Kiss Me - Tom Kaulitz

042

- Oi Tom - atendo, bocejando. São 05:00 horas da madrugada aqui. Eles chegaram de viagem e o Kaulitz quis me ligar.

- Bom dia - sinto um sorriso em seus lábios - Como foi ontem, com seus amigos?

- Ah - contraio o maxilar. Pensar que não posso contar para ninguém sobre o meu novo trabalho, faz eu me sentir uma completa mentirosa - Foi legal, apesar de minha amiga ter vomitado em mim.

- KKKKKKKKKKK vomitou em você? - ele gargalha - caramba, que ato de amizade incrível.

- Eu ainda estou cheirando a vômito - brinco.

- E... ele foi? - sabia que Tom perguntaria isso.

- Foi - sinto ele suspirar do outro lado.

- E você... se divertiu? - pergunta, tentando esconder sua frustração.

- Sim - respondo.

- Muito?

- Sim.

- Que bom - sua voz sai baixa. Sinto meu peito se apertar, não gosto de saber que Tom está triste.

- É... - sussurro - Estou morrendo de saudades.

- Eu também - o garoto fala - Você promete, que virá com Astrid para Paris?

- Prometo, farei de tudo para poder te ver - sinto meu peito se apertar mais. Sinto saudades de beijá-lo, tocá-lo de vê-lo... - E a viagem, como foi?

- Horrível. Não sei porque tivemos que ir de carro, mesmo sendo apenas 6 horas de viagem. Georg ronca igual um porco - ri o Kaulitz - senti vontade de enfiar minha mão na goela dele, para ver se parava.

- Ameaçava cortar o cabelo dele de novo - sugiro.

- Quem te contou isso?

- Escutei Bill falando com Astrid - solto um riso baixo - Achei fofo saber que você estava esperando eu te ligar.

- Fiquei puto com o Georg, eu queria... Espera, já volto - Tom some por alguns segundos - Ah, Bill está me obrigando a ir ajudá-lo a organizar as coisas do show. Desculpa Amelie, até mais. Beijo.

- Tudo bem... Tchau, te amo - me despeço, com um peso no coração.

Quando achei que estava tudo dando certo em minha vida, isso acontece. Minha irmã desempregada e eu aceitando um trabalho que nunca, nem sequer, pensei em aceitar. Não consigo dormir. Minha cabeça está latejando e sinto que a qualquer momento, irei vomitar.
Vou até a cozinha e pego uma maçã. Sento em um banquinho, tamborilando os dedos no balcão.

- O que está acontecendo? - levo um susto, ao ver Astrid descendo as escadas.

- Quase me matou do coração - digo, com a mão em meu peito.

- Não fuja da pergunta - ela semicerra os olhos, apontando para os meus dedos - Você faz isso quando alguma coisa não está certa. Vai, me diz.

- É que... - suspiro - Estou preocupada. Preocupada por você ter sido demitida e pelo meu novo emprego...

- Novo emprego? - Astrid arregala os olhos - que novo emprego?

Merda. Esqueci que eu não posso contar. Cerro os dentes. Terei de mentir para ela, mesmo prometendo que contaria tudo. Mas uma mentirinha dessas não mudaria nada, não é?

- Me chamaram à um lugar que não faz muito meu estilo - a encaro, séria.

- E onde é? - minha irmã se senta ao meu lado.

- Na... polícia - respondo.

- Na polícia?! - Astrid tampa a boca, esquecendo-se completamente de que mamãe ainda está dormindo - Como assim? Que tipo de trabalho?

- Eu... eu não sei bem ainda. Estou esperando eles me chamarem para saber - minto na cara dura. Me sinto uma completa idiota.

- Isso é demais, policiais são ricos - ela rodopia no banquinho - Preciso encontrar um emprego também, será que eles aceitam mais uma?

- Não! - respondo rápido demais, vendo Astrid me olhar assustada - Quer dizer... não sei, mas acredito que não. Me informaram que tinha apenas um vaga aberta - minto, de novo.

- Ah, que pena. Bom, irei ir dormir. Me levantei para ir ao banheiro e acabei vendo a luz da cozinha ligada. Boa noite irmã - ela beija o topo de minha cabeça.

- Boa noite - minha voz falha. Um sentimento de culpa me atinge como facadas. Será que terei de mentir a todo momento?

Fico acordada até sentir sono novamente. É 7:01 quando ele vem. Me jogo na cama, esperando tirar um cochilo calmo e merecido. Até meu celular tocar. Bufo, pegando o aparelho que não para de vibrar.

Só pode estar de sacanagem.

O sr McBride está me ligando.

- Fala - digo, ao atender.

- Nossa, bom dia para você também - ele ri.

- Esperava o que hein? Após fazer minha irmã ser demitida? De ter praticamente, me obrigado a aceitar essa merda de trabalho? - se ele estivesse em minha frente, juro que chutava suas bolas - Fala logo o que o senhor quer que eu quero voltar a dormir.

- Receio que você voltar a dormir, não será possível - o homem diz - Quero que venha para cá, agora.

- Agora!? - só pode estar zoando.

- Sim. Estou te esperando, até mais - então, ele desliga.

Mas que cacete. Tomo um banho rápido e pego minhas chaves do carro. Mando uma mensagem para mamãe e Astrid, dizendo que tive que sair mais cedo. Suspiro ao ligar o automóvel. No que eu fui me meter?

A delegacia está como ontem, cheia de policiais já a essas horas. Por que o senhor McBride, não pega um deles? Apesar de que a maioria tem mais de 25 anos... Entro na sala, sem fazer questão de bater na porta.

- Que bom que veio - o pai de Anthony diz, com um sorriso no rosto.

- Que outra escolha eu tinha? - cruzo os braços - Você iria matar meu cachorro, caso eu não viesse?

- Você não tem cachorro - o homem levanta as sobrancelhas - Tá legal, você vai ter que aprender a atirar e a lutar em uma semana. Acha que consegue?

- Em uma semana? - franzo o cenho. Isso é possível? - Com todo desrespeito, mas por que não pede para outra pessoa fazer isso? Alguém mais... experimente, sei lá.

- Porque eu vi potencial em você. Você não se importa em falar as coisas que pensa e, como pode ver, - ele aponta para os policias passando - não tenho nenhum agente adolescente.

- E o seu filho? - o encaro.

- Ele não tem capacidade - reponde ele, secamente - Você acha que o conhece, mas não sabe quase de nada.

- O que? Do que você está falando?

- Você irá descobrir por conta própria... - o senhor McBride se levanta. Apesar de ele ser meio baixinho, é bem robusto. Seu bigode preto se destaca em sua face, por seu cabelo ser branco.

Sou levada até uma sala onde há vários alvos e armas penduradas na parede, espero nunca ter que usá-las.