- Astrid?
- Que? - responde ela em minha cama, fazendo as unhas.
- Essa blusa preta com alça ou essa com renda nas laterais? - pegunto, mostrando as duas peças de roupas para ela.
- A preta de alça - diz - Preto cai bem em você.
- Ok. E... calça jeans ou saia jeans? - a questiono novamente.
- Vem cá Amelie - ela semicerra os olhos - Você nunca me pediu sugestões de que roupa usar, por que isso do nada?
- Ah... é porque você estuda moda - minto.
- Huhum - vejo um sorriso em seu rosto - Ou será que é porque vai sair com seus novos amigos e não sabe o que usar?
- Sim - confesso, me jogando na cama ao seu lado - Nunca tive e nunca saí com amigos em toda minha vida. E se eles não gostarem de como eu me visto? E se não quiserem mais ser meus amigos?
- Se eles te consideram amiga de verdade, não se importarão nem se você for sem roupa, principalmente o Anthony - Astrid me lança um olhar malicioso.
- Credo - faço uma careta.
- Bom, saia jeans - continua ela - Vai ir de tênis ou sapatilha?
- Com certeza tênis.
19:00 horas chega como um sopro, estou nervosa pra caramba. Tom disse que ficaria tudo bem em nossa última conversa, ainda bem que tudo se resolveu. Não sei o porquê da insistência dele de não confiar em Anthony, mas tudo bem. Não pensarei nisso, até porque me deixaria estressada.
- Boa noite anjo - Tom diz, ao atender mais uma de suas ligações repentinas - Já está indo? Como está se sentindo.
- Oi Tom, estou procurando as chaves do carro - respondo, achando o objeto em cima da mesa - Eu acho que estou bem, com vontade de vomitar tudo que comi mas estou bem. E você? Já estão fazendo as malas?
- Sim - ele suspira - Nossa distância está me matando. Saudade de sentir você falando meu nome baixinho, enquanto estou por cima d...
- Tom! - minhas bochechas ardem.
- O que? - sua voz sai maliciosa - Sei que você também está com saudades disso, até porque ocorreu uma só vez.
- Mas isso não vem ao caso - tento mundar de assunto, ainda envergonhada - Vão sair daí que horas?
- 01:00 - reponde ele. Um silêncio toma conta do ambiente, sei qual pergunta ele quer me fazer - Ele vai?
- Não sei - digo, adentrando no carro - Acho que não.
- Ainda bem - escuto um sopro de alívio vindo de Tom - Brincadeira... ou não.
- Bom, terei de ir agora, antes que eu me atrase - ligo o carro - Beijo, te amo.
- Beijão, que dê tudo certo lá. Te amo.
Desligo e me dirijo ao nosso ponto de encontro. Karina me informou que estava me esperando em um café, junto com o pessoal do clube de leitura. Espero que não me achem irritadinha, chata, orgulhosa ou fora de moda... a droga, por que pensei justamente nisso? Afasto esses pensamentos da minha mente, assim que estaciono perto do café. Karina acena para mim feito um louca.
- Eu não sou cega - digo, ao sair do carro, indo em direção a ela - Por que esse escândalo todo?
- Porque estou feliz que veio - a garota de cachos pega em meu braço - Vem, vou te levar ao resto do pessoal.
- Achei que eles estariam aqui no café também... - me calo. Ao virar a rua, um ônibus de dois andares lotado de gente. Música alta, led, bebidas alcoólicas... meu maior pesadelo - Porra.
- Incrível não? Vamos - ela me puxa, sem me dar chance de sair dali - Você vai gostar, te prometo.
Entramos no ônibus, onde a música martela meu cérebro. Há um variedade de pessoas aqui presente. Branco, negro, pardo, indígena... Um lugar cheio de diferenças culturais, um lugar onde as pessoas se divertem. Mesmo morando aqui por todos esses anos, nunca vi um local como este.
Esbarro em algumas pessoas, porém, elas nem ligam. Sigo Karina para onde quer que ela esteja indo. Paramos em um mini bar, faço uma careta ao a ver me oferecendo uma bebida.
- Você não bebe? - a garota de cachos arregala os olhos - Porra, você é perfeita.
- Longe de mim ser perfeita, só acho que beber é muita humilhação - digo, me lembrando de um acontecimento recente.
- Ok, azar o seu - ela dá de ombros - Bora, vamos lá em cima.
- Tá legal... - o ônibus entra em movimento, me fazendo perder o equilíbrio. Quase caio no chão, até braços fortes me segurarem. Olho para trás, vendo um bigode reconhecível.
- E olha que você nem bebeu - Anthony ri, me deixando de pé.
- Obrigada - me sinto constrangida.
- Disponha - ele sorri - Boa noite para você também, Ka.
- Olá - ela nos analisa com os olhos semicerrados - Vocês dariam um lindo cas...
- Para onde estamos indo? - a corto. Não quero saber desse tipo de assunto.
- À praia - o garoto do bigode responde.
Descemos do ônibus finalmente. Meus ouvidos agradecem, mas por pouco tempo. Várias caixas de som são ligadas pela praia. Aposto que estão no máximo. Vejo algumas pessoas que reconheço de vista, achei que só tinha maior de idade aqui...
- Isso não é ilegal? - pergunto, me desesperado de repente.
- É - Karina sorri maliciosamente - Por isso fica mais divertido.
- Relaxa, temos tempo até a polícia vir - Anthony estende um lençol no chão.
- O que? Vocês sabem que ela virá? - arregalo os olhos.
- Espera, Ka não te avisou sobre isso? - o garoto do bigode encara a mesma.
- Se eu tivesse falado, ela não teria vindo - ela dá de ombros.
- Não teria mesmo, acho que irei para casa agora. Não quero entrar em confusão - pego minha bolsa.
- Fica Amelie, por favor - Karina implora - Aproveita sua juventude.
- Mas quero aproveitar da forma certa - me viro, com o objetivo de ir até meu carro e vazar.
- Lie - Anthony me chama - Somos seus amigos, você pode confiar na gente. Nada de ruim irá acontecer com você.
Em minha adolescência, eu passava a tarde inteira em casa, mesmo com mamãe me enchendo o saco. Ou eu lia e dormir ou dormir e lia. Assisti tantos filmes nessa época, que me inspiraram a ser atriz. Não aproveitei minha adolescência, porque não tinha amigos. Mas agora eu tenho. Seria errado demais aproveitar?
Suspiro, dando meia volta.

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Kiss Me - Tom Kaulitz
RomanceEles eram vizinhos antes de Tom ficar famoso. Eram amigos. Melhores amigos. Amelie tinha uma paixão secreta por ele, mas o garoto nunca sequer se importou com os sentimentos dela. Ele era profundamente apaixonado pela irmã de Amelie, Astrid, que era...