato sobre o dia no hospital.
- Graças a Deus, dona Lídice. A cidade inteira se preocupou pela senhora.
- Ah, são todos muito queridos. - ela apertou a mão de Marcos. - E você, meu filho, como está?
- Eu? - ele deu um sorriso. - Estou muito bem.
- E eu estou sempre torcendo por você.
- Eu sei. - Marcos ficou um instante olhando-a, como se tomasse uma decisão. - Tenho estado com Alexandra.
Lídice deu um amplo sorriso.
- Nota-se no seu olhar.
- Ela... falou de mim?
- Hoje, não. - ele abaixou a cabeça, pensativo e Lídice pensou no quanto Marcos vivera. Não era mais um rapazinho com as roupas curtas demais, era um homem adulto, um pai e cidadão respeitável. - Precisa ter calma, Marcos.- Vou tentar.
Leandra entrou no quarto e Lídice percebeu que ela se retesou toda ao ver Marcos. Confessava que tinha pouca paciência para a filha, achava que Leandra não aprendera o que ensinara sobre o amor ao próximo.
- Ah, ainda tem visita, mãe?
- Tenho. Meu querido Marcos veio me ver. - apertou novamente a mão dele. - E eu estou muito feliz com isso.
Leandra franziu os lábios, desgostosa e Lídice desejou que ela ainda fosse criança para dar-lhe algumas palmadas. Marcos cumprimentou Leandra.
- Boa tarde, dona Leandra.
A mulher apenas o olhou. Lídice balançou a cabeça.
- Marcos falou com você, Leandra.
- Boa tarde. - falou de má vontade.
Marcos ignorou o tom do cumprimento e olhou para o relógio.
- Já deu minha hora. Preciso voltar para a delegacia.
- Foi muito bom te ver, Marcos.
- Eu espero que a senhora receba alta logo, mas se não receber eu virei visitá-la.
Leandra estalou a língua.
- Pensei que a vida de um delegado fosse muito ocupada.
Marcos ergueu as sobrancelhas.
- E é. Mas até os delegados almoçam.
- Marcos, veio me ver no seu horário de almoço? - Lídice perguntou.
- Ainda dá tempo de eu comer alguma coisa.
- Ah, filho... Você é muito especial.
Marcos segurou sua mão e a beijou.
- Até logo, dona Lídice.
- Até logo, Marcos.
- Até logo, dona Leandra.
Leandra fez um ruído com a boca e Marcos saiu. Lídice encarou a filha.
- Você é muito mal educada. E não é por minha causa.
- Eu não tenho que aturar esse rapaz!
- Esse rapaz, como você diz, pode ser seu sobrinho.
- O quê? Nunca, mãe! Alexandra nunca faria uma idiotice dessas!
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Lembranças de uma paixão ( concluída)
RomanceEle era fruto da escória da cidade, ela fora criada para ser uma princesa. Juntos, mostraram a todos que o amor sempre constrói. Até ele a trair... Mas a mágoa e o tempo seriam capazes de apagar uma paixão ardente?