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Nós brigamos, de novo. Eu odeio, eu odeio quando isso acontece. Eu me culpo, mesmo a culpa não sendo totalmente minha. São 5:00 da madrugada e não consigo, de jeito nenhum, dormir. Olho para a mesa ao meu lado. Uma caixinha repousa ali. Os anéis que comprei para Amelie. Sinto meu coração se quebrar. Eu precisava vê-la, conversarmos cara a cara. Assim, ninguém poderia fugir.

Pego meu celular, vendo as listas de voo. 12 horas de viagem, de Lisboa para Argentina, voos agendados a partir das 5:30. Eu chegaria a tempo, antes de ela ir para a faculdade. Há apenas uma entrevista hoje a tarde, não seria problema caso eu não fosse. Arrumo algumas malas, jogando qualquer peça de roupa ali.

Acordo Bill em seu quarto, onde o mesmo dorme como uma pedra.

- O que foi? - ele senta, depois de eu o ter chacoalhando mil vezes - Você está bem?

- Eu preciso ir para Argentina, Bill - o olho, torcendo para que me entenda. Astrid o verá ainda hoje, os dois irão à Paris, junto com Gustav e Georg. Mas Amelie, a minha Amelie, não irá. Prefiro ficar se ela não for. Bill me encara, analisando-me.

- Ok - é o que ele diz. Meu irmão é uma das únicas pessoas que realmente me entende. O abraço forte.

- Valeu, a gente se vê amanhã - cochico - Te amo BigBill.

- Te amo Tommy.

Vou até meu Audi e dirigo o mais rápido que posso até o aeroporto.
Tento dormir na viagem, mas é impossível com toda essa ansiedade.
Eu nunca pensei que, algum dia, faria isso por uma garota. Viajaria 12 horas só para vê-la. Confesso que me supreendi comigo mesmo. Mas eu amo Amelie, sempre amei, sempre foi e é ela. Não posso, simplesmente, a deixar escapar, já que foi difícil chegar até aqui.

12 horas se passam e não prego os olhos. Desço do avião, chamando um táxi urgentemente, mas nenhuma para. Mas que cacete. Preciso ir agora, nesse exato momento. Vou até a garagem, com o objetivo de pedir carona, até encontrar uma senhora tendo problemas com suas compras.

- Deixe-me ajudar - pego as sacolas e as coloco no porta malas.

- Que bom rapaz, obrigada... - ela me dá pequenos tapas no ombro.

- De nada - sorrio. Então, uma ideia me vem a mente - Posso levá-la para sua casa? E a senhora, por gentileza, emprestaria o seu carro só por um momento?

- É claro, rapaz bonito - a mulher sorri.

A casa de Amelie me trás uma sensação boa, uma sensação de felicidade. Astrid me recebe com um sorriso no rosto, dizendo que sua irmã está no trabalho e logo logo virá. Então espero, olhando pela janela a cada segundo.

- Tem alguma coisa acontecendo, que ela se recusa a contar - Astrid diz, sentanda no sofá.

- Eu sei - suspiro.

Vejo seu carro se aproximando. Vou em sua direção lentamente, apesar de querer fazer totalmente o contrário. Quando ela sai do carro, meu coração acelera feito louco. A garota corre em minha direção. A abraço, sentindo seu cheiro, o seu calor. Eu ficaria assim para sempre, se fosse possível. Mas ela se afasta, com os olhos vermelhos. Amelie evita me olhar.

- Amelie, olhe para mim - levanto seu queixo. Seus olhos azuis me fazem perder o chão, estão tristes, estão distantes - O que está acontecendo? Pode me dizer.

- Eu não posso... - mais lágrimas descem pelos seus lindos olhos - eu não posso te contar. Não me peça mais, por favor. Eu quero te contar Tom, mas não posso. Não posso.

- Só me diga... - tento a entender - Por que não pode?

- Você estaria em perigo - ela murmura - E eu não quero que ninguém o machuque, porque eu te amo. Preciso fazer isso sozinha, mas não se preocupe. Ficarei bem.

Fazer isso sozinha? Ficar bem? Do que ela está falando? Por mais que minha curiosidade esteja me matando, não insisto. Vejo nos olhos dela, como está sendo difícil não contar para ninguém.

- E quando... quando você fará? - pergunto, a analisando.

- Hoje, a partir das 19:00 horas. Eu nem devia estar te contando isso, mas por favor, não me siga - como ela sabe que eu estava pensando nisso? - É só hoje, e nunca mais farei isso.

Concordo, a abraçando. Sinto seu corpo tremer. Ela entra em casa se arrumando. Falta poucos minutos para as 19:00 horas. A garota segura minhas mãos, me olhando como se eu fosse a única pessoa ali.

- Você vai ficar aqui, não vai? Até eu voltar - ela implora - Promete?

- Prometo - dou um pequeno beijo em sua testa, afastando sua franja - Vê se volta logo hein. Te amo.

- Eu também te amo - ela me dá um pequeno beijo, se afastando de meus braços.

Ela cochicha algo para Astrid e sai. A observo pela janela. Está seria, o que a deixa sexy demais. Estou com um pressentimento ruim. Prometi que esperaria aqui e não a seguisse. Mas não posso, não posso ficar. Quando Amelie sai com o carro, me levanto indo em direção à saída. Astrid entra em minha frente, bloqueando a porta.

- Tom, não - ela diz, com os braços abertos.

- Astrid, me deixe sair - a encaro.

- Não posso, ela me fez prometer - então lembro, a hora do cochicho... Porra Amelie.

- Me escuta, eu estou com um pressentimento horrível em relação ao que ela vai fazer - contraio o maxilar - me dê licença.

- Não - Astrid persiste.

- Você não tinha que estar no aeroporto à essas horas? Você sabe que o seu voo é às 19:30, não? Vai perder a chance de ver Bill? - a provoco.

- Para com isso, eu não vou deixar você bancar o herói de novo - ela me queima com o olhar.

- Bancar o herói?

- Sim, Kaulitz - murmura - Você sempre tirou Amelie de muitas furadas, mas agora ela não precisa de você.

- Tem certeza? - levanto as sobrancelhas - Vai me dizer, que não está sentindo que algo de errado vai acontecer?

- Eu sinto, mas...

- Astrid, eu sei que ela te fez prometer, mas eu não posso deixá-la ir. Eu a amo e mataria e morreria por ela. Por favor, me deixe sair - imploro, mais uma vez. Vejo seu semblante murchar. Ela abaixa os braços lentamente, me dando espaço para sair.

- Proteja nossa Amelie - a loira pede. Concordo com a cabeça e me apresso até o automóvel da senhora.

Me espere amor, estou chegando...

Kiss Me - Tom KaulitzOnde histórias criam vida. Descubra agora