Kiss Me - Tom Kaulitz

018

A aula termina e me dirijo à qualquer lugar que não seja a minha casa. Estaciono em um mercado. Coloco algumas coisas na cesta, mas quando vou pagar, não acho minha carteira. Tateio meus bolsos e meu casaco. Onde eu deixei? Ah... esqueci na faculadade. Droga. Suspiro, masajeando minhas têmporas. Tem como esse dia ficar pior?

- Amelie? - escuto uma voz conhecida vinda atrás de mim - O que houve?

- Bill? - me viro surpresa, ao ver o Kaulitz mais novo bem a minha frente. Os irmãos Kaulitz gostam de aparecer do nada - Ah... esqueci minha carteira - sorrio sem jeito.

- Eu pago - diz pegando o dinheiro.

- Não precisa... - tento dizer mas Bill já entregou o dinheiro à mulher do caixa - Ah... obrigada - sorrio. Será que ele não está bravo comigo, por eu ter rejeitado seu irmão?

- Disponha. Vai fazer alguma coisa agora? - diz pegando as sacolas e me entregando.

- O certo seria eu voltar para casa, já está tarde, mas não estou muito afim - respondo levando minhas coisas até meu carro.

- Você quer ir tomar um sorvete? - ele pergunta gentilmente.

- Se eu for, você terá que pagar de novo - lavando as sobrancelhas.

- De boa. A gente pode ir no seu carro? Você conhece melhor essa cidade do que eu.

- Tudo bem - semicerro os olhos ao entrar no carro. Será que Bill está querendo me matar? - Você... ah... não está bravo comigo? Por causa de Tom.

- O que? Não, não estou - ele ri baixinho - Tom sempre teve as garotas que queria, você tê-lo recusado foi uma das primeiras. Isso talvez diminua o ego mulherengo dele.

- Você e Astrid estão... juntos? - vejo as bochechas de Bill corarem após a pergunta.

- Sim, mas não oficialmente. Eu... bom, nós vamos fazer turnê em outro lugar daqui duas semanas. E isso está me matando - ele suspira levando as mãos até a cabeça - Se eu pedi-la em namoro, teremos que ter uma relação à distância. Convenhamos que isso não é muito agradável.

- Você a ama? - pergunto sem tirar os olhos da estrada.

- É claro que sim - ele responde como se minha pergunta tivesse sido um insulto.

- Então vale a pena arriscar - quem diria, Amelie Zimmer, uma fodida no amor, dando concelhos amorosos para alguém.

Estaciono o carro e descemos, indo em direção à uma pequena sorveteria.

- Helado de vainilla, por favor - digo a moça.

- Uou Amelie, nunca tinha te ouvido falar espanhol - Bill fica surpreso, ele limpa a garganta - Un helado de vainilla también, por favor.

Fico boquiaberta, Bill me imitou tão lindamente. Ele ri ao ver minha reação. Pegamos os sorvetes e sentamos em uma banco ali perto.

- Aprendi um pouco de espanhol quando fui ao México - ele fala.

- Não é meio... cansativo? As turnês. Não ter um lugar fixo e ficar pulando de lugar para lugar - pergunto olhando atenciosamente para o Kaulitz mais novo.

- É cansativo, mas eu amo fazer turnês. Conhecer lugares novos... espalhar nossa música para todos... Iremos para Genebra, na Suíça - ele suspira feliz. Algo em seu sorriso me faz sorrir também.

Entendo por que Astrid gosta dele. Bill Kaulitz é tão educado e gentil. Mesmo Tom sendo seu gêmeo identifico, suas personalidades são completamente diferentes. Ficamos conversando sobre assuntos aleatórios e rindo sobre histórias que Bill contou sobre seus shows.

- Bill... - digo de repente - Você e Astrid tinham algum plano, de juntarem eu e Tom?

- Ah... então você sabe - ele sorri sem jeito - Tínhamos sim. Astrid sabia que você gostava de Tom e que talvez, esse sentimento persistia até hoje. E eu sabia que Tom gostava de você, e que ainda tinha uma quedinha pela vizinha da frigideira - ele tira sarro - É claro que não deu certo. Astrid ficou tão mal, quando Tom saiu com Avril, porque ela achava que você ficaria triste. Ela não quer te ver sofrer, Amelie. Se você está brava com ela ou algo do tipo...

- Ela te mandou mensagem, não é? - balanço a cabeça - É só que... ela não me contou nada. Não me contou que vocês estariam na festa, não me contou que Tom gostava de mim...

- Mas você também não conta nada à ela - Bill me olha com atenção - Eu sei porque ela me disse. Você não se abre como fazia antes. Antes de...

- Meu pai morrer - olho fixamente para meus o pés. Meu cadarço desbotado e encardido. Era do meu pai - Acho que... eu me pronto muito ao passado. Demais.

- Eu não acho, tenho certeza - Bill brinca me cutucando - Fale com sua irmã, ela não quis te fazer mal.

- Tudo bem. Falarei - me levanto me espreguiçando - Está bem tarde, aquelas crianças me matarão de cansaço se eu não for dormir agora.

Levo Bill até onde está seu carro, agradeço por tudo e me dirijo até minha casa. As luzes ainda estão ligadas, são 01:18, Astrid tem faculdade de manhã, isso vai ser ruim para ela. Vou até seu quarto mas não vejo ninguém. Ando até o meu, vendo minha irmã dormindo em minha cama. A tampo e deito ao seu lado. Astrid fez o que fez por uma boa causa, mesmo não dando certo, ela tentou. Reconhecerei seu esforço.

- Oi - cumprimenta ela, abrindo seus olhos sonolentos - que horas são?

- 01:23, pode continuar dormindo, amanhã a gente conversa.

- Não, não. Preciso te falar agora - ela se senta me fitando - Eu sinto muito, sinto muito se te magoei. Eu sei que você disse para eu não te ajudar, mas eu só quis dar um empurranzinho. Talvez eu tenha dado um forte demais e não deu nada certo. Só queria te ver sorrir como antigamente, pensei que se ficasse com Tom, ficaria feliz, e me contaria as coisas. Eu tenho tanta saudade de falar com você - lágrimas descem pelos seus olhos - tenho tanta saudade de como você sorria. Desculpa Amelie, quis te fazer feliz mas te fiz mais triste ainda.

- Calma Astrid - tento acalmar minha irmã que soluça - Eu estou bem. Reconheço seu esforço e não estou brava com você. Você é boa demais para ser minha irmã.

- Não diga isso... - ela assoa o nariz - Eu amo ser sua irmã, eu te amo.

- Eu também te amo. Desculpa por eu ser chata e irritante na maioria das vezes - sorrio com lágrimas nos olhos - De agora em diante, prometo te contar tudinho, até que cor sai minha menstruação.

- Eca - gargalhamos juntas.