- Ele precisa de um pau na bunda dele.
É a primeira coisa que ouço ao acordar. Se assemelha à voz de Augusto.
- Sì, um pau bem grande. Todos os americanos precisam de um pau no cu. - Mob murmura.
Sinto frio. Bato a mão ao meu lado. Meu peito falha em uma batida. Carolina não está mais grudada em meu corpo. Seu calor se esvaiu. Abro os olhos, lentamente. A luz ofusca minha visão. O lugar ao meu lado está vazio. Fecho os olhos outra vez. Os abro. Observo. GS está sentado no sofá. Victor está de costas, em pé. Mob está apoiado na janela, olhando para mim:
- Ah... ele acordou.
Victor se vira.
- Como está? - pergunta.
Abro a boca, mas ele prevê o que irei perguntar:
- Ela foi com Bárbara e as meninas pegar remédio na farmácia ao lado. - ele suspira. - Você terá que tomar um para alívio respiratório por um ou dois dias, só para se certificar de que não está mais com dificuldade de respiração, então é melhor que já vá se acostumando. - fecho os olhos outra vez. Movo-me entre as cobertas, me erguendo. Meu corpo está ligeiramente fraco. - Ei. Quem disse que você pode levantar, porra?
- Eu. - acostumo-me com o estado de meu corpo.
- Não é você quem manda aqui, e sim o médico.
Suspiro. Olho para Augusto.
- Houve alguma notícia de Billie?
- Não, e espero que não haja, ao menos até que você se recupere. Entrar em outra guerra com você nestas condições é pedir para perdermos. Precisamos de tempo.
- Ele não precisará de muito tempo. - murmuro. - Sabe que estou fraco. E está puto, sem dúvidas. Outro de seus planos não funcionou.
- Não podemos agir com você neste estado, Crusher. - GS diz, do sofá.
- Estou normal. Apenas um pouco fraco.
- Não digo apenas fisicamente. Psicologicamente. - ele diz, se levantando. - Você acabou de ser bombardeado por inúmeras emoções que não sentia à anos. Estou errado? Quase nunca te vimos daquele jeito.
Não. Ele não está errado.
Não sinto o que senti há anos. No entanto, fui criado com o psicológico fodido. Fui criado por alguém com o psicológico fodido. Fui criado para aguentar. Suportar. Meu pai não se importava se eu estava bem ou não. Daria quantos socos precisasse, para que eu continuasse o obedecendo. Treinando para ser seu sucessor. Não importa a situação de meu psicológico.
Fixo o olhar no chão.
- Mais alguma das meninas estava no prédio?
Mob balança a cabeça:
- Não. Milena e Bianca foram ao shopping, e Carolina ficou estudando e treinando uma apresentação. Foi a deixa perfeita. GS ligou para Bianca antes de irmos, e ela disse que ela e Milena estavam comendo o hambúrguer mais gostoso do mundo. Ele a mandou ficar por lá e não voltar até ele mandar. - Mob solta uma risada abafada, e Augusto balança a cabeça.
Alguém abre a porta da sala. As quatro entram, numa bagunça feminina de vozes e risadinhas. Carol ergue uma sacola. Está linda à luz do dia, de leggin e regatinha, ainda com o cabelo preso em um coque. Meu interior se revira em desejo de abraçá-la. Sentir sua pele quentinha outra vez; a quentura que se tornou minha casa. Afundar meu rosto em seu pescoço. Inalar seu cheiro. Quero tocá-la.
- Aqui. Na dúvida comprei três. O médico vai nos dizer qual deve ser o melhor.
- Ótimo. - Augusto diz.
Ela olha para mim, percebendo que acordei. Sorri, e meu peito fraqueja.
- Ah, bom dia! Já está podendo sentar, é? - ela chega perto, mas por algum motivo não tão perto. - Eu fui na... - eu a ajudo, envolvendo as mãos em sua cintura e a trazendo para perto. Seu calor me derrete. Respiro fundo. Inclino seu rosto para mim e lhe deixo um selinho. E outro. E mais outro, sentindo a maciez quentinha de seus lábios, como um doce. Seus ofegos quentes contra os meus. Deslizo os lábios para a ponta de seu nariz. Deixo-lhe um beijinho ali.
- Bom dia. Não saia mais sem avisar. - murmuro.
Ela ofega.
- T-tá, desculpa. Eu não queria te acordar. - seu tom está tímido.
Quando me afasto levemente, percebo seu rosto corado. Olho para atrás de si, e é então que percebo. Estão todos olhando. Deviam o olhar quando direciono o meu a eles, mas Bárbara não contém a surpresa. Carolina envolve as mãos em meu rosto. Coloca a palma em minha testa, faz carinho com o dedão. Amoleço contra suas mãos, meu peito quente.
- Dormiu bem? Acordou melhor?
- Um pouco fraco.
- Tudo bem, vou dizer ao médico. Fique sentado.
Minutos depois, o médico adentra a sala. Diz que é melhor que apenas uma pessoa fique para ouvir. Todos saem. Carolina escuta tudo com olhos atenciosos. Dou-me conta de que serei obrigado a obedecer suas recomendações, pois mio dolce está ouvindo. E não costumo contrariá-la. Mantenho-me sentado enquanto ele fala.
- Indico fortemente que haja uma administração do oxigênio dele... é muito importante que ele diga se está tendo alguma dificuldade para respirar, porque, se houver, é importante avisar e procurar auxílio médico outra vez. - Carolina assente. O médico prossegue. Diz qual a melhor medicação. Recomenda-me repouso, mas desconhece que sou dono de uma máfia.
Quando sou posto na van, inclino a cabeça e a pouso no ombro de Carolina.
Afundo o rosto em seu pescoço, e sou coberto por seu calor. Tremulações de prazer preenchem minhas células. Meus batimentos aceleram por ela. Deixo-lhe um beijo leve. Ela envolve as mãos em meu braço, deslizando os dedos quentes por minha pele, fazendo-me ferver do toque dela.
- Sabe onde as meninas ficarão agora? - Marcos questiona.
- Ah, não importa, o importante é que... - Carol começa a falar.
- Em casa. Até que encontremos um lugar seguro. - murmuro contra o pescoço de Carolina.
- E ele seria...? - Victor pergunta.
- Em outro país. Mas não acho que queiram mudar de país. Então, pensarei.
- Certo. - Augusto assente.
- Elas podem mandar qualquer um dos funcionários comprar tudo e mais um pouco do que perderam. Mandem um comprar um notebook, inclusive. Com urgência. Da marca... - movo o rosto apenas para olhar para Carolina.
- Ah, qualquer uma.
- Da melhor, então. - murmuro.
Ela baixa a voz, para iniciar a típica discussão que teremos:
- Ah, também não precisa ser da melhor... talvez da Positivo?
Franzo o cenho.
- Esta marca é horrível.
Ela segura um sorriso.
- Tá bom, tá bom. Tudo bem. Pode ser um bom da Samsung, então. - sorri, e cubro seu sorriso com minha boca.
Grudo nossos lábios, deixando-lhe um selinho. Outro. O barulhinho estremece meu interior. Ela me deixa outro, e a maciez quentinha de seus lábios me faz desejar mordê-los. Me faz querer mergulhar minha língua na dela, iniciar outra sessão torturosa de beijos insaciáveis. No entanto, contenho-me. Afundo os lábios nos dela, selando-os sem parar.
- Você me faz perder a humildade. - sussurra contra meus lábios, e sou eu quem seguro um sorriso desta vez, voltando a afundar meu rosto em seu pescoço.
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Medicine | Volsher.
Romance"Ela não é uma droga. É minha medicina. Drogas te fazem esquecer dos seus problemas, mas medicina... cura. Ela me cura. Mas sem esquecer do que eu vivi."