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- Sua conta senhor - entrego para Tom o papel do valor.

Ele não diz nada, só se levanta e vai até o caixa. Sinto seus olhos ferverem de raiva ao olhar para mim. Limpo sua mesa.

- Você não vai pedir desculpa? - ele diz atrás de mim.

- Pelo o que exatamente? - me finjo de boba, recolhendo os pratos.

- Por ter arruinado o meu encontro? - murmura.

- Desculpa - debocho me virando para o mesmo que me olha com desdém.

- Você sabe quem era aquela? - seus olhos queimam.

- Talvez eu já a tenha visto...

- Avril Lavigne, Avril Lavigne Amelie - Tom me corta. Só falta seus olhos queimarem de verdade. Ou me queimarem de verdade.

- O QUE!? - tampo minha boca ao ver algumas pessoas nos olhando - Avril Lavigne? Em pessoa?

- Sim sua idiota. E você estragou tudo - ele leva as mãos para atrás de sua cabeça, apertando sua bandana - Você tem ideia, de como ela é a garota mais desejada do mundo? Eu estava a um passo de tê-la para mim.

- Você também teve culpa. Me elogiar na frente dela não foi uma boa ideia - dou de ombros - E ainda por cima, saiu com outra garota ontem a noite.

- Eu gosto de explorar as opções, mas com Avril seria diferente. Eu estava pronto pra um relacionamento com ela - o garoto de tranças pretas cerra os dentes - Você fodeu com tudo Amelie.

- Com certeza ela mereceria alguém bem melhor que você. Até eu que não sou sua fã, sei que Tom Kaulitz não passa de um mulherengo - o provoco.

- Deve ser por isso que ninguém é capaz de amá-la. Você faz todos a sua volta se afastarem por... - ele continua me fitando - ser chata e arrogante.

- Eu chata e arrogante? Você já inventou insultos melhores Kaulitz. "Sem graça, irritadinha, orgulhosa, não é loira, roupas fora de moda" - me aproximo - O que você sabe fazer é apenas machucar os outros.

- De novo isso - ele passa a mão pelo rosto - Só vai a merda. Aposto que seu pai estaria desapontado com você.

Então, como um grão de areia pego pelo vento, minha raiva se dissipa. Toda a consciência que me restava se foi, dando lugar para a raiva. Quem é ele pra falar do meu pai? Esqueço que estou em um restaurante, cheio de câmeras apontadas para mim. Esqueço que meu chefe aparece ao lado de Anthony, para me impedir do que estou prestes a fazer. Empurro Tom que esbarra em outra mesa. Pego um prato e jogo em sua direção. Ele desvia com elegância. O prato se quebra em mil pedaços. Tenho medo de mim mesma. Tom me olha assustado, tentando se desculpar pelo que disse. Ignoro. Ignoro. Ignoro. Quero que ele pague por falar de meu pai, sabendo que isso me machucaria. O Kaulitz cai. Sinto braços me puxando para trás. Me impedindo de ir para cima de Tom. Quando me afasto é que minha consciência volta. Merda. O que eu fiz? Olho ao redor vendo mesas caídas e pratos quebrados. As pessoas ficam assustadas. Algumas saem rapidamente. Meu chefe me olha desapontado. Olho para Tom que ainda está caído.

De repente não escuto mais nada. Uma ansiedade me pega de surpresa. Minha respiração fica desregulada. Não consigo respirar. Os seguranças não sabem o que fazer. O mundo começa a se apagar. E então... tudo fica escuro.

Acordo em minha cama. Olho ao redor. Que horas são? 17:34. O que? Fiquei desacordada a manhã e a tarde inteira? Me levanto mas o mundo gira, volto para a cama novamente. Um arrependimento surge ao me lembrar do que fiz. Por que eu fiz aquilo? Por que eu estrago tudo sempre? Arrumo forças para me levantar e desço as escadas, meu estômago ronca em resposta. Pisco tentando acostumar minha visão com a luz da cozinha. Quando percebo, há várias pessoas na sala me olhando. Vejo Tom ali de braços cruzados. Evitando olhar para mim. Mamãe me olha como se eu tivesse matado alguém. Bill está com uma expressão triste assim como o resto dos meninos e minha irmã. Escuto barulhos vindos de fora, olho pela janela e arregalo os olhos. Mas que porra é essa? Vários repórteres e pessoas aleatórias na frente da minha casa.

