040

7.8K 578 249
                                    

- Então, qual são os seus maiores medos, Lie? - Karina me questiona, jogada na areia totalmente fora de si.

Faz menos de 15 minutos que estamos na praia e ela já bebeu duas garrafas de soju sozinha. Anthony e eu fizemos questão de ficarmos sóbrios. Há uma fogueira entre nós, almofadas e cobertores jogados pela areia. Acostumei com a vibe da música, mas o cheiro de cigarro ainda me incomoda. Isso me faz lembrar de Tom, de como estou com saudades dele.

- Acho que meu maior medo é... sentir uma barata entrando na minha boca - olho para a cacheada que arrota.

- Fala sério - seu tom de voz sai arrastado - Vai Thony Stark, diga o seu.

- O meu? Ah... - de repente, ele me encara - Acho que, meu maior medo é nunca encontrar meu verdadeiro amor.

Desvio o olhar. Odeio quando ele faz isso. Karina começa a rir feito doida, tampo sua boca para não fazer tanto escândalo.

- Um dos meus maiores medos - continuo, fitando meus tênis - é que minha irmã me odeie.

- Ow - Ka diz entre minha mão - que fofa. Meu maior medo é um mundo sem mulheres... onde eu não possa sentir uma xoxota quentinha.

- Credo Karina! - tiro minha mão da sua boca.

- O que?! É verdade, não é Anthony? - ela fita o mesmo.

- Devo concordar com a Ka, Amelie - o garoto dá de ombros sorrindo.

- Não sei porque você prefere um negocio que parece uma minhoca mole, sem ofenças Thony - ela se dirige a ele, que levanta as mãos nada ofendido.

- Eu gosto mesmo - jogo minha cabeça para trás, tentando não lembrar da minha primeira vez com Tom.

- Ai porra, acho que bebi demais - Karina senta com dificuldade - Preciso ir mijar.

A mesma se levanta quase caindo diversas vezes. A ajudo pegar o equilíbrio, morrendo de rir. Ela anda até o banheiro como se fosse um pirata em terra firme, depois de meses em um navio.

- Como... como está seu relacionamento com Tom? - Anthony pergunta de repente, me fazendo ficar surpresa.

- Ah... vai bem - o encaro, sem saber como reagir - Obrigada por perguntar.

- De nada - ele força um sorriso, olhando para as estrelas - "Estrelas, escondam o seu brilho, não permitam que a luz veja meus profundos e escuros desejos."

- Shakespeare - sorrio com a referência de Macbeth.

- Eu me sinto bem demais, sabia? - o garoto se vira para mim - Você finalmente está saindo comigo.

- Ah - solto um riso baixo, lembrando de todas as vezes que me recusei a sair com ele - Foi mal, mas era porque eu não sabia desse seu lado tão legal. Que bom que somos amigos agora.

- Sim, amigos - sinto meu corpo arrepiar ao escutar a ênfase na última palavra.

Sinto algo estranho no ar, algo que não me parece bom, não consigo diferenciar. Seus olhos perdem o brilho e se transformam em outra coisa, mas antes que eu possa tirar minhas próprias conclusões, escuto as pessoas ao redor gritando.

- A POLÍCIA, A POLÍCIA!!! - uma garota ruiva grita.

Olho para Anthony e pegamos todas as coisas no chão, enfiando desesperadamente tudo na sacola. Tomo conta de que Karina não está aqui. Olho para o banheiro. Merda, merda. Os policiais vão pegar ela.

- Temos que buscar a Ka - digo para o garoto ao meu lado.

- Ela vai conseguir se resolver, vamos - ele pega em minha mão, me puxando.

- O que? - me solto dele - Ela está bêbada, eles notarão isso na hora.

- Eu não posso deixar você ser pega, lembra? Eu prometi que nada aconteceria com você - o garoto diz.

- Não me importo, não vou abandonar ela - me viro e corro até o banheiro.

- Amelie! - o ignoro.

Jogo as coisas no chão, para que eu possa correr mais rápido. Abro a porta do banheiro, dando de cara com a cacheada dormindo no vaso.

- Ka - balanço seus ombros, olhando ao redor - Os policiais. Os policiais.

- Espera mãe, só mais um pouquinho - ela diz, ainda de olhos fechados.

Se ela não quer acordar por conta própria, então a acordarei na mara. Pego minha garrafinha e jogo água em se rosto. Ela desperta em um pulo.

- Porra o que é iss... - ela tenta dizer.

- Levanta, os policiais estão vindo - pego em seus braços a levantando. Por algum motivo, seus olhos estão distantes. Sigo seu olhar até... até ver os policiais vindo em nossa direção. Fecho os olhos, tentando pensar como sair dessa.

- Oi mocinhas - um deles diz ao se aproximar - O que fazem por aqui a essas horas?

- Boa noite senhor - sorrio falsamente - An... minha amiga ela está, bom... você sabe.

- Bêbada? - uma mulher policial insinua.

- O que? Ah não, não - minto, vendo que toda a atenção deles está em mim.

- Ela está morrendo de cólica, dá para perceber, não é? - chuto o pé de Karina, para que entre no teatro - trouxe alguns absorventes e um remédinho.

- Hmm - eles ainda parecem desconfiados - e cadê os absorventes?

- Ela está usando ué - cerro os punhos, morrendo de nervosismo.

- E por que - a policial pergunta, olhando ao redor - Vieram aqui?

- Bom, isso você terá que pedir para minha amiga. Ela apenas me ligou para vir aqui - chuto Ka novamente.

- O que? Ah sim, sim - ela começa, com sua voz toda arrastada - eu... eu vim caçar hipopótamos, sabem? Aqueles bichinhos com concha.

- Caranguejo? - o homem arregala os olhos, se direcionando para mim.

- O que? Ela está com dor tadinha - me finjo de sonsa.

- Só por precaução, medirei o teor de álcool da sua amiga - o policial se aproxima, com o bafômetro em mãos.

Lanço um olhar de desespero para Ka. Merda, o que faço agora? Quando sinto que tudo está perdido. Ouço uma voz conhecida.

- Bela noite, não é policiais? - Anthony surge, piscando para mim - Gostaria de relatar algo que vi.

- E o que seria? - a mulher o encara.

- Um bando de adolescentes correram para aquela direção - ele aponta para trás de si - Correreram, correram e CORRE.

Pego o braço de Karina e faço o que Anthony manda. Ele nos alcança com os policiais em sua cola. Apesar de Ka estar completamente bêbada, ela corre feito doida. Chegamos em um bar e entramos, está lotado. Graças a Deus.

Tentamos nos camuflar entre a multidão, torcendo para que os policiais não entrem, mas eles entram. Pego um chapéu de um bêbado aleatório e coloco em minha cabeça, Karina e Anthony fazem o mesmo.
Sentamos em uma mesa fingindo estarmos ali faz horas. Os policiais rodeiam o local, perdendo as esperanças. Solto um suspiro de alívio quando eles estão prestes a sair. Até Karina vomitar em mim.

Kiss Me - Tom KaulitzOnde histórias criam vida. Descubra agora