- Meu Deus, que sono... - Carolina cambaleia pela sala.
Mob desaba no sofá e por lá fica. O resto vai para seus quartos. Ainda tivemos que deixar as duas garotas em uma pousada. Meu corpo está exausto. Meu psicológico está apenas aos frangalhos. Um tufo preto e pequeno começa a andar entre nossas pernas.
- Oi, Turmalina... mamãe está com sono e cansada agora, tá? - ela o pega nas mãos. - Ei, agora estamos com o sono regulado, já que você é um animal noturno e dorme de dia. - ela ri, mas então geme de dor. - Ai, meu Deus... que dor nos pés. - olho para eles.
Minhas pernas estão um tanto cansadas. No entanto, envolvo seu corpo com os braços e a pego no colo. Embalo seu corpo para mim, como minha fornalha. Meu aquecedor.
- Ah! - ela solta um gritinho. Mas logo envolve as mãos em meus ombros, sorrindo. - Mas que homem mais cavaleiro... seu pai é um homem decente, viu, Turmalina?
O gato se entranha no colo dela. Carolina vai fechando os olhos.
- Me dá comida, cama, livro... só falta me dar uma coisa. O que eu mais desejo. - ela ronrona. Quase tropeço, a temperatura em meu corpo esquentando mais. Minhas células fervilham, ameaçando entrar em combustão. Ordenando-me a saber o que deseja. Penso se escutei certo. - Não, nã... desculpa. Fico meio grogue quanto tô com sono. - ela ri.
Continuo caminhando, meu corpo fraco. Mas agora fraco dela. Abro a porta de seu quarto. A deixo entre as cobertas, mas sou puxado para elas junto. Meu corpo cai acima do dela. Engulo um gemido.
- Dorme aqui comigo? - enfraqueço. Meu peito se revira em desejo. Seus olhos estão sonolentos, mas o brilho implorativo diz que ela está sóbria. - Por favor?
Eu me desvencilho. Ela choraminga. Saio da cama e ando até a porta... mas a fecho. Não sou forte. Não com ela. Não com seu corpo aconchegado na cama, o vestido erguido até a coxa. Não com sua pele quente, seu cheiro exótico. Não estou pronto para voltar ao meu quarto.
Encarar pesadelos. Reviver lembranças. Encarar quem vejo quando observo meu reflexo. Puxo as cortinas e volto para a cama. Sento-me na beira, desabotoando a camisa. O escuro e sono não contribuem. Quando penso que adormeceu, Carolina se move e senta em meu colo. Sinto o calor progredir para uma fervura.
- Eu te ajudo.
Começo a soar. Não apenas porque ela coloca os dedos delicadamente sob o botão. Mas porque estou cansado. Querendo me afogar dentro dela. Querendo apenas me inclinar e acabar com a necessidade insuportável de beijá-la. E ela está sentada em meu colo. Começa a desabotoar e, quando finaliza, passa a camisa por meus braços.
Meu interior derrete. Estou com dificuldade para respirar. O ar parece denso. Quente.
- Prontinho. - diz ela, sonolenta. Volta a deitar, e deito ao lado dela. Carolina sorri e se aconchega em mim, pressionado o corpo delicioso no meu. Permito-me ter um pedaço dela. Estou cansado demais para resistir. Para querer sair de perto dela.
Envolvo seu corpo com os braços e mãos, nosso calor se misturando. Se unindo. Tornando-se a coisa mais gostosa. Minha respiração se desregula. Luto para que não perceba o quão duro me faz ficar. Sinto patas pequenas em meu braço. Turmalina ergue um bracinho e usa a pata para me bater.
Franzo o cenho.
- O que é.
Ele bate outra vez. Me movo um pouco, até que ele se enfia entre nós. Era isso o que queria. Carolina ri.