- Parabéns, isso é tudo graças à você - Mamãe rosna.

- Mamãe - Astrid diz - para com isso.

- Parar com o que? Essa menina só trás problemas. Sinto muito meninos - a mulher suspira irritada.

- Eles já vão esquecer do ocorrido - Bill tenta ser positivo.

- Como assim? O que aconteceu? - pergunto confusa.

Eles me olham com pena. Mamãe ri de desapontamento.

- O vídeo de você... an... perdendo a cabeça e jogando os pratos em Tom, viralisou - Georg reponde.

- Você foi demitida sabia? - Mamãe se intromete - Bem que mereceu.

- MÃE CALA A BOCA - Astrid grita. Arregalo os olhos por tal palavras vindo de minha irmã - Pare falar assim com ela. Sinto muito Amelie, seu chefe mandou mensagem antes.

- Ah... - é o que consigo dizer. Olho para Tom que desvia o olhar. Sinto vontade de chorar, mas seguro as lágrimas. Tenho que arcar com as consequências - Isso vai ser um problema pra vocês?

- Não. Será para a imagem do restaurante. Tom já foi atacado várias vezes... não dessa forma, mas podemos dizer que foi apenas um fã revoltada - Gustav fala.

- E o por que vocês estão aqui? - peço tentando não parecer nervosa.

- Tom te trouxe pra casa depois que você desmaiou - Astrid responde - e chamou os meninos.

Olho para o mesmo que ainda não me olha. Estou completamente arrependida. Preciso de alguma psicóloga. Preciso de remédios. Não aguento mais sentir raiva. Ela me consome completamente e não consigo pensar. E agora estou desempregada. Como irei pagar minha faculdade? Ela é absurdamente cara. Fico tonta e vou em direção a pia. Apoio minhas mãos no balcão tentando me acalmar. Bebo um copo d'água. Queria que papai estivesse aqui, ele saberia como me ajudar. Seus conselhos eram tão bons. Subo para meu quarto. Tranco a porta. Ninguém mais vai querer me aceitar em nada. Por que eu agredi Tom Kaulitz.

Preciso me desculpar com meu chefe... ex-chefe. Ele sempre foi tão atencioso comigo. Pulo a janela, tomando cuidado para não ser vista pelos repórteres, e corro em direção ao restaurante. Preciso esclarecer as coisas. Preciso pedir perdão. Não quero ser lembrada como a garota louca do restaurante. Já não bastava vizinha da frigideira.
Chego lá ofegante. Cubro meu rosto com uma touca do casaco e entro. Está tudo em ordem, mas há poucos clientes. Procuro Anthony que esta levando os pratos para a cozinha.

- Ei - sussurro - preciso falar com o chefe.

- Desculpe, ele não est... Amelie?! - tampo sua boca para que não grite.

- Preciso falar com o chefe, por favor - imploro.

- E-ele não está - responde.

- Merda... - sento em uma cadeira, apoiando a cabeça nas mãos.

- O que foi aquilo, aliás? - pergunta Anthony.

- Perdi a cabeça - suspiro - Acho que vou ir embora.

Antes que eu possa me dirigir a saída, escuto uma voz conhecida.

- Anthony, precisa se apressar... - o chefe começa a dizer, até me reconhecer - Amelie, você não é mais bem vinda aqui.

- Chefe, por favor, me deixe explicar... - tento dizer.

- Não, não. Sabe de uma coisa? Você é uma vergonha para nosso restaurante. Perdemos metade dos clientes por sua causa - ele rosna.

- Chefe...

- SEGURANÇAS!! - grita.

Corro dali antes que os seguranças me peguem. O que eu farei agora?

Kiss Me - Tom KaulitzOnde histórias criam vida. Descubra agora