- T-te amar? - estou tão em choque que mal consigo pensar.
- Sim... - ele sussurra.
- Você só pode estar brincando - respondo irritada - Você está com Avril.
- Eu sei, mas foi apenas para ver se te esquecia, se esse sentimento que tenho por você fosse embora - suas pupilas dilatam - Por que você acha que convidei Georg, Gustav e Avril? Porque pensar em ficar com você a sós me assusta. Me assusta por que eu, por mais que tentasse negar, sinto algo por você. Em vão, eu lutei. Acabei sentindo por você o mesmo que sentia quando éramos pequenos.
Quando éramos pequenos? Não posso acreditar. Ele disse que não sentia o mesmo, e me humilhou. Uma raiva, ainda mais forte, me atinge.
- Não... Não. Você está brincando comigo - começo a rir.
- Não estou Amelie - seus olhos dizem a verdade. Me recuso a acreditar.
- Você - digo entre dentes - foi capaz de usar Avril, só para ver se seus sentimentos por ela fossem maiores do que os por mim?
- Sei que parece cruel...
- É cruel - balanço a cabeça em negação - Você usou e abusou dos sentimentos dela.
- Qual é Amelie, estou me declarando pra você, e você só está falando de Avril - ele passa as mãos pela cabeça - Me de uma resposta, de um fim ao meu sofrimento.
- Eu nunca seria capaz de amar alguém que usa as pessoas - falo com desprezo. Vejo os olhos de Tom se tornarem tristes.
- Porra Amelie... para de falar sobre Avril. Qual é o seu problema? - ele encara.
- Qual é o meu problema? Você. Você é o meu problema - lágrimas se formam em meus olhos - quando éramos crianças, eu desejava todos os dias que por alguma razão ou motivo, você percebesse algo de interessante em mim. Mas você só falava de Astrid. Te ouvi na arquibancada aquele dia, dizendo que não sentia o mesmo e que eu era apenas uma amiga, que sabia que eu te amava. Quando fui embora, e vim morar aqui, Bill te passou meu número a pedido de Astrid. Eu queria que você tivesse me mandado um oi, que perguntasse sobre mim, sobre como estavam as coisas aqui, mas você não mandou nada. Enquanto isso, enchia a caixa postal de Astrid de mensagens.
- Eu menti, tá legal? - ele diz depois de absorver toda as minha palavras - Aquele dia na arquibancada eu menti. Eu me recusava a gostar de você. Você realmente não fazia o meu tipo e mesmo assim, meu coração acelerava quando eu estava perto de você. Eu sabia que gostava de mim, por que eu via em seus olhos, mas você nunca dizia nada. Eu queria que você dissesse, para eu dizer o mesmo. Falava de Astrid toda hora para ver se você cederia, mas era orgulhosa demais. E agora... eu vejo a mesma coisa em seus olhos, mas você ainda sim... não diz nada. Continua orgulhosa.
Ficamos nos olhando por alguns instantes. Estou com vontade de chorar. De correr para longe dele. Mas alguma coisa me prende aqui. Ele me prende aqui.
- Eu te odeio. Por mais que meu coração diga o contrário, eu te odeio. Te odeio porque foi por sua causa, que eu parei de acreditar no amor. Passei todos esses anos pensando que meu amor por você tinha sido em vão, e agora você vem me dizer que sentia o mesmo? - percorro meu olhos pelo rosto do Kaulitz.
- Deixe o passado para trás Amelie... - ele tenta dizer.
- Não... Não. As únicas memórias boas que tenho são as do passado. De quando meu pai estava vivo - as lágrimas descem pelo meu rosto. Lágrimas de raiva e de tristeza. Me viro saindo dali. Não posso escutar Tom Kaulitz dizendo que me ama.
- Amelie, por favor... - a voz do mesmo sai fraca. Ignoro e sigo em frente.