- Vocês... - ela sussurra, sonolenta. -... são minhas duas pessoas mais favoritas. Ah! O Turmalina não é uma pessoa. - ela ri abafado. - Vocês... são meus seres vivos favoritos. - ela para de falar, os lábios se entreabrindo e indicando que dormiu. Nunca fui a pessoa favorita de alguém. Não deveria ser a pessoa favorita de alguém. Não sou a dela. Deve estar com sono. Dizendo coisas que não sabe. Passo a mão em torno de seu cabelo. Mas ela é a minha.
Fecho os olhos, me entregando à afirmação perigosa.
Ela é minha pessoa favorita.
❖
Durmo tanto que, quando abro os olhos, estão zonzos. Está de noite.
Vou me mover, mas então percebo meus braços em torno dela. Seu cheiro ao meu redor. Algo quente torneando meu pau. Seu corpo colado ao meu, mas de costas. Carolina está de conchinha em minha frente. Meu corpo enfraquece. Esquenta. Minha barriga estremece quando olho para seu quadril. Sua bunda está pressionando o meio das minhas pernas.
Solto um grunhido, sem conseguir segurar. Caralho.
Me afasto dela lentamente. Antes que aconteça o momento perturbador em que ela percebe minha ereção. Não quero traumatizá-la outra vez.
Meu corpo dói com a falta do calor dela. Me ordena a voltar, reivindicar o corpo dela como meu. No entanto, deixo ela e Turmalina continuando a dormir. Abro a porta. A fecho com cuidado. Vou em direção ao chuveiro.
É lá onde consigo ordenar os pensamentos dos últimos acontecimentos.
Penso em ir até o escritório. Analisar as informações do documento. As assinaturas que não são minhas. Pensar no que fazer com a informação. No entanto, meu interior pede um tempo ínfimo sem pensar nisto. O que me gera algo no peito. Diz que agora tenho um pedaço novo em mim.
Algo incomum. Um lado meu que não se trata da máfia.
Um lado de olhos esverdeados e sorrisos. O lado dela. Um lado que não deveria existir. Mas existe.
Saio do banho meia hora depois. Seco apenas o corpo. Meu cabelo fica úmido. Coloco apenas uma calça. Vou ver se Carolina já acordou, quando a vejo sair de um quarto com Bárbara.
Seus cabelos agora são presos em coque baixo. Está de shortinho e blusa de alcinha. Sem sutiã.
Minha barriga estremece em calor. Quase dou meia volta. Não há chance alguma de eu não endurecer. De não olhar. De não querer baixar suas alcinhas e pegar um na boca. Quero como um necessitado. Mas engulo o desejo. Porque ela já me vê.
Seus olhos percorrem meu cabelo úmido. Meu tronco. Minha pele se arrepia. Formiga em cada pedaço que seus olhos observam. Ela os fixa em minha cintura. Para de falar com Bárbara, que a chacoalha.
- Carolina?
Carolina pisca.
- É, tão gostos... - ela balbucia. E então arregala os olhos. - Q-quero dizer, é gostoso, o que a gente comeu aquele dia!
- Quem estava falando de comi...
Bárbara recebe um tapa.
- Estávamos, sim! Bom, mas mudando de assunto... eu vou ver com elas depois.
- Tá bom. - Bárbara deixa um beijo em sua bochecha. - Vou voltar para meu quarto, não quero me atrasar. Eu e Vic vamos sair para comer.
- Ah, jura?
- Sim, acredita?! É que a gente tá precisando espairecer um pouco, sabe? Ainda mais depois de ontem... sinto que ele fica meio necessitado de me levar para lugares longes daqui, que não envolvam as coisas perigosas da vida dele, como se quisesse me lembrar de que ele ainda pode me dar uma vida normal... Vic não sabe que eu já sou acostumada com tudo isso.
- Entendi. Bem, faz sentido mesmo, bom jantar pra vocês.
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Medicine | Volsher.
Romance"Ela não é uma droga. É minha medicina. Drogas te fazem esquecer dos seus problemas, mas medicina... cura. Ela me cura. Mas sem esquecer do que eu vivi."