Capítulo 55.

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Nosso oxigênio se esvai. Ela descola nossos lábios.

- Odiei seu apartamento. - diz, ofegando. Mordo seu lábio inferior, saboreando a maciez de sua boca; saboreando seu gemido.

- Por quê?

- Ele era lindo. Era lindo, e de frente para a praia, e meu quarto era tudo que uma universitária pobreta sempre sonhou. Mas... mas não tinha você. - mordo seu lábio inferior outra vez, gemendo. - Não tinha... - tento beijá-la. -... não tinha, você, Crusher, e eu até quis decorar meu quarto, mas só pensei no quão lindas iam ser estantes de livros meus no seu quarto, ou no escritório, e... - sugo sua pele, suavemente.

Ela geme. Um gemido rouquinho e gostoso. Estou lambendo o ponto logo abaixo de sua orelha. Provando sua pele quentinha, mais macia ainda nesta região, e seu peito ofega descontroladamente contra o meu. Ela é como um doce. Quero comê-la. Lamber toda a maciez de seu corpo. Lamber todas as suas texturas. Chupar todas elas. Gravá-las em minha língua.

Fazer de Carolina meu prato mais sofisticado.

- Ai, Deus... e... e eu sei que pode ser pelo estilo. Amo a estrutura da sua casa. Mas não é... é porque ela é sua. Quero ficar perto de você, Crusher.

Gemo.

- Vou lhe comprar todos os seus livros de volta. Em edições melhores. E mais trezentos dos que você sempre desejou. Vão ficar todos nas minhas estantes. - lembro-me de algo. Ergo o olhar, tirando os lábios de sua pele. Ela resmunga. - Seu trabalho. Por onde você fez?

- Ah, no meu notebook.

Xingo baixo, em italiano.

- Não, não, foi pelo canva. Ainda bem que salvei tudo antes que o notebook explodisse. Vai dar pra eu ver os slides. Posso acessar meu trabalho por outro.

- Vou lhe comprar o melhor notebook existente.

Ela suspira, e revira os olhos.

- Minha linguagem afetiva não é ser paparicada com objetos, Ramos.

- Eu sei. - murmuro, voltando a beijá-la. - É com comida.

Ela dá risada. Aprecio o som. Uma sinfonia de tons gostosos. Que fazem os cantos da minha boca se inclinarem, meu estômago vibrar. Sorrio contra a curva de seu pescoço. Sentindo o som. A vibração de um dos atos mais lindos que já vi. A risada dela. Que não ouço à semanas. Pergunto-me como fui capaz. Dou-me conta de que minha indisposição se devia à ausência dela.

- Para quando ficou sua apresentação?

- Hum, amanhã.

Afasto-me um pouco de seu rosto, para olhá-la por inteiro. Seus olhos piscam, lindos e inocentes.

- Sua apresentação é amanhã, Carolina? - murmuro. - Então não iria me falar.

- Ia, sim! Estava pensando em te ligar. Ou não, é que... - ela pisca. - Eu achei que você não queria mais me ver, Crusher. - envolvo as mãos ao redor de seu rosto outra vez. Nunca. Se soubesse que é a única coisa que me deixa sã, não diria tamanha besteira. Se soubesse que fui um zumbi; apenas respirei durante a ausência dela. - Mas eu sei. - ela sussurra. - Eu tenho... uma ideia do que pode ser, mas não quero te assustar tentando ler sua mente...

Meu interior enfraquece. Como se esta garota houvesse retirado cada camada minha.

Carolina é algum tipo de cigana. Não há outra explicação para os olhos claros que me leem, me desvendam. Me traduzem em uma língua que só ela aparenta saber traduzir. E, por motivo que desconheço, quero que continue.

Medicine | Volsher.Onde histórias criam vida. Descubra agora