Capítulo 37.

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Carolina vai para o chão e engatinha até a mesa. Por pouco não é atropelada, pela multidão que agora começa a correr.

Sinto um puxão no pescoço e sou jogado para trás. Minha cabeça bate ao meio de uma mesa de cartas. Dor faz minha nuca latejar. Afundo o joelho ao meio das pernas do homem, antes que afunde um soco em meu rosto.

Ele cambaleia para trás. Geme e tenta se levantar, mas impulsiono o corpo para a frente e deixo um chute em seu queixo, outro em seu joelho.

O derrubo com um soco na lateral. Outro puxar em minhas costas me faz puxar um braço, agarrar outro e girá-lo, derrubando o corpo no chão a ponto de deixar o braço torcido.

Afundo o pé no ombro do homem, ouvindo o som do descolar do osso. Outro tiro em minha direção me faz agarrar outro dos homens de Frank. O uso de escudo, a bala atingindo seu rosto.

Jogo o corpo acima de uma das roletas e observo uma arma apontada para mim. Ajo rápido o bastante para levantá-la. Os tiros atingem os lustres. Uma chuva de vidro se esparrama pelo chão. Uso o cano da arma para empurrar o homem.

Ele se desequilibra o bastante para que eu atinja seu rosto duas vezes. Uma nos olhos, outra no nariz. Seu rosto cai contra os cacos de vidro, sangrando. Ajeito a arma nas mãos e vou atirar no atirador, até que a arma é chutada. Sou chutado pelas costas.

Caio no chão, olhando para Frank. Ele se aproxima. Tento levantar, mas seu pé se afunda em minha garganta, prendendo minha cabeça no chão.

- É assim que você precisa ficar. Abaixo de mim, Ramos. Como seu pai deveria ter ficado.

- Não sou meu pai. Não concordo com tudo o que ele fez.

- Não me importa! - ele parece perder o controle. - Não me importa, porque ele matou inúmeras pessoas importantes pra mim! Ele se arrependeu, ao menos? Se importou? Nunca! - ele aperta mais meu pescoço. Toco em um caco de vidro no chão. Ergo-o e afundo em sua canela. Ele geme, recuando o bastante para que eu chute sua perna. Seu corpo cai no chão, e ele desfere um soco em meu rosto. Por mais que a dor seja quase insuportável, giro nossos corpos e desfiro mais um, dois, três socos até que ele agarre meu pescoço.

O papel se inverte outra vez, mas desta vez desvio de seu soco. Deixo uma cotovelada em sua jugular.

Empurro seu corpo para o lado e levanto, chutando o meio de suas pernas e a cabeça. Caio aos joelhos, agarrando seu pescoço. Ele tenta se desvencilhar. No entanto, faço a pressão necessária para que ele sequer se mova.

- Não precisamos fazer isso, Frank.

- Não confio em ninguém que ainda comande o tráfico clandestino de prostituição.

Pela primeira vez, minhas mãos enfraquecem.

- O quê?

- Não se faça de otário. - ele cospe. - Você ainda continua comandando o tráfico clandestino de prostituição do qual seu pai criou à anos. A Italian Blood assina anualmente todas as provas de que ainda mantém aquela nojeira funcionando.

- Não assino nada, Frank.

- Duvido muito. O Galpão é literalmente seu, porra. Às quatro da manhã de hoje, um caminhão com cerca de cinquenta mulheres sairá daqui para sei lá onde, inclusive. É uma aberração.

Me desconcentro. Entre sua acusação e a necessidade de segurá-lo, minha mente se concentra na acusação.

O Galpão nada mais é que o maior centro de transporte de prostituição. O local que os americanos trazem e levam mulheres de todos os países. Muitas vezes, sem que elas mesmas queiram.

A maioria são sedadas. Sequestradas. Violentadas, drogadas e estupradas, para depois serem vendidas. Contra sua vontade. Meu pai havia um negócio de prostituição. Parei de assiná-lo a anos. Sou jogado para o lado.

Frank me agarra. Meu corpo bate contra as cadeiras do bar. Tento me levantar. Minhas costas latejam em dor. Agarro um copo de vidro qualquer e o quebro em sua cabeça. Ele se desequilibra, mas logo vem para cima de mim. Agarro sua cabeça e a bato contra o balcão. Agora é ele quem cai entre as cadeiras. Seu rosto está borrado de sangue. Me agacho, para ficar em sua altura.

- Se eu acabar com esse tráfico... você vai deixar de buscar vingança?

- Nunca.

Ele tenta levantar. Deixo um chute em suas pernas.

- Não sou meu pai, Frank. - ele tenta respirar. - Os problemas dele não são meus. Ainda sim... sinto muito pelo que fez com sua gangue. - dou a ele sua última chance. De se render. Encarar o fato de que não sou Frederic. Não sou meu pai. Não ajo como ele.

- Eu... - ele geme de dor. -... nunca vou perdoar ele.

Olho em seus olhos. A necessidade por vingança o cegando. A sede por me matar. Se meu pai estivesse vivo, eu o deixaria matá-lo. Ele fez a Frank algo imperdoável. Mas tampouco se importou. Provavelmente saiu andando, como o doente que era.

No entanto, se Frank continuar me perseguindo... querendo minha morte... infelizmente, também não posso deixá-lo vivo. Ele não me deixou escolhas. Em seus olhos, vejo um ódio irreversível.

Ele se levanta das cadeiras, empurrando-me para trás. Meu corpo desliza entre os cacos.

Minha cabeça bate na quina de uma mesa. Ele vem para cima de mim, determinado a realmente me matar, desta vez. Engancha ambas as mãos em meu pescoço. Não consigo respirar. Tento agarrar algo. Não encontro nada.

A arma está jogada do outro lado da mesa. É então que percebo. Estou do lado da mesa de Carolina. Ela está confusa, olhando para mim. Olho para a arma e para ela outra vez. Ela entende, sem que eu tenha que fazer outro sinal.

Estou sentindo só metade do corpo quando Carolina agarra a arma, a arrasta com força, e ela para ao meu lado.

Em um movimento rápido, a agarro e aponto para a cabeça dele. Afundo o dedo no gatilho. A bala estoura sua cabeça. Seu corpo para em inércia. E então, o corpo de Frank cai no chão. Sem tempo para pensar, agarro a arma e Carolina. A puxo debaixo da mesa.

- Mob?

Toco atrás da orelha. O dispositivo caiu. É por isso que não escuto nada. Puxo Carolina outra vez, correndo para o andar de cima. Victor está agarrando um homem e o lançando das escadas.

- Porra, aí está você! Já estávamos constatando sua mor... - Victor é agarrado pelas costas. Atiro na cabeça do homem. Augusto se desvencilha do corpo morto, ajeitando o terno. - Em fim. No que deu?

Engulo seco. Há um negócio de prostituição. No nome da IB. Sendo assinado todos os anos. É só o que consigo pensar. Meus dedos se entrelaçam no de Carolina. Ao que parece, ela é como meu pedestal. Os dela apertam os meus, dando um pedaço de controle. Calma. Colocando-me de volta aos trilhos.

- Ele morreu.

- Certo. Vamos dar o fora daqui. - ele toca no ouvido. - Mob, o chefão está morto.

Medicine | Volsher.Onde histórias criam vida. Descubra agora