Capítulo 17.

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Um dia depois.

- Conseguiu as informações?

- Consegui, mas ontem à noite você sumiu. - solto a fumaça aos poucos. Sim, sumi. Me perdi em uma noite, em uma bela jovem, a garota de quem devo manter distância. A garota a quem não paro de pensar. A garota que magoei. A quem deixei piscando os olhos, tentando afastar lágrimas. A quem deixei se sentir culpada. Indesejada, quando eu a teria comido a noite toda, se houvesse me descontrolado. - Perguntei onde foi a Jonas e ele me disse que a informação era confidencial. Por acaso foi em algum bar de prostituição? Não vou lhe julgar por isso, deveria saber. Vou é agradecer, porque transar faz bem à saúde mental, segundo estudos. E a sua é um pouco duvidosa, então...

- Le informazioni, Augusto. - esfrego a testa. Desviei-me de assuntos sérios no dia anterior. Pretendo me colocar aos trilhos novamente. Enquanto há uma ameaça à solta, saí e persegui alguém. Um ato indevido. Com desejos indevidos. Victor bate mais papéis à mesa. Espero que não tenha me trazido as fotos outra vez. Para minha infelicidade, ainda estão grampeadas.

- Consegui fazer muitas relações. Muitos homens que seu pai matou faziam parte de máfias distintas; alguns da mesma, outros de diferentes pela Itália e até mesmo daqui. Tentei buscar todos os comandantes de cada uma delas, mas pela internet só encontro os antigos e mais marcantes, não os recentes que agora ocupam a posição. Se realmente queremos informações sobre eles, vamos precisar encontrar alguém que saiba dessas informações. Porque, bem, como eu ando dizendo... somos praticamente introvertidos quando o assunto é socializar por aí. Eu pensei em Billie.

- Não. Ele não. - apago o cigarro. - Não iria nos dar essas informações. Já disse que não poderia dar os nomes.

- Mas não seria informações. Só perguntaríamos a ele...

- No, Augusto.

Ele respira fundo.

- Tá, tá. Então quem? Quem seria tão ativamente social, que conheceria todos os donos de máfias?

Penso. Alguém flexível. Não necessariamente pertencente a uma organização criminal. Mas que estivesse entre elas. Como o dono de um cassino. Lembro-me apenas da aparência. Anéis e ouro em dentes amarelados. Não me recordo de seu nome. Me abordou no cassino, mas, honestamente, meu desinteresse apagou as lembranças do que me falou. Talvez boas vindas. Interesse em negociar. Provavelmente, se eu o contatasse, seu interesse ainda permaneceria o mesmo.

- Se lembra do nome do dono do cassino?

Victor ri, irônico.

- Do maior cassino contrabandista de Los Angeles? Você deve ser o único que não sabe. Edward. Ele tentou falar com você?

- Tentou.

- Deixa eu adivinhar: você o ignorou. - não lhe respondo. É um fato. Fiz o que faço com todos. - Ele seria uma boa fonte de informações... boa até demais, se soubesse manter a boca fechada. Porque tem contato de todos os mafiosos de Los Angeles, bem como os conhece... bem como poderia dizer à eles que fomos lá e perguntamos sobre eles. Isso daria bandeira.

- Saberá manter a boca fechada.

- E como tem tanta certeza disso?

- Porque dinheiro será o de menos. - Victor hesita por um instante. Sabe que não estou falando de bens materiais. Estou falando de ameaças. Manipulações. Perfurações inconscientes nos pensamentos de outra pessoa. Afinal, carrego Ramos no nome. Carrego os traços físicos ligeiramente psicopatios de meu pai. Fui criado com eles. Vi mortes desumanas, ouvi ameaças, olhos cobertos de horror. Não sou desprovido da capacidade de se manipular alguém. Sou como Carolina e sua paixão por compreender raciocínios. Ler como a mente de outras pessoas funcionam. Por fim, Victor só assente com a cabeça.

Medicine | Volsher.Onde histórias criam vida. Descubra agora