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- Alunos. Prestem atenção - diz a professora batendo a régua na mesa - hoje vocês farão um trabalho em dupla.

Vários gritos de alegria percorrem a sala de aula. Vejo Bill e Tom se entreolharem sorrindo.

- Mas... - continua a mulher - eu escolherei as duplas.

A alegria presente no ambiente se esvai totalmente. Não me importo, não tenho com quem fazer dupla mesmo.

- Professora, por que não podemos escolher? - um menino de óculos pergunta.

- Porque vocês terão a chance de conhecer pessoas novas - fala a professora filosoficamente, nos olhando fixamente - Então vamos lá. Asheley com Peter, Kevin e Yuri, Bill e Victor, Hanna e Anne, Raphael e Mare (...) e garota... qual seu nome mesmo?

Levanto a cabeça vendo ela apontando para mim, olho ao redor, todos estão me observando. Acho que nem sabiam da minha existência.

- Amelie Zimmer, professora - repondo baixinho.

- Desculpe? - a mulher não entende.

- Não se preocupe professora - Tom se intromete - ninguém vai querer fazer dupla com essa aí.

Todos na sala começam a rir, menos Bill que cutuca o irmão. Sinto minhas bochechas arderem. A professora me observa por alguns instantes.

- Ok. Seja esse ninguém Tom - ela diz por fim.

- O-o que? - o meninos de dreads levanta de repente.

- Professora, quero trocar de dupla - digo levantando a mão.

- Eu também quero - Tom bufa.

- Sinto muito. Mas as duplas já foram escolhidas - a mulher sorri - vocês poderão aproveitar o tempo juntos e... resolver essas desavenças entre vocês.

Olho para Tom com desprezo e ele retribui o olhar.
A professora explica como será feito o trabalho. Uma pesquisa, para um seminário.

Depois do almoço vou até a casa dos Kaulitz. Bato na porta. A mãe dos meninos surge toda animada.

- Amelie, querida - ela me cumprimenta com um beijo no topo da cabeça - procurando os meninos? Estão no porão.

Agradeço e vou em direção aonde os meninos estão. Georg e Gustav estão ali também.

- Olá vizinha da frigideira - Georg ri.

Ignoro o resto dos meninos achando graça e me dirijo a Tom, que está deitado no sofá.

- Está ocupado? - pergunto a ele que me olha com os olhos sonolentos.

- Sim estou muito ocupado... Fazendo vários nadas - o menino de dreads me diz - Quer o que?

- Pensei em fazermos o trabalho hoje - sugiro.

- Mas é só pra sexta feira - Bill fala confuso.

- Eu sei. Pensei em adiantar e não deixar pra última hora - continuo vendo Tom bocejar.

- Foi mal, vizinha da frigideira, não tô afim - ele fecha os olhos.

- Ok - dou de ombros, com um sorriso malicioso no rosto - Sabiam que Astrid adora caras estudiosos?

- O que? - Tom abre os olhos rapidamente - Ah... bom, eu só queria descansar um pouco, estou novo em folha agora. Mas você vai ter que escrever, meus dedos estão doloridos de tocar guitarra.

- Ok - sorrio triunfante.

Levo Tom até meu quarto onde pesquiso o assunto que escolhemos no computador. Começo a ler o que escrevi ao garoto que não tira os olhos da janela.

- Tom. Você está me escutando? - pergunto, mas ele nem se move - Tom Kaulitz, presta atenção. Me escuta.

- Oi? Estou escutando sim. Só estou te ignorando - diz sem desviar o olhar da janela - estou apreciando a vista.

- Mas que vista é ess... - sigo o olhar de Tom, que está observando Astrid molhando o jardim - QUE TARADO TOM.

- O que? Mas não tem como não olhar para isso. Ah... - ele suspira.

Faço uma cara de nojo e fecho a cortina. O Kaulitz me olha bravo.

- Se você não quer me ajudar a fazer o trabalho hoje, vamos fazer amanhã. Não quero fazer tudo sozinha - digo desligando o computador.

- Se você diz então ok - ele se espreguiça abrindo a cortina de novo.

- Só falta você babar - rio - Quer ir jogar Mortal Combat?

- Opa! Agora você falou a minha língua - Tom se levanta indo em direção à sala - Assisti vários vídeos de jogadas estratégicas, aposto que hoje eu ganho.

- Vai nessa - o provoco.

O fim da tarde se aproxima. Tom ainda está na minha casa. Ele disse que não pararia de jogar até ganhar de mim.

- PORRA AMELIE - ele reclama - COMO ASSIM.

- Você vacilou - dou de ombros. Já ganhei doze partidas e Tom oito - acho que esses vídeos que você assistiu não adiantaram de nada.

- Merda - a porta se abre com Astrid entrando toda molhada - a torneira do jardim quebrou.

- Ficou linda toda molhadinha - Tom diz.

Astrid gargalha e vai até o banheiro. Rio da cara de Tom que me mostra o dedo do meio.
Começamos outra partida até escutar um barulho vindo da cozinha. Me levanto correndo e vejo meu pai escorado no balcão tossindo. Há várias panelas caídas no chão.

- Pai, o que foi? - pergunto batendo em suas costas. Ele está vermelho por conta da falta de ar.

- Me afoguei com a água - ele força uma risada. Vejo ele esconder um frasco de remédios em seu casaco - está tudo bem.

O ajudo a ajuntar as coisas do chão. Tom aparece e ajuda também.
Nossas mãos se tocam ao pegarmos a mesma panela. Paralizo. Meu coração começa a bater mais forte. Minhas bochechas coram. Tom me olha e tiro minhas mãos das dele.

Pensei nisso a noite inteira. Toda vez que estou com ele, sinto isso. Toda vez que ele me olha, sinto meu coração maluco. Toda vez que ele me toca, minha respiração fica desregulada. Tento negar o que estou começando a sentir por ele. Não quero ter nenhum sentimento romântico com Tom Kaulitz. Mas... toda vez que ele me olha... AAAAAAAAAA.

Levanto rapidamente e lavo minhas mãos na pia. A sensação de seu toque não sai mesmo assim.
Ele me olha estranho e gargalha.

- Você tem nojo de mim agora? - pergunta.

- Você foi no banheiro antes e não lavou as mãos - respondo rápido de mais.

- Realmente - ele ri - Vou ir pra casa. Até mais.

Espero Tom sair e vou até o quarto de Astrid. Ignoro meu pai com as sobrancelhas arqueadas. Sento ao lado de minha irmã que está pintando as unhas.

- O que voce acha do Tom? - pergunto.

- Hmmmmmm por que quer saber? - ela me olha maliciosamente.

- Não é nada disso que você está pensando - franzo a testa - É que... você parece não gostar muito dele.

- Você que finge não gostar - Astrid sorri e para ao me ver fazendo cara feia - Eu não gosto dele romanticamente, ele não faz meu tipo.

- E qual seria seu tipo? - peço.

- Hmm... Gentil, atencioso, educado, alegre...

- Cabelo preto, piercing na sobrancelha - a interrompo. Ela esconde a cara quando percebe que estou falando de Bill - você gosta dele, não é? Romanticamente.

- Ah. Eu acho... acho que sim - ela me olha com as bochechas vermelhas - Mas é que... ele é tão perfeito.

- Diferente do irmão - digo.

- Mas vocês seriam um belo casal - Astrid provoca.

- SAI FORA - jogo um travesseiro nela.

- MEU ESMALTE AMELIE.





Kiss Me - Tom KaulitzOnde histórias criam vida. Descubra agora