Passo a viagem de carro olhando pela janela. Ignorando todos ali presentes. Sei que notam algo estranho entre mim e Tom. Astrid tentou falar comigo mas eu a ignorei, mão estou com cabeça para ouvir minha irmã. Ouço Gustav limpar a garganta.
- Então... descobri que tomate não é uma fruta nem um legume - ele nós olha - é um fruto, assim como o pepino.
Solto uma pequena risada baixa e balanço a cabeça. Nossa discussão foi em vão. Estávamos todos errados.
A limousine para na frente de nossa casa e saio sem me despedir de ninguém. Só quero ficar sozinha. Ouço Astrid pedindo desculpas pelo meu comportamento.
Tomo banho e me arrumo para ir para a faculdade. Preciso ensaiar as falas da minha apresentação. Desço as escadas procurando a chave do meu carro. Escuto minha mãe me chamando da sala, com a chave em mãos.- Procurando isso? - o tom de sua voz não me parece muito agradável. Olho para Astrid que parece arrependida - Não acredito que você brigou com Tom Kaulitz de novo.
- Você contou - lanço um olhar acusador para minha irmã.
- Foi sem querer, eu estava falando sobre como foi nossa tarde até eu tocar nesse assunto - justifica ela.
Minha mãe sempre me dava sermões quando eu brigava com Tom. Agora não mudou muita coisa.
- Você já não maltratou esse garoto demais? - ela questiona.
- Eu não estou com cabeça para responder as suas perguntas mãe, me dê a chave - suspiro tentando me acalmar.
- Me responda ou não devolverei - a mulher chantageia.
- Mãe... - Astrid tenta dizer.
- O pobre garoto se declarou para você e você o humilhou? - mamãe ri de deboche.
- Espera... como você sabe que ele se declarou para mim? - olho curiosa para mamãe, meu olhos pousam em minha irmã - Astrid?
- O que? - se finge de boba.
- Como você sabia? - peço.
- Amelie... ah, ele... ele me contou. Que era apaixonado por você, quando resolveram de vir para Argentina...
- Você sabia desde o começo? - me sinto traída - Ele sabia quem era eu aquele dia na festa?
- S-sim... - ela suspira - Eu sabia que você ainda tinha sentimentos por ele também. Então quis proporcionar momentos para que vocês falassem sobre isso. Não deu tão certo quando eu imaginava.
- Realmente não deu - estendo a mão para mamãe - me dê a chave.
- Amelie, desculpa - Astrid choraminga.
- Mamãe, me dê a chave - repito.
- Amelie desculpe sua irmã - a mulher se intromete.
- Me dê a chave - me sinto prestes a explodir.
- Sinto muito Amelie, eu só queria que você ficasse feliz... - minha irmã diz - Queria que você encontrasse o amor, provar para você que existe.
- Não preciso de sua ajuda para isso - meu olhos lacrimejam de raiva - mamãe, a chave.
- Desculpe sua irmã primeiro...
- ME DÊ A PORRA DA CHAVE - explodo - POR QUE VOCÊ SEMPRE ESTÁ DO LADO DE ASTRID, MÃE? EU NÃO AGUENTO MAIS VOCÊ ME REBAIXANDO. EU NÃO AGUENTO MAIS VIVER NESSA FAMÍLIA QUE NÃO ME DEIXA EM PAZ.
Mamãe fica boquiaberta. Aproveito a brecha e arranco a chave da mão dela. Astrid começa a chorar. Ignoro e sigo em direção ao meu carro. Minha cabeça está latejando. A aula hoje vai ser um saco.

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Kiss Me - Tom Kaulitz
RomanceEles eram vizinhos antes de Tom ficar famoso. Eram amigos. Melhores amigos. Amelie tinha uma paixão secreta por ele, mas o garoto nunca sequer se importou com os sentimentos dela. Ele era profundamente apaixonado pela irmã de Amelie, Astrid, que era...