Kiss Me - Tom Kaulitz

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Os preparativos finais da feira estão a todo vapor. É roteiro revisado de lá, figurino provado de cá. O maior evento do mês. Todo ano, à uma feira onde os universitários apresentam projetos específicos de sua área. Confesso que minha mente não está muito focada hoje. Ainda estou pensando no que Avril me disse. Que estou evitando a felicidade. Eu estou evitando a felicidade?

- Amelie! - a professora chama atenção no meio do ensaio - volte ao planeta Terra.

- Sim senhora - respondo saindo de meus devaneios.

Chego em casa exausta. A noite de hoje foi longa. Vou direto para a cozinha, me deparando com Astrid ali. Ultimamente ela não está muito bem. O fato de que os meninos, irão fazer turnê semana que vem, a assusta. Ela ficará com saudade de Bill.

- Oi irmã - digo, apoiando meu queixo por trás de seu ombro - Como vai?

- Bem - ela suspira - Bem mal.

- Ainda pensando na proposta de Bill? - a questiono.

O amor do Kaulitz mais novo pela minha irmã, é tão grande, que ele sugeriu todas nós irmos com eles na turnê. Há vários problemas. Nossas faculdades, nossos empregos. E eu não gostaria muito de ir. Ver a cara de Tom todos os dias...

Acordo indo direto para o trabalho. Josh e Karl estão mais agitados do que nunca. Pulando de um lado para outro.

- Amélia! Olha como sei voar - me viro para Karl que está prestes a pular do sofá. O pego assim que pula.

No caminho até em casa, recebo uma mensagem... de Tom.

"Querida Amelie Zimmer. Talvez essa mensagem te assuste ou te irrite, mas não posso deixar de compartilhar alguns pensamentos que me atormentam ultimamente. O fato de que as palavras a seguir serão melosas e românticas, foram escritas pela ajuda de meu irmão, Bill.
Me pergunto qual foi a última vez que dormir sem pensar em você. Não que isso seja ruim, é claro, amo ver seus olhos azuis e seus cabelos ao vento.

Antigamente, mesmo na companhia de meus amigos, sentia-me sozinho. Em uma festa com milhares de pessoas, me sentia sozinho. Não conseguia me lembrar da última vez em que estive verdadeiramente feliz. Detestava não ter motivo algum para acordar. Detestava a sensação que tinha quando acordava. Mas então, te encontrei.

Ainda tenho as borboletas de quando te conheci. Naquele dia na festa, naquele dia que te vi, não te falei do absurdo que você causou em meu coração. Eu me perdi em teu sorriso, no azul dos teus olhos, que me deixaram em dúvida, se o céu realmente fica lá em cima. Eu nunca cansei de você, cansava de não ter você. Que queria você, caralho, só você. Eu não queria te esquecer, muito menos ir embora. Temos de ir mais cedo para Genebra, hoje à noite. Talvez isso não tenha tanto significado para você mas, pensar em estar longe da única garota que me senti verdadeiramente atraído, me dói.
Sofro por te querer, sofro por não poder ser amado, mas não posso, não quero e não consigo deixar de te amar. Adeus - Tom Kaulitz"

Estaciono. Lágrimas descem pelos meus olhos. Não. Não pode ser. Eu magoei alguém que me ama, e agora ele irá embora. Eu não sei o que faço. Tenho medo de lutar contra o meu medo. Bato no volante ainda soluçando. Droga Amelie. Por que você é assim? Você o ama. Mas esconde de si mesma. Por puro medo, sua covarde. Choro até meus olhos doerem. Choro até não ter mais lágrimas para saírem.

Chego em casa com Amelie soluçando em seu quarto. A abraço e ficamos ali, juntas.

- Você tem que dizer a ele - ela diz de repente.

- O que?

- Dizer que o ama Amelie. Você vai deixar Tom ir embora sem saber o que você sente? - seus olhos me analisam.

- Eu não sei - massageio as têmporas.

- Escuta aqui, nunca tenha medo de dizer à pessoa que você ama o quanto ela é especial pra você, pois a vida é curta demais pra deixar de ser feliz por medo. O medo vem, mas o amor vence - suas palavras me atingem.

- Agora é tarde demais... - me levanto, saindo dali, com lágrimas nos olhos.

- Amelie!

Vou até meu quarto, e fico lá até a tarde terminar. A noite se aproxima e me preparo com Astrid para irmos até a feira. Ela está acabada. Seus olhos inchados e sem brilho. Se eu me olhasse no espelho, diria a mesma coisa de mim. Chegamos no local sem Astrid dizer um piu. Seu bom humor se foi. Me preparo para minha apresentação. Suspiro. Estou enjoada. Estou cansada. Estou com medo. Medo filha da puta.
Nos fundos termino de me arrumar. Acabo esbarrando em Avril disfarçada, ao lado de Astrid. Essa menina está em todos os lugares?

- Fiquei sabendo que ainda não se decidiu - ela cruza os braços.

- Não tenho nada para que me decidir - respondo secamente - Me deixem em paz.

- Amelie...

- EU TENHO MEDO TÁ LEGAL - tento me acalmar - Tenho medo de me machucar, por isso, não me atrevo a arriscar. Tenho medo de me envolver, tenho medo de me iludir, tenho medo de me expor, tenho medo de me apaixonar, tenho medo de me abrir, tenho medo de errar, tenho medo de sofrer, tenho medo de sentir,
por isso, estou resistindo, tenho medo de decepcionar, tenho medo de perder, tenho medo de terminar, tenho medo de me apegar, tenho medo de amar
por isso, eu não posso nem sonhar - uma ansiedade me atinge, minha respiração fica ofegante. As mãos de Astrid tocam as minhas.

- Amelie - ela me olha com atenção, torcendo para que eu a entenda - Amar é um sentimento tão profundo, que muitas vezes nos leva a confusão.
Algumas pessoas o sentem intensamente, mas o nega insistentemente. O fato é que feliz quem o vive. E triste é aquele que deixa o amor ir, por puro medo de sentir o contentamento descontente.

- Uma chance negada por si mesmo - Avril continua - Você evita gostar das pessoas, e para isso, você afasta o sentimento delas de você e quando se der conta, a única coisa que realmente conseguiu fazer foi fugir de ser amado por alguém de verdade. Você se lamenta por ter conhecido pessoas boas de coração, mas você também chora por não ter se dado chance. Assim você teve uma chance negada por você mesmo, chamada medo. Esta tudo bem sentir medo, mas não seja escrava dele. Mostre quem manda. Lute.

- E se for tarde demais? - sento me sentindo tonta.

- Não é tarde demais.