O luar entrava pela janela do quarto de Alexandra e caía sobre a cama, cedendo um brilho etéreo aos corpos dos dois. Ela e Marcos estavam deitados, abraçados. Alexandra descansava a cabeça sobre o bíceps dele e conversavam baixinho.
- Foi muito difícil com o Rodrigo?
- Foi. Éramos muito amigos, Marcos.
Marcos acariciava suas costas, formando círculos vagarosamente com os dedos..
- Eu sinto muito que você tenha que ter passado por isso.
Alexandra ergueu o rosto para olhá-lo e Marcos abaixou o rosto para encontrar seus olhos.
- Mas você queria que eu contasse.
- Sim.
- Sabia que seria difícil para mim.
- Torci para não ser, mas sabia, sim.
- Marcos... - ela se ergueu se apoiando no braço. - Às vezes tenho a impressão que você não se importa que algo aconteça desde que...
- Desde que nós voltemos a ficar juntos? Às vezes também penso assim.
Ela sabia que não deveria rir, mas riu.
- Você sabe ser bem assertivo, não é?
- Sobre isso não mudei. - ele deu-lhe um beijo estalado na boca.
- E no que você mudou?
Ele olhou para o teto, parecendo pensar, mas continuou a acariciá-la.
- Eu rio menos.
- Você sempre foi sério.
- Não. Eu não vi tantos motivos para rir nos últimos anos.
Ela acariciou o rosto dele.
- Desculpe perguntar, mas... e seu filho?
Marcos respirou fundo.
- Eu amo o Pedro com toda a minha força e me sinto feliz com tudo o que ele faz, mas depois que você foi embora... Só não sentia vontade de rir.
Alexandra repousou a cabeça em seu peito.
- Sei que não é da minha conta...
- O quê?
- Como é o seu relacionamento com a... Maria Eduarda?
- Péssimo.
- Por quê?
- Ela nunca me perdoou por não ter ficado ao lado dela.
- Você não deu apoio?
- Fiz tudo o moralmente esperado. Só não consegui acompanhá-la nas consultas e exames.
- Ela queria que você participasse?
- Sim.
- Ela queria você? - perguntou num fio de voz.
- Sim.
Ficaram um tempo em silêncio. Alexandra finalmente percebeu que durante todos aqueles anos a possibilidade de Marcos ficar com Maria Eduarda era nula. Lembrava-se de como se roía com vontade de perguntar à Sophia, mas a covardia e o orgulho não permitiam.
- Você nunca pensou em ficarem juntos por causa do seu filho?
Marcos segurou seu rosto e a encarou.
- Eu cometi um erro. Não iria cometer outro. - roçou o polegar em seus lábios.- E eu tinha esse sonho louco de que você voltaria.
Ele a abraçou com força. Laura ainda sentia o peso do término do seu relacionamento com Rodrigo, mas agora aceitava que o que tivera com Marcos nunca terminara. Beijou o peito de Marcos bem em cima do coração, sentindo uma emoção nova começar. Gastara todos aqueles anos culpando Marcos pela traição, se esforçando em jamais perdoá-lo... Ela ainda tentara recomeçar sua vida amorosa, abrira o coração para um novo amor e acreditara ter sepultado seu amor por Marcos debaixo de suas mágoas. Beijou seu peito novamente e se aconchegou em seus braços.
- Quando você precisa voltar para São Paulo? - Marcos perguntou.
- Minha volta ficou em aberto. Trabalharei remotamente, ao menos esta semana.
- Que bom. Quero você comigo todo dia.
Alexandra respirou fundo. Não tinha certeza de como seria com eles dali para frente.
- Eu vivo em São Paulo, Marcos.
- Eu sei.
- Só estou aqui por causa da vovó.
- Eu posso te visitar em São Paulo.
- O quê?
- Isso... agora... é um recomeço.
- Não sei... - respondeu com sinceridade.
- Deixe ser.
Ela o olhou nos olhos. Na penumbra não percebia a cor, mas eles brilhavam para ela.
- Está acontecendo tudo muito rápido. Só... me deixe acostumar com isso.
Marcos beijou seu rosto.
- Tudo bem.
Alexandra acariciou-o, gostando de sentir os músculos que estavam mais desenvolvidos.
- Você ficou mais forte.
- Tudo à base de muita frustração e excesso de energia.
Alexandra deslizou a mão por suas costa.
- Você não teve ninguém mesmo?
- Não. - ele suspirou. - Eu até tentei, mas não aconteceu.
- Tentou? - ela sentiu um ciúme irracional.
- Eu pensava que se tivesse outras mulheres iria arrancar você de mim, sabe? - Alexandra deslizou as unhas pela curva de seu quadril e ele se alongou todo, como um gato. - Que delícia...
Ela fez de novo e ele gemeu. Alexandra passou a perna pelo quadril dele, roçando os pés por sua panturrilha.
- Mas não teve outras mulheres...
- Não.
- Não foi difícil?
Marcos acariciou a perna dela do quadril ao pé.
- Nada que eu mesmo não resolvesse.
Alexandra escondeu o rosto no pescoço dele e o beijou.
- Tadinho... - beijou novamente. - Eu nunca poderia imaginar.
- Mas quando te vi fiquei louco de desejo. A qualquer hora do dia eu pensava em você e endurecia.
Alexandra mordiscou o pescoço dele.
- Só porque me viu?
- Percorria as ruas tentando te ver, como se pudesse aplacar o tesão.
- Me perseguiu?
- Todo dia.
Ela sentiu um calor no peito, impressionada pelos sentimentos dele.
- Aquele dia, na lagoa...
- Hum...
- Eu também não consegui me conter. Parecia que eu estava pegando fogo.
- Eu não acreditei que você me queria... Mas não quis perder tempo.
- Foi muito bom...
- Muito bom?
- Maravilhoso...
Ela acariciou as nádegas rijas e o pênis pressionou contra sua pélvis.
- Tive medo que você me odiasse depois daquilo, Alexandra.
Ela o empurrou e Marcos deitou de costas. Alexandra subiu em seus quadris.
- Eu tive medo, porque gostei demais. - ela começou a deslizar sobre o pênis que parecia ainda mais duro.
- Está gostando agora? - ele a segurou pelos quadris.
- Muito, Marcos.
Deslizando por todo o comprimento dele ela sentiu que o estava molhando com sua excitação. A respiração de Marcos tornou-se pesada.
- Nunca mais saia da minha vida, Alexandra. - ela sentiu-se confusa. Estava realmente de volta à vida dele? Ergueu-se um pouco e Marcos segurou o pênis, colocando em sua entrada.
- Me prometa, Alexandra.
- Marcos...
- Eu não vou aguentar se me deixar de novo.
Alexandra abaixou o corpo devagar, sentindo a grossura do membro se forçar contra sua vagina. Deu um gemido longo quando o sentiu todo dentro de si.
- Preciso de um tempo, Marcos...
Ele ergueu o quadril, penetrando-a com força e ela arfou.
- Só não me deixe novamente, meu amor.
Ela começou a se movimentar e não respondeu. Ainda não tinha uma resposta.
Ele gemeu ao senti-la mover-se para frente e para trás, provocando ela mesma a penetração. Marcos cravou os dedos na sua bunda, mas deixou que ela comandasse os movimentos.
Alexandra lembrou de seus tempos de moça, quando se tocava naquela cama, pensando nele. Naquela época, não poderia imaginar Marcos nu em sua cama.
Gemeu alto quando o prazer aumentou. Marcos gemia e logo não conseguiu mais se manter parado. Seus quadris se moveram e o som das carnes se batendo provocou ainda mais Alexandra. Aumentou o ritmo, rebolando em cima dele, fazendo seu pênis tocá-la profundamente.
- Meu amor... - Marcos gemeu e tudo se tornou uma loucura.
Movimentavam-se um contra o outro sem gentileza acelerando o ritmo à medida que o prazer aumentava. Os gemidos de Alexandra foram substituídos por gritos, enquanto Marcos fazia sons guturais, roucos, fazendo-a lembrar de um animal selvagem.
Alexandra sentiu o clímax se aproximar. Quando era apenas uma garota, nas poucas vezes que fizeram amor, não conseguira se satisfazer apenas com a penetração e com Rodrigo acontecera muito pouco. Com Marcos agora, porém, o tesão era tão grande que ela sabia que gozaria com ele dentro dela.
Jogou a cabeça para trás e o grito que saiu de sua boca refletiu a sensação que explodia em suas entranhas, como se o prazer entre suas pernas pudesse rasgá-la ao meio. O clímax veio forte e quente, forçando-a a parar enquanto todo seu corpo estremecia.
Marcos a virou, deitando-a de costas. Alexandra ainda se consumia no gozo, enquanto ele ergueu suas pernas e as colocou sobre seus ombros. Ele a penetrou com tanta profundidade que ela pensou que não aguentaria de prazer. Ele se inclinou sobre ela e se lançou várias vezes com estocadas poderosas que arrancavam gritos de sua garganta.
Então, o que considerava impossível aconteceu. Ela gozou novamente. Seus olhos giraram para trás e seu coração parecia que ia explodir. Em meio ao orgasmo repentino, ela mal percebeu que Marcos se enterrou dentro dela, enquanto seu quadris se sacudiam. Os dois foram levados pelo clímax, suados, quentes.
Marcos deixou seu corpo pesar sobre ela e Alexandra o abraçou, usando suas últimas forças para passar as pernas ao redor dele.
- Eu te amo... - ele sussurrou, esgotado. - Eu te amo tanto, Alexandra.
Ela fechou os olhos e acariciou os cabelos dele. Em meio à sensação de saciedade, a felicidade se instalou. Estava nos braços dele, queria estar ali. Um leve temor se abateu sobre ela: o amor que ainda sentiam seria o bastante para fazê-la esquecer todo o sofrimento que passara?
Sentiu o corpo de Marcos amolecer e percebeu que ele dormira; virou-o devagar e ele escorregou para o lado dela. Aconchegou-o e deixou os dedos passarem pelos cabelos agora úmidos. Apesar do cansaço, ficou um longo tempo de olhos abertos, curtindo o momento, mas não sabendo exatamente o que o futuro lhes reservava.
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Lembranças de uma paixão ( concluída)
RomanceEle era fruto da escória da cidade, ela fora criada para ser uma princesa. Juntos, mostraram a todos que o amor sempre constrói. Até ele a trair... Mas a mágoa e o tempo seriam capazes de apagar uma paixão ardente?