Quando sinto que vou enlouquecer, com a socialização em excesso, pouso a mão na cintura de Carolina. Ela ofega.
-... e consegui uma das armas mais proibidas do lugar. Conhece a Heckler e Koch HK MG4 MG 43 Machine Gun? Esta porra só é encontrada em pequenas partes do mundo e já conseguimos recriá-la três vezes... - massageio-a de leve, e juro ouvir um ruído dela. Ela pousa a mão acima da minha.
Quando acho que vai tirá-la, seus dedos ficam ali. Esquentando os meus. O tal Graner continua falando sobre seu contrabando de armas. O outro parece interessado.
Portanto, não acho que preciso me envolver completamente na conversa. Aproximo Carolina de meu corpo. A boca de seu ouvido. Ela amolece em minha mão quando o toco com a boca, fechando os olhos. Seu pescoço tomba de leve, e quase vou à loucura com a reação. Busco concentração. Ela não pode estar... gostando.
- Se quiser sair, posso procurar Bárbara para você.
- Não... - a voz sai rouquinha. - Deve estar... babando no Victor.
- Certo. Está com fome? - sussurro no ouvido dela.
- Nã.
- Sede?
- Uhumm... - ela move a cabeça, lentamente. - Sede sim.
- Quer o quê.
- O que você quiser.
Mal ergo a mão e um garçom se aproxima.
- Dois Vitorio Emanuele, por favor. - ele sai. Menos de dois minutos depois, duas taças são postas em minhas mãos. Bebo um gole de cada. Carolina me observa, os olhos lindos acompanhando meus movimentos.
- Se sentir gosto salgado ou de plástico, me avise. - dou a ela a taça.
- Por quê?
- Porque é o gosto do Boa-Noite, Cinderela.
- E o que é...?
- Droga usada para estupro.
Ela arregala os olhos de leve. Mas logo está inclinando a bebida entre os lábios.
- Que delícia... é um champanhe?
- Vinho espumado.
Ela geme e bebe outra vez. Dou um gole do meu.
- Não deveria confiar em mafiosos. - murmuro. Ela retira a borda da taça dos lábios.
- Você não é qualquer mafioso. - fico olhando para ela bebendo outra vez. Mordo o lábio, com a vontade impulsiva de beijá-la. Mesmo sabendo ser errado. De fato, não deveria confiar em mim. Não sendo filho de quem sou. Alguém que arranca cabeças sem pensar duas vezes. - É um mafioso que não me deixa morrer de fome, e... ah, sabia que estou fazendo um trabalho da faculdade com o livro que você me deu? Vou apresentar a interpretação do conto e de que maneira eu poderia convencer leitores de todas as idades a ler o livro. É como se eu estivesse dando uma aula dos motivos para ler. - sinto meus lábios se curvarem de leve. Imagino-a de pé, falando com uma sala de aula. É sua cara. Realmente faz o que gosta. Vou lhe perguntar quando terminará a faculdade, quando sinto outra mão em meu ombro.
- Ramos.
Olho para trás. Vejo Billie sorrir para mim. Ele estende uma mão. Demoro alguns segundos para apertá-la. Embora tenha dialogado com inimigos, ainda sim, ele é o que mais suspeito. Não consigo forçar-me a puxar assunto.
- Vejo que já conseguiu mudar a visão de muitos.
- Sim.
- Que bom. Gostaria de lhe apresentar Frank Bonanno. - o homem sai de seu lado. Me atento a seu sobrenome. Não parece disposto a conversar, a princípio. Preciso manter a mão no ar por cinco segundos. Após eles, ele a aperta. - Ele estava particularmente muito interessado para conhecer o filho de Frederic. Espero que tenham uma boa conversa. - Billie bate em nossos ombros. Por alguma razão, não consigo lembrar-me de nada a seu respeito. Tenho quase certeza de que não recebi sua ficha.
- Bom, não me lembro de ouvir falar de você... mas Bonanno me parece um sobrenome italiano.
- Certamente não ouviu falar. Parece ter se fechado aos negócios externos desde que começou a comandar a Italian Blood. - ele murmura.
Não foi simpático. Não faz questão de disfarçar o desgosto na voz. Começo a pressentir algo ruim.
- Seu pai tinha uma mania semelhante, sabia? Mas ele não somente se fechava aos negócios como não havia respeito algum por eles. Pisava em inúmeras sedes como se fossem um cigarro no chão e dizimava máfias como se fosse algo normal em nosso universo agir desta forma, matando vários dos nossos por pura diversão ou para dizer que é melhor. E do contrário do que todos acreditam, a morte dele não foi o bastante para esquecermos dos muitos meus que se foram por causa dele. Olho para você e vejo ele. - hesito. A afirmação arde em meu interior.
- Não sou ele. E não ajo como ele.
- Age, sim. Foi criado com ele. Ele fez de você sua cópia. Como pode não ter feito? Deixou tudo dele com você. - ele murmura. Minhas mãos começam a tremular. - Seu pai derramou sangue dos meus, Ramos. Muito. - sussurra. Então se vira e sai andando, encerrando a conversa.
Sigo o olhar, até que Frank se senta no sofá de um dos jogos. Leva uma das mãos ao ouvido. Percebo a comunicação. Olho ao redor. Três homens de preto com as mãos no ouvido. Dois no andar cima. Um no debaixo, atrás da roleta. Dou mais um gole no vinho, tentando engolir o chumbo no peito. Olho para você e vejo ele. Ele fez de você sua cópia. Ignoro as vozes. Retiro o vinho dos dedos de Carolina lentamente. Ela está paralisada até agora.
- Ele não foi nenhum pouco simpático.
- Não. - murmuro. Envolvo sua cintura com uma das mãos, fazendo-a andar. - Sabe dançar?
- Acho que sim, por q...
Ela solta um gemido quando a colo em meu corpo. Cora com ele, mas logo envolve as duas mãos em meu pescoço. As minhas circulam seu quadril, mantendo-a grudada em mim. Quadril com quadril. Barriga com barriga. Peito com peito. Sinto uma agonia deliciosa me consumir. Tento concentrar-me diante do calor dela. De seu corpo encaixado no meu. De seu movimento lento, gostoso ao som da música.
Do meu respondendo aos mesmos, como um espelho. Um fio conectado entre nossos peitos. Uma obra de arte feita por nossos corpos.
- Ótimo. Faça um favor para mim.
- Uhum.
- Quando ouvir o tiro... vá para baixo daquela mesa ali.
Ela abre os olhos, até então fechados.
- Tiro?
- Vão começar a atirar em menos de um minuto. Bárbara falou com você sobre o plano? - observo o homem do andar de cima começar a retirar uma arma da maleta. Ele a carrega.
- Falou, mas, na nossa cabeça estaríamos juntas.
- Então fique debaixo da mesa.
- Tudo bem. - ela respira fundo.
- Chefe?
- Eu sei, Mob. - murmuro. A arma é carregada e posta acima do corrimão do andar de cima. Apontada diretamente para mim. Separo nossos corpos, a tempo de a bala passar ao meio deles.
Um único disparo é o suficiente para os gritos começarem.
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Medicine | Volsher.
Lãng mạn"Ela não é uma droga. É minha medicina. Drogas te fazem esquecer dos seus problemas, mas medicina... cura. Ela me cura. Mas sem esquecer do que eu vivi